quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Começou 2014.







As eleições mal acabaram, os eleitos nem tomaram posse, e os atores e partidos políticos só pensam nas eleições de 2014. Assim, gostemos ou não disso, é preciso analisar o resultado dessa eleição para fazermos algumas projeções futuras. No Brasil, e em vários países, as eleições locais preparam o terreno para as eleições gerais. O desempenho dos partidos nos pleitos municipais lhes credencia, ou não, para o jogo nacional. PT, PMDB, PSDB e PSB vão governar cerca de 2.600 cidades.






São quase 82 milhões de eleitores, num total de 140 milhões em todo o Brasil. Por esses dados dá para ver a densidade eleitoral dessas agremiações. A eleição de 2014 passará pelo tabuleiro delas e, podemos afirmar, o próximo presidente será filiado a um desses partidos. O PT se saiu bem nas urnas ao eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo, importante cidade e reduto do PSDB. Essa vitória foi mais uma demonstração da força de Lula que, pela 2ª vez, elegeu um poste seu - alguém que ele mesmo pinça em seu entorno sem consultar a quem quer que seja.






Eu não duvido que Lula venha a ser candidato a presidente em 2014 pela popularidade que tem e por ter, definitivamente, sido blindado em relação ao mensalão. Já a presidente Dilma também não se saiu mal nessa eleição. Ela cedeu aos pedidos, subiu nos palanques, e participou das eleições em São Paulo, Belo Horizonte, Campinas e Salvador. Isso a tornou mais popular na medida em que ela esteve próxima dos eleitores. Dilma é bem avaliada pela imagem de ser pouco tolerante com a corrupção, pela impaciência que demonstra ter para com a lentidão nos serviços públicos e com os fisiologismos da política brasileira. Em 2014, se Lula não puder ou não quiser ser candidato, não precisa ir atrás de outro poste, ele já está lá e bem iluminado.






O PT teve o maior número de cidades com mais de 200 mil eleitores e vai governar em 4 capitais – São Paulo, Rio Branco, Goiânia e João Pessoa. Dos 83 maiores municípios, o PT governará em 16.  Isso representa 20% dos eleitores ou 27 milhões de pessoas. O PMDB segue sendo grande. Ao contrário do PT vai governar mais em cidades com menos de 200 mil eleitores. Serão 1.022 cidades o que representa 16.85% do eleitorado brasileiro ou algo em torno de 23 milhões de pessoas.






O PMDB usará isso para continuar na vice-presidência da República não importando com quem. Esses números são fundamentais para que ele continue detendo um sem número de cargos no 2º, 3º e 4º escalões do governo federal. O PMDB entendeu que bem melhor do que ocupar um cargo grande é deter vários cargos menores que gravitam em torno desse único cargo grande.  Por essa lógico é melhor ter 1.000 pequenas prefeituras do que ter 50 grandes prefeituras.






O PSDB conquistou 15 cidades no grupo das 83 com mais de 200 mil eleitores. Em 2013, irá governar 12.8% dos eleitores o que corresponde a 16.5 milhões de brasileiro. Não foi um desempenho ruim, considerado a concorrência. O tucanato ganhou em quatro capitais: Maceió, Manaus, Belém e Teresina. Sendo que a vitória mais comemorada foi a de Arthur Virgílio em Manaus. Ele disputou com Vanessa Grazziotin (PC do B) que contou com o apoio de Lula e Dilma.





Mas, isso não serviu para encobrir mais uma, a terceira, derrota de José Serra para o PT. A derrocada tucana em São Paulo jogou a última pá de cal no projeto eleitoral de 2014 que Serra, FHC e Geraldo Alckmin ainda cultivavam. Se Serra insistir em ser candidato a presidente não será mais por teimosia e sim por falta de inteligência. FHC tornou-se a rainha da Inglaterra dos tucanos - todos o reverenciam, mas ninguém lhes dá ouvidos. Alckmin continua sendo o político sem votos de sempre.






 A única liderança viável no PSDB é Aécio Neves que deve ter comemorada a derrota de Serra tanto quanto Lula. Mas, ele só entra no jogo eleitoral de 2014 se trouxer o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para seu lado e provar por A + B que não comunga com as ideias conservadoras do decadente tucanato paulista. Aécio Neves já deu provas suficientes de sua viabilidade eleitoral. Sua origem e sua história política só lhes favorecem. Mas, ele precisa urgentemente redefinir sua filiação partidária se quiser ter um abrigo a altura de suas pretensões eleitorais.






O PSB se saiu bem nas urnas. Elegeu os prefeitos de Fortaleza, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Velho e Recife. Governará 11.15% do eleitorado ou 15 milhões de pessoas. Ao contrário do PMDB, investe nas capitais ao invés das pequenas cidades. Eduardo Campos demonstrou densidade e força político-eleitoral. Hoje, ele é a noiva da política brasileira. PT e PSDB cortejam Campos e seu PSB por avaliarem que eles oxigenam a seara política tão desgastada por essa polarização já antiga.











Esta é ambiência política do momento. A movimentação dos atores e partidos políticos em 2013 é que nos dirá o cardápio de 2014. Agora, é o momento da acomodação pós-eleitoral e de tratarmos de outros tantos assuntos não menos importantes.