sexta-feira, 21 de novembro de 2014

RICARDO ENTRE DOIS SENHORES

Não é novidade para ninguém que o Legislativo brasileiro funciona mal e porcamente nos períodos eleitorais. Mas, o que poucos parecem saber é que, terminadas as eleições 2014, a Assembleia Legislativa da Paraíba está praticamente parada. Vejam que 20 Propostas de Emenda Constitucional (PEC) podem ser arquivadas se não forem apreciadas e votadas, nas Comissões e no Plenário, até o final dessa legislatura que, por sinal, está bem próxima de terminar. As Comissões estam esvaziadas. Se elas não atuam, não tem votação no plenário. Assim, as PECs devem ser arquivadas sabe-se lá até quando. É que os deputados só pensam na eleição do presidente da Assembleia para os biênios 2015/16 e 2017/18.

Como assim? Vão formar duas Mesas Diretoras em uma única eleição? Farão um acordo para o mesmo grupo dirigir a Assembleia pelos próximos 4 anos? Em Condições Normais de Temperatura e Pressão isso não seria possível, mas em se tratando da Paraíba surpresas e novidades são comuns.  Ricardo Coutinho trabalha para formar uma sólida base governista na Assembleia, além de ter uma mesa diretora comandada pelos aliados adquiridos na eleição. Mas, o governo atua num campo minado. É que seus novos aliados não se contentam apenas com a terra, eles querem o céu, o mar e os planetas mais próximos do sol. Ricardo está tendo que aprender a lidar com seus novos aliados que até pouco tempo eram seus adversários.

Ele aprendeu, na dura sorte, a lidar com PMDB e PT lhe fazendo oposição. Agora precisa se acostumar com o fato de que estes partidos só são aliados enquanto são compensados, agradados, reconfortados pelas benesses do governo. Aliás, quem tem o PMDB de José Maranhão e os vários PTs paraibanos como aliados ainda precisa de algum adversário? PT e PMDB subiram ao rinque para decidir, numa luta de incontáveis assaltos, quem foi mais decisivo para a reeleição de Ricardo. Charliton Medeiros, presidente do PT-PB, diz que seu partido aderiu ao governador num momento de fragilidade e isolamento e que a aliança deu o fôlego que Ricardo precisava para chegar ao 2º turno. O que o PT quer é superfaturar seu apoio.

Charliton lembra que o PT uniu-se a Ricardo na época das vacas magras quando o governador patinava nas pesquisas. Ato continuo ele afirma que o PMDB só se juntou ao PSB quando a diferença para Cássio Cunha Lima era a do empate técnico.  O PMDB ignora isso e só quer vingança, já que nunca aceitou o fato do PT não ter se aliado a ele no 1º turno. Para o PMDB basta, a título de estimada fatura, lembrar a Ricardo que ele só se elegeu graças aqueles 100 mil votos que Vital Fº lhe transferiu. O PMDB se mostra como parteiro do 2º governo de Ricardo. PT e PMDB cobram reciprocidade do PSB para as eleições municipais de 2016. O PT, claro, quer apoio incondicional a reeleição do prefeito Luciano Cartaxo.

O PMDB quer Ricardo em seu palanque na disputa para a prefeitura de Campina Grande. Mas, Ricardo deve querer que o PSB tenha candidaturas próprias na capital e no 2º maior colégio eleitoral da Paraíba. Eis uma boa razão para as futuras brigas. O PMDB já resolveu suas arestas. O clima de caça às bruxas que Venezinao tentou implantar não decolou. José Maranhão já perdoou os dissidentes, que apoiaram a candidatura do PSDB, e estes já se colocaram em seu devido lugar. Maranhão é o cobrador das faturas do PMDB. O senador eleito vive pela imprensa dizendo que espera que o governador dê uma participação compatível ao tamanho e a importância do PMDB. Vindo de quem vem, isso soa mais como uma ameaça.

PSB e PMDB estam mais articulados, talvez por não acreditarem que o PT vá superar suas diferenças. Enquanto o PT perde tempo com suas infindáveis confusões, PSB e PMDB se afinaram e já possuem um acordo, que mais parece um pacto de sangue. O fato é que eles celebraram o seguinte: no biênio 2015/2016 o PSB presidiria a Assembleia e o PMDB ficaria com a 1ª secretaria da Mesa diretora. Em 2017/2018 as posições se inverteriam. O que o PMDB leva de vantagem nisso, além dos cargos, claro? No 2º biênio, o PMDB presidiria a Assembleia e teria o vice-governador, se considerarmos que Ricardo Coutinho renunciaria em 2018 para se candidatar ao senado. A vice-governadora Ligia Feliciano assumiria o governo e o PMDB a vice.

Por isso a ideia de fazer duas eleições no mesmo dia, já em fevereiro de 2015. Eu só não chamo isso de golpe, porque ainda teríamos que esperar a movimentação da oposição, que tem seu candidato para presidir a Assembleia e que não está morta. O plano é perfeito, mas faltou combinar com os russos do PT que, claro, não estam felizes com esse tratado, ou seria uma convenção? Mas, o cálculo do governador é frio, racional. O PMDB elegeu 4 deputados estaduais e tem, pelos menos, 4 suplentes. O PMDB tem mais de 100 prefeitos pela Paraíba afora e elegeu 3 deputados federais, além dos dois senadores da República. É um capital eleitoral e tanto. Pensando bem, é melhor mesmo tê-lo como aliado, apesar da superfaturada conta a se pagar.
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