A FIFA anunciou o nome do mascote da Copa de 2014. Trata-se de um boneco que representa um tatu
bola, estilizado claro, e o anuncio se deu durante o "Fantástico" da TV
Globo por causa da audiência que o programa tem. O tatu-bola foi batizado de
FULECO, que é a junção de futebol com ecologia. O nome foi escolhido em votação,
organizada pela FIFA em seu site oficial. Eu não consegui entender de onde veio
tamanha idiotice. FULECO? Parece uma coisa que não presta!
Foram dadas três opções para que os torcedores
votantes pudessem escolher. E, vou logo avisando, cada uma pior do que a outra.
Aliás, esse negócio de escolher, através de votação pela internet, o nome para
alguma coisa não é tão democrático quanto aparenta. É que um seleto e pequeno
grupo elabora uma lista com alguns nomes para só então disponibilizá-los para a
votação. Democrático mesmo é se fosse feita uma ampla e livre consulta à
população como nas pesquisas eleitorais espontâneas.
A votação foi aberta no dia 16/09, quando o mascote
foi mostrada ao público pela primeira vez. A campanha publicitária foi montada para
se dar a impressão de uma ampla escolha popular. Apresentava-se o mascote e as
pessoas escolhiam o nome. Esse foi o problema. Os gênios da publicidade e do
marketing contratados pela FIFA resolveram criar nomes para o tal tatu-bola
considerando apenas a irritante mania de se querer ser politicamente correto. Eles
criam alguns valores ditos universais e querem que os aceitemos de goela
abaixo.
Os nomes criados pelos
gênios da publicidade foram AMIJUBI, que é a mistura das palavras amizade e
júbilo, e que parece ter sido tirado de um filme da Disney. O outro foi ZUZECO,
que é a junção das palavras azul e ecologia. É preciso explicar, pois é difícil entender
que azul + ecologia possa virar ZUZECO. Esses nomes não dizem nada a nós
brasileiros. A sonoridade deles não se encaixa na língua portuguesa. Mas, que
besteira minha, a língua oficial da Copa é o inglês.
FULECO ficou mesmo torto.
Parece uma coisa fuleira, ruim, barata e de qualidade duvidosa. Será que FULECO
é uma forma de demonstrar a nítida impressão que todos temos de que essa Copa
do Mundo no Brasil vai ser um grande FULECO? Se é para juntar futebol e
ecologia, porque não FUTECO. Inclusive, seria mais fácil para a pronúncia em
inglês já que nas transmissões internacionais se diz football. Aliás, que mania é essa desse pessoal da FIFA de querer
associar futebol com ecologia?
A única coisa que eles
acertaram mesmo foi na música tema do mascote. E sabem por quê? Porque foi um
brasileiro que a compôs. O sambista Arlindo Cruz fez um tema que mistura samba,
xote e embolada. Coisas que reconhecemos muito bem. O tema valoriza o que temos
de melhor. Inclusive, ele começa com um coro infantil recitando a famosa
expressão do maestro Heitor Villa Lobos que exalta nossa brasilidade: “viva eu, viva tú e viva o rabo do tatu”!
As criaturas que
conceberam esses nomes horrorosos se inspiraram em variações da língua tupi-guarani
e, claro, se influenciaram pelo tema da ecologia. Se tivessem passados uns dias
no Rio de Janeiro talvez tivessem tido melhores ideias. Esse pessoal não conhece nada do nosso jeito
brasileiros de ser. Eles não sabem que nós somos o país da piada pronta e que adoramos
rir de nós mesmos. Coitados, de tão ignorantes, eles nem imaginam que nós vamos
criar outros nomes para o tal FULECO.
Eu já estou imaginando no que isso vai dar, mas não
posso dizer aqui no ar. FULECO não remete a futebol e ecologia. Remete a uma
coisa que é fuleira. Já Imaginaram quando Galvão Bueno gritar o nome de FULECO
para destacar seu nacionalismo burro? Se
essa gente sem criatividade queria um nome que se relacionasse as nossas
origens ou que valorizasse nossa cultura poderia ter chamado o mascote de João
ou de Zé. Nada seria mais representativo do que utilizar um desses nomes tão
populares entre nós.
Se eles queriam algo que chamasse atenção poderiam
ter batizado o mascote de Pelé, Garrincha, Zico, Tostão, Cafuringa, Diamante
Negro, enfim, nomes exóticos não faltariam e ainda se faria uma homenagem a um desses
grandes jogadores. Mas não, eles queriam ser originais. Queriam ser engraçados.
Queria ser politicamente corretos. Queriam relembrar o tupi-guarani. Queriam um
monte de coisas. Tudo certo, se não fosse o fato que esse pessoal não vive no
Brasil, se brincar nem fala português.
Essa mania de dar nomes aos objetos, como na Copa
da África do Sul em que a bola era Jabulani, que significa trazer alegria para
todos, não passa de um fetiche dos homens da FIFA para ganharem bastante
dinheiro com a paixão alheia. A Copa do Mundo da FIFA no Brasil já tem uma
série de problemas com as obras que não andam, com as denúncias de desvio de
dinheiro e com o fato de que não vai ter legado algum, agora aparece esse tal
FULECO para que agente possa dizer que tudo isso não passa de uma grande
fuleiragem.