Essa semana o PEN, Partido Ecológico Nacional,
declarou, após uma reunião de sua bancada na Assembleia Legislativa da Paraíba,
que adotará a partir de agora um posicionamento de independência na Assembleia
e em relação ao governo do Estado. Como se sabe o PEN é um partido que só tem
caciques. Ele não tem um único índio, mas conta com noves deputados estaduais
já filiados. Inclusive, foi anunciada para muito em breve a filiação do
deputado Wilson Braga.
O PEN é esse corpo estranho que habita a política
paraibana. Tendo surgido das perversas facilidades que nosso sistema política
oferece, ele nasceu grande. Nos dias em que estava sendo criado na Paraíba
recebeu uma enxurrada de adesões. Adesões estas que o levaram a ter a maior
bancada na Assembleia Legislativa. Literalmente o PEN surgiu de cima para
baixo. Estabeleceu-se na Assembleia para só então buscar se organizar nos
municípios pela Paraíba afora.
O presidente da Assembleia Legislativa e do PEN
paraibano, Ricardo Marcelo, deu uma declaração que se bem lida pode ser
bastante reveladora das intenções que os deputados do PEN pretendem colocar em
prática a partir de 2013. Disse ele que: “Vamos defender os interesses do povo.
Se a matéria for boa para os paraibanos e para o Estado, votaremos a favo. Se a
propositura não atender as necessidades do povo ou provocar prejuízos para a
Paraíba, seremos contra”.
O deputado-presidente disse a mãe de todas as
obviedades. O que se espera de um parlamentar é que ele fique sempre ao lado
dos interesses do cidadão. Afinal de contas, não é o deputado que defende os
interesses do povo? Ricardo Marcelo disse, ainda, que “todas as matérias
polêmicas, notadamente as oriundas do Poder Executivo, serão discutidas
previamente dentro da bancada que seguirá para o plenário (da Assembleia) coesa
e com a decisão já tomada”.
Outra irritante
obviedade. Espera-se que os deputados estudem, analisem e discutam em suas
bancadas toda e qualquer matéria e não só as polêmicas. Espera-se que os
senhores deputados saibam bem o que estam fazendo ao votarem no plenário da
Assembleia. Mas, tem algo aqui que não pode passar despercebido. É que o
Deputado Ricardo deixou claro que o PEN dará especial atenção às matérias
vindas do Poder Executivo. O PEN focará suas atenções nos projetos demandados
pelo governador Ricardo Coutinho.
Junte-se a isso a parte
mais polêmica da declaração do Deputado que é quando ele diz que: “O rótulo de
oposição ou de situação (imposto) ao PEN na Paraíba acabou”. A declaração
assinada pelos noves deputados do PEN foi enfática nesse aspecto. Nela, eles
dizem que o partido é independente. O que eles omitem é de que ou de quem são
independentes. Apenas dizem que serão independentes para apreciarem as
matérias, em especial aquelas que venham do poder executivo.
Essa independência (beirando a neutralidade) do PEN
pode (deve) ser explicada da seguinte forma. O PEN não quer ser identificado
com ambos os lados (situação e oposição) para ficar livre de maiores
compromissos. Ao se dizer independente, o PEN sinaliza para o governador
Ricardo Coutinho que pode ou não se aliar a ele em matérias específicas. E diz
mais. Que essa postura serve para firmar ou não um compromisso político
eleitoral para 2014.
A notícia não é boa para Ricardo Coutinho, pois ele
terá que negociar em separado com o PEN a cada nova matéria. Considerando que
eles não se sentem obrigados a nada, por não firmarem compromissos, o
governador pode vir a ter muitas dores de cabeça. O PEN sabe muito bem das
dificuldades que o governador tem, pela sua personalidade centralizadora, em
negociar com o espectro político paraibano. Ao se colocar como independente o
PEN chuta o calcanhar de Aquiles do governador.
E o PEN já demonstrou que não está para
brincadeira. Logos após o anúncio bombástico dessa tal postura de
independência, seus deputados participaram de uma sessão na Assembleia
Legislativa. Lá eles mostraram suas garras. Nesta sessão, os deputados
derrubaram o veto do governador Ricardo Coutinho às emendas dos parlamentares
feitas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O caro ouvinte saberia dizer qual foi a bancada
decisiva para que o veto fosse derrubado? Bingo! Para quem disse que foi a
bancada do PEN. Primeiro eles disseram ao governador que são independentes.
Depois foram até a sessão e votaram em bloco contra um ato (o veto) do governador.
Ou seja, eles avisaram ao governador que a partir de hoje o que quer que ele
queira da Assembleia terá que antes negociar com o PEN. É isso mesmo, esse é o
novíssimo conceito de independência na política paraibana. Durma-se com tanto
barulho!