terça-feira, 6 de novembro de 2012

Explicando o sistema eleitoral norte-americano.






Hoje os norte-americanos vão às urnas para eleger seu 57ª presidente da República. O atual presidente Barack Obama, do Partido Democrata, concorre a um 2º mandato. Seu concorrente é um ex-governador, do Partido Republicano, chamado Mitt Romney.





Já que acabamos de sair de uma eleição e pelas fragilidades que o nosso sistema político eleitoral apresenta, talvez seja interessante tentar entender como se processam as eleições nos Estados Unidos. Não que eu ache que devemos imitá-los. Também não acho que precisemos discutir se o nosso sistema é melhor ou pior do que o deles. Ao que tudo indica nosso sistema eleitoral é mais eficiente e até mais confiável.





A diferença dos norte-americanos para nós, brasileiros, é que eles levam mais a sério o sistema representativo. Eles não esquecem em quem votam e possuem mecanismos que permitem um controle eficiente dos representados sobre os representantes. Vejamos, então, como funciona o sistema eleitoral nos EUA.




A primeira coisa é que para que um candidato seja eleito presidente não basta ganhar a eleição nas urnas, como nós fazemos. A vitória nas urnas tem que ser, digamos, referendada em um colégio eleitoral. Vejamos o exemplo do estado da Califórnia, que envia 55 delegados ao Colégio Eleitoral. O candidato que ganhar a eleição na Califórnia leva todos os 55 votos para o Colégio Eleitoral. Vencer em um estado significa ter a maioria simples dos votos.





Não importa que se ganhe na Califórnia com diferença de 100 ou 100.000 votos. O vencedor leva os 55 votos dos delegados. Após a apuração dos votos se procede a soma dos delegados dos estados em que cada candidato ganhou. A quantidade de delegados de cada estado é definida por um cálculo proporcional a quantidade de habitantes por estado. Para esta eleição, alguns estados tiveram a quantidade de delegados alterada, pois a população ou aumentou ou diminuiu.





Digamos que Obama ganhe em 25 estados e Romney ganhe em outros 25 estados. Se em cada estado que Obama tiver ganhado houver 10 delegados, ele vai com 270 para o Colégio Eleitoral. Se em cada um dos 25 estados onde Romney ganhou a eleição houver 09 delegados, ele vai para o Colégio Eleitoral com 225. Dessa forma, Obama é eleito porque levou 25 delegados a mais do que Romney para o Colégio Eleitoral.





O Colégio Eleitoral norte-americano é formado por 538 delegados. É eleito presidente o candidato que atingir a quantia de 270 delegados. Ou seja, a metade mais um dos 538 delegados. O número de delegados que cada estado envia ao Colégio Eleitoral é o equivalente ao total de representantes que cada uma dos 50 estados possui no Congresso Nacional. Se um estado tem 16 deputados e 4 senadores, ele envia 20 delegados.





Lembrando que é através das primárias, feitas nos 50 estados, que os partidos definem seus candidatos. Os americanos não são obrigados a votar, o voto é facultativo, em que pese eles serem obrigados a se alistarem no sistema eleitoral. Ao contrário de nós, que somos obrigados a votar e a justificar a ausência nas urnas, nos EUA se um eleitor não for votar numa eleição não precisa fazer nada e ele pode, ou não, ir votar na eleição seguinte sem que sofra qualquer punição.









Nas eleições de 2008, quando Obama foi eleito, cerca de 130 milhões de norte-americanos compareceram as urnas. Foi algo notável, considerando que os americanos não são afeitos a exercitarem o voto, ao contrário de nós que adoramos o dia da eleição.





Assim, são duas eleições nos EUA. Hoje, 6 de novembro, o povo vai as urnas. Ao contrário de nós, eles não fazem disso uma festa. Pelo contrário, encaram como algo normal. Tanto é que, hoje, nos EUA não é feriado. É um dia normal de trabalho. A outra eleição será dia 17 de dezembro, que é quando o colégio eleitoral elege formalmente o presidente e o vice-presidente, respeitando a distribuição dos delegados de acordo com a vitória de cada candidato e em cada estado.





De acordo com a Constituição dos EUA, a eleição presidencial coincide com as eleições para o Senado, onde um terço dos senadores pode concorrer à reeleição. As eleições para Câmara dos Deputados ocorre a cada dois anos e está, também, sendo feita agora. Hoje, ainda, ocorrem 11 eleições para governadores e para vários legislativos estaduais. Sem contar que há um sem número de plebiscitos sobre os mais variados temas. Os estados podem aferir a opinião de seus cidadãos sobre o que pode vir a ser lei.





A questão não é se o sistema eleitoral deles é melhor ou pior do que o nosso. Mais importante é a qualidade das instituições políticas de cada país. E parece que nisso nós, que vivemos ao sul do continente americano, temos ainda muito que aprender com os que vivem lá no norte.






Marcadores

Total de visualizações da página

Seguidores

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Powered By Blogger