sexta-feira, 23 de novembro de 2012

EU SOU INDEPENDENTE FUTEBOL CLUBE








Essa semana o PEN, Partido Ecológico Nacional, declarou, após uma reunião de sua bancada na Assembleia Legislativa da Paraíba, que adotará a partir de agora um posicionamento de independência na Assembleia e em relação ao governo do Estado. Como se sabe o PEN é um partido que só tem caciques. Ele não tem um único índio, mas conta com noves deputados estaduais já filiados. Inclusive, foi anunciada para muito em breve a filiação do deputado Wilson Braga.




O PEN é esse corpo estranho que habita a política paraibana. Tendo surgido das perversas facilidades que nosso sistema política oferece, ele nasceu grande. Nos dias em que estava sendo criado na Paraíba recebeu uma enxurrada de adesões. Adesões estas que o levaram a ter a maior bancada na Assembleia Legislativa. Literalmente o PEN surgiu de cima para baixo. Estabeleceu-se na Assembleia para só então buscar se organizar nos municípios pela Paraíba afora.




O presidente da Assembleia Legislativa e do PEN paraibano, Ricardo Marcelo, deu uma declaração que se bem lida pode ser bastante reveladora das intenções que os deputados do PEN pretendem colocar em prática a partir de 2013. Disse ele que: “Vamos defender os interesses do povo. Se a matéria for boa para os paraibanos e para o Estado, votaremos a favo. Se a propositura não atender as necessidades do povo ou provocar prejuízos para a Paraíba, seremos contra”.




O deputado-presidente disse a mãe de todas as obviedades. O que se espera de um parlamentar é que ele fique sempre ao lado dos interesses do cidadão. Afinal de contas, não é o deputado que defende os interesses do povo? Ricardo Marcelo disse, ainda, que “todas as matérias polêmicas, notadamente as oriundas do Poder Executivo, serão discutidas previamente dentro da bancada que seguirá para o plenário (da Assembleia) coesa e com a decisão já tomada”.



 



Outra irritante obviedade. Espera-se que os deputados estudem, analisem e discutam em suas bancadas toda e qualquer matéria e não só as polêmicas. Espera-se que os senhores deputados saibam bem o que estam fazendo ao votarem no plenário da Assembleia. Mas, tem algo aqui que não pode passar despercebido. É que o Deputado Ricardo deixou claro que o PEN dará especial atenção às matérias vindas do Poder Executivo. O PEN focará suas atenções nos projetos demandados pelo governador Ricardo Coutinho.




Junte-se a isso a parte mais polêmica da declaração do Deputado que é quando ele diz que: “O rótulo de oposição ou de situação (imposto) ao PEN na Paraíba acabou”. A declaração assinada pelos noves deputados do PEN foi enfática nesse aspecto. Nela, eles dizem que o partido é independente. O que eles omitem é de que ou de quem são independentes. Apenas dizem que serão independentes para apreciarem as matérias, em especial aquelas que venham do poder executivo.




Essa independência (beirando a neutralidade) do PEN pode (deve) ser explicada da seguinte forma. O PEN não quer ser identificado com ambos os lados (situação e oposição) para ficar livre de maiores compromissos. Ao se dizer independente, o PEN sinaliza para o governador Ricardo Coutinho que pode ou não se aliar a ele em matérias específicas. E diz mais. Que essa postura serve para firmar ou não um compromisso político eleitoral para 2014.




A notícia não é boa para Ricardo Coutinho, pois ele terá que negociar em separado com o PEN a cada nova matéria. Considerando que eles não se sentem obrigados a nada, por não firmarem compromissos, o governador pode vir a ter muitas dores de cabeça. O PEN sabe muito bem das dificuldades que o governador tem, pela sua personalidade centralizadora, em negociar com o espectro político paraibano. Ao se colocar como independente o PEN chuta o calcanhar de Aquiles do governador.




E o PEN já demonstrou que não está para brincadeira. Logos após o anúncio bombástico dessa tal postura de independência, seus deputados participaram de uma sessão na Assembleia Legislativa. Lá eles mostraram suas garras. Nesta sessão, os deputados derrubaram o veto do governador Ricardo Coutinho às emendas dos parlamentares feitas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).



O caro ouvinte saberia dizer qual foi a bancada decisiva para que o veto fosse derrubado? Bingo! Para quem disse que foi a bancada do PEN. Primeiro eles disseram ao governador que são independentes. Depois foram até a sessão e votaram em bloco contra um ato (o veto) do governador. Ou seja, eles avisaram ao governador que a partir de hoje o que quer que ele queira da Assembleia terá que antes negociar com o PEN. É isso mesmo, esse é o novíssimo conceito de independência na política paraibana. Durma-se com tanto barulho!