As eleições mal acabaram, os eleitos nem tomaram
posse, e os atores e partidos políticos só pensam nas eleições de 2014. Assim,
gostemos ou não disso, é preciso analisar o resultado dessa eleição para
fazermos algumas projeções futuras. No Brasil, e em vários países, as eleições
locais preparam o terreno para as eleições gerais. O desempenho dos partidos nos
pleitos municipais lhes credencia, ou não, para o jogo nacional. PT, PMDB, PSDB
e PSB vão governar cerca de 2.600 cidades.
São quase 82 milhões de eleitores, num total de 140
milhões em todo o Brasil. Por esses dados dá para ver a densidade eleitoral
dessas agremiações. A eleição de 2014 passará pelo tabuleiro delas e, podemos
afirmar, o próximo presidente será filiado a um desses partidos. O PT se saiu
bem nas urnas ao eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, importante
cidade e reduto do PSDB. Essa vitória foi mais uma demonstração da força de
Lula que, pela 2ª vez, elegeu um poste seu - alguém que ele mesmo pinça em seu
entorno sem consultar a quem quer que seja.
Eu não duvido que Lula venha a ser candidato a
presidente em 2014 pela popularidade que tem e por ter, definitivamente, sido
blindado em relação ao mensalão. Já a presidente Dilma também não se saiu mal
nessa eleição. Ela cedeu aos pedidos, subiu nos palanques, e participou
das eleições em São Paulo, Belo Horizonte, Campinas e Salvador. Isso a tornou
mais popular na medida em que ela esteve próxima dos eleitores. Dilma é bem
avaliada pela imagem de ser pouco tolerante com a corrupção, pela impaciência
que demonstra ter para com a lentidão nos serviços públicos e com os
fisiologismos da política brasileira. Em 2014, se Lula não puder ou não quiser
ser candidato, não precisa ir atrás de outro poste, ele já está lá e bem
iluminado.
O PT teve o maior número de cidades com mais de 200
mil eleitores e vai governar em 4 capitais – São Paulo, Rio Branco, Goiânia e
João Pessoa. Dos 83 maiores municípios, o PT governará em 16. Isso representa 20% dos eleitores ou 27
milhões de pessoas. O PMDB segue sendo grande. Ao contrário do PT vai governar
mais em cidades com menos de 200 mil eleitores. Serão 1.022 cidades o que
representa 16.85% do eleitorado brasileiro ou algo em torno de 23 milhões de
pessoas.
O PMDB usará isso para continuar na vice-presidência da República não
importando com quem. Esses números são fundamentais para que ele continue
detendo um sem número de cargos no 2º, 3º e 4º escalões do governo federal. O
PMDB entendeu que bem melhor do que ocupar um cargo grande é deter vários
cargos menores que gravitam em torno desse único cargo grande. Por essa lógico é melhor ter 1.000 pequenas
prefeituras do que ter 50 grandes prefeituras.
O PSDB conquistou 15 cidades no grupo das 83 com mais de 200 mil
eleitores. Em 2013, irá governar 12.8% dos eleitores o que corresponde a 16.5
milhões de brasileiro. Não foi um desempenho ruim, considerado a concorrência. O
tucanato ganhou em quatro capitais: Maceió, Manaus, Belém e Teresina. Sendo que
a vitória mais comemorada foi a de Arthur Virgílio em Manaus. Ele disputou com
Vanessa Grazziotin (PC do B) que contou com o apoio de Lula e Dilma.
Mas, isso não serviu para encobrir mais uma, a terceira, derrota de José
Serra para o PT. A derrocada tucana em São Paulo jogou a última pá de cal no
projeto eleitoral de 2014 que Serra, FHC e Geraldo Alckmin ainda cultivavam. Se Serra insistir em ser
candidato a presidente não será mais por teimosia e sim por falta de
inteligência. FHC tornou-se a rainha da Inglaterra dos tucanos - todos o
reverenciam, mas ninguém lhes dá ouvidos. Alckmin continua sendo o político sem votos de sempre.
A única liderança viável no PSDB é Aécio Neves
que deve ter comemorada a derrota de Serra tanto quanto Lula. Mas, ele só entra
no jogo eleitoral de 2014 se trouxer o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, para seu lado e provar por A + B que não comunga com as ideias
conservadoras do decadente tucanato paulista. Aécio Neves já deu provas
suficientes de sua viabilidade eleitoral. Sua origem e sua história política só
lhes favorecem. Mas, ele precisa urgentemente redefinir sua filiação partidária
se quiser ter um abrigo a altura de suas pretensões eleitorais.
O PSB se saiu bem nas urnas. Elegeu os prefeitos de
Fortaleza, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Velho e Recife. Governará 11.15% do
eleitorado ou 15 milhões de pessoas. Ao contrário do PMDB, investe nas capitais
ao invés das pequenas cidades. Eduardo Campos demonstrou densidade e força
político-eleitoral. Hoje, ele é a noiva da política brasileira. PT e PSDB
cortejam Campos e seu PSB por avaliarem que eles oxigenam a seara política tão
desgastada por essa polarização já antiga.
Esta é ambiência política do momento. A
movimentação dos atores e partidos políticos em 2013 é que nos dirá o cardápio
de 2014. Agora, é o momento da acomodação pós-eleitoral e de tratarmos de
outros tantos assuntos não menos importantes.