terça-feira, 10 de abril de 2012

O OCASO DE UMA LIDERANÇA?


Na semana passada o TRE desaprovou e rejeitou as contas da campanha eleitoral de 2010 do ex-governador José Maranhão. O TRE terminou por acatar o parecer do Ministério Público Eleitoral que apontou que a prestação de contas de Maranhão continha “vícios gravíssimos”. Alguma novidade? Não, trata-se de mais um político com suas contas rejeitadas pela configuração de “caixa 2” na campanha eleitoral. O problema é que Maranhão é pré-candidato a prefeito de João Pessoa e recente decisão do TSE atesta que a reprovação de contas de campanha torna o candidato inelegível. Maranhão disse que não existem possibilidades dele não se candidatar. Fiel ao estilo de não abrir mão do que quer, afirmou que mantém a candidatura. Mas, as coisas não são tão simples assim!


Maranhão parece enfrentar o ocaso de sua carreira política. A derrota sofrida para Ricardo Coutinho o fez sentir o golpe. A campanha de 2010 foi conduzida como se ele tivesse certeza da vitória. Ele se preparou para tudo menos para perder. Nas entrevistas após aquela eleição, Maranhão demonstrou um rancor poucas vezes visto em um político derrotado




Ele vagou dias e dias, como se fosse um fantasma, pelos corredores do poder da Capital Federal em busca de um cargo.  Tentou o 1º escalão do governo federal, Dilma disse-lhe não. Tentou o 2º escalão e a Presidente negou-lhe. Eu mesmo cheguei a ter pena da via crucis de Maranhão pelos emaranhados da burocracia brasiliense. Ele já partia para o 3º escalão, quando deve ter percebido que não ficava bem para um ex-governador e ex-senador da república mendigar por um cargo.


Então, ele veio para a Paraíba e foi descansar em uma das onze propriedades rurais que apresentou como suas na declaração de bens apresentada à justiça eleitoral. Quando eu, na minha ingenuidade de analista, achava que ele havia se resignado, eis que o ex-governador lança-se candidato a prefeito de João Pessoa. Num processo conduzido com mão-de-ferro pelo próprio Maranhão, o PMDB decidiu lançá-lo candidato, deixando de lado nomes como o do deputado federal Manoel Jr. E não tem se passado um único dia em que políticos do próprio PMDB ou aliados não deixem de pedir a Maranhão para que reconsidere sua postulação. Com a decisão do TRE, as insatisfações reinantes tendem a aumentar. Sem contar que é comum vermos pessoas dizerem que o tempo político de Maranhão findou.


E que não se diga que me refiro à idade do ex-governador, em setembro ele fará 79 anos. Também não me reporto ao fato dele ser um homem com uma situação financeira muito bem definida. Sua declaração de bens apresentada à justiça eleitoral em 2010 dá conta de um patrimônio de mais de 7 milhões de reais. Só que os políticos não costumam declarar tudo que possuem. O tempo político de Maranhão passou pelas suas ideias um tanto quanto antigas. Pelo seu jeito coronelístico de governar e sua forma rancorosa de fazer política.


Dizem que, na África setentrional, quando um elefante fica muito velho é afastado da manada pelos jovens elefantes. Ele é deixado num canto, para ter seu ocaso, e a manada segue seu caminho. Será  que o inferno astral que José Maranhão vem enfrentando significa que ele está sendo deixado de lado pelos elefantinhos da política paraibana?