Conta o folclore
político que o ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros ficava deprimido
quando não estava em campanha eleitoral. Adhemar foi o político que justificou
assaltar o erário na base do “rouba, mas faz”. O jeito “Adhemar de Barros de
fazer política” influencia a muitos ainda hoje. E eu não estou falando apenas
da ideia sórdida de que o bom governante, que realiza muitas obras, tem, por
isso mesmo, o direito de avançar sobre o bolso do contribuinte. Eu falo dos
atores políticos que não descem do palanque. A política institucional deve ser
mesmo algo que vicia, pois eles só conseguem reagir às coisas do poder. Bem já
se disse que o poder é o afrodisíaco definitivo.
O TRE mal havia concluído a totalização das urnas e já tinha politico se
dizendo candidato. O 2º turno foi no dia 26 de outubro. Já no dia 30, o
governador reeleito Ricardo Coutinho almoçava com dezoito deputados eleitos ou
reeleitos. Sabe qual foi o prato servido no almoço? A eleição do presidente da
Assembleia Legislativa para o biênio 2015/2016. Sabe qual foi à sobremesa? A
estratégia para que a base governista seja composta de pelo menos 22
parlamentares. Os 18 deputados presentes ao regabofe do governador poderão
formar a bancada da situação na próxima legislatura. Eu coloquei o verbo no
condicional, porque em se tratando de situação e oposição é sempre mais prudente
não criar certezas.
Ricardo Coutinho quer uma base aliada encorpada para não ter mais que
lidar com os problemas desse 1º mandato. Ele quer uma maioria confortável e um
aliado na presidência da Assembleia já que, afinal, venceu as eleições para seus
ex-aliados. É bom lembrar os dessabores do governo por não contar com metade
dos deputados na votação, por exemplo, do empréstimo para sanear as dividas da
CAGEPA. Quem não lembra que os vetos do governo eram sistematicamente
derrubados pela oposição? Inclusive, o governador já cuidava dessa questão na
campanha eleitoral. Vejam que no pacote do acordo, que trouxe o PMDB para a
situação, estava incluído o apoio de Ricardo para o deputado que o PMDB
indicará para a presidência da Assembleia.
Mas, quando o assunto é a relação entre os poderes nada é simples. Vejam
que vários deputados aliados ao governador querem presidir a Assembleia.
Ricardo terá que escolher um e automaticamente desagradar a tantos outros. O
deputado Ricardo Marcelo, atual presidente da Assembleia, é candidato a
reeleição, apoiado por pelo menos a metade dos atuais 36 deputados. Como o
governador terá seu candidato, teremos um embate daqueles. Mas, esse
enfrentamento não será ruim, pois assim teremos claro como será a correlação de
forças entre governo e oposição. Sabe quem será o fiel da balança dessa
primeira disputa? Os chamados deputados independentes.
O caro ouvinte quer saber o que é ser um independente? É o eufemismo que
se achou para os que não são contra, nem a favor, muito menos pelo contrário. O
independente fica ali, sentado em cima do muro, observando a movimentação de
ambos os lados. Os deputados Janduhy Carneiro, Daniella Ribeiro, Jutay Menezes,
Genival Matias e Inácio Falcão devem compor a tal bancada “murista”. Digamos
que situação e oposição fiquem, cada uma, com 15 ou 16 deputados. O que vai
acontecer? Deputados, libertos de maiores compromissos, vão sempre decidir as
votações? Sim e não. Eles tenderão a pender para o governo, o maior polo de
atratividade, mas vez por outra lembrarão ao próprio governo a condição
“murista” deles.
Resta saber o que, ou quanto, moverá os “muristas” em direção a uma ou
outra bancada. Já os políticos paraibanos com projeção em Brasília nem sonham
em descer do palanque. Pelo contrário, agora eles se batem por lutas maiores do
que a própria eleição. Vejam que o PMDB montou guarda à frente do Palácio da
Alvorada para que Dilma cumpra a promessa de alçar o senador Vital Filho a um
ministério de 1ª grandeza. Depois dos serviços prestados na eleição, Vital não
quer um “ministeriozinho” qualquer. As alternativas são o Ministério da
Integração Nacional ou as Minas e Energias. O governo cogita ter Vital como o
próximo Presidente do Senado Federal ou mesmo como Ministro do TCU. É por isso
que Vital estava tão sorridente após a eleição do 1º turno.
Mas, existe uma pedra no caminho do
PMDB paraibano que atende pelo nome de Aguinaldo Ribeiro. É que a presidente
nunca descartou a possibilidade dele voltar ao Ministério das Cidades e
Aguinaldo fez toda sua campanha baseado nisso. Como a Paraíba não é nenhum Rio,
São Paulo ou Minas, não pode querer ter dois ministros com Dilma. Daí, o PMDB
tenta dissecar as pretensões de Aguinaldo justificando que ele traiu Dilma ao
apoiar o PSDB na eleição estadual. Como a tradição “adhemarista” não nos larga,
os palanques não serão desmontados. Entre Campina Grande e João Pessoa não se
fala em outra coisa a não ser nas articulações para as eleições municipais.
Mas, isso é assunto para outro POLITICANDO.
AQUI É O POLITICANDO,
COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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