Não é novidade
para ninguém que o Legislativo brasileiro funciona mal e porcamente nos
períodos eleitorais. Mas, o que poucos parecem saber é que, terminadas as
eleições 2014, a Assembleia Legislativa da Paraíba está praticamente parada. Vejam
que 20 Propostas de Emenda Constitucional (PEC) podem ser arquivadas se não
forem apreciadas e votadas, nas Comissões e no Plenário, até o final dessa
legislatura que, por sinal, está bem próxima de terminar. As Comissões estam
esvaziadas. Se elas não atuam, não tem votação no plenário. Assim, as PECs
devem ser arquivadas sabe-se lá até quando. É que os deputados só pensam na
eleição do presidente da Assembleia para os biênios 2015/16 e 2017/18.
Como assim? Vão formar duas Mesas Diretoras em uma única eleição? Farão um
acordo para o mesmo grupo dirigir a Assembleia pelos próximos 4 anos? Em Condições
Normais de Temperatura e Pressão isso não seria possível, mas em se tratando da
Paraíba surpresas e novidades são comuns.
Ricardo Coutinho trabalha para formar uma sólida base governista na
Assembleia, além de ter uma mesa diretora comandada pelos aliados adquiridos na
eleição. Mas, o governo atua num campo minado. É que seus novos aliados não se
contentam apenas com a terra, eles querem o céu, o mar e os planetas mais
próximos do sol. Ricardo está tendo que aprender a lidar com seus novos aliados
que até pouco tempo eram seus adversários.
Ele aprendeu, na dura sorte, a lidar com PMDB e PT lhe fazendo oposição.
Agora precisa se acostumar com o fato de que estes partidos só são aliados
enquanto são compensados, agradados, reconfortados pelas benesses do governo. Aliás,
quem tem o PMDB de José Maranhão e os vários PTs paraibanos como aliados ainda
precisa de algum adversário? PT e PMDB subiram ao rinque para decidir, numa
luta de incontáveis assaltos, quem foi mais decisivo para a reeleição de
Ricardo. Charliton Medeiros, presidente do PT-PB, diz que seu partido aderiu ao
governador num momento de fragilidade e isolamento e que a aliança deu o fôlego
que Ricardo precisava para chegar ao 2º turno. O que o PT quer é superfaturar
seu apoio.
Charliton lembra que o PT uniu-se a Ricardo na época das vacas magras
quando o governador patinava nas pesquisas. Ato continuo ele afirma que o PMDB
só se juntou ao PSB quando a diferença para Cássio Cunha Lima era a do empate
técnico. O PMDB ignora isso e só quer
vingança, já que nunca aceitou o fato do PT não ter se aliado a ele no 1º
turno. Para o PMDB basta, a título de estimada fatura, lembrar a Ricardo que
ele só se elegeu graças aqueles 100 mil votos que Vital Fº lhe transferiu. O
PMDB se mostra como parteiro do 2º governo de Ricardo. PT e PMDB cobram
reciprocidade do PSB para as eleições municipais de 2016. O PT, claro, quer
apoio incondicional a reeleição do prefeito Luciano Cartaxo.
O PMDB quer Ricardo em seu palanque na disputa para a prefeitura de
Campina Grande. Mas, Ricardo deve querer que o PSB tenha candidaturas próprias
na capital e no 2º maior colégio eleitoral da Paraíba. Eis uma boa razão para
as futuras brigas. O PMDB já resolveu suas arestas. O clima de caça às bruxas
que Venezinao tentou implantar não decolou. José Maranhão já perdoou os
dissidentes, que apoiaram a candidatura do PSDB, e estes já se colocaram em seu
devido lugar. Maranhão é o cobrador das faturas do PMDB. O senador eleito vive
pela imprensa dizendo que espera que o governador dê uma participação
compatível ao tamanho e a importância do PMDB. Vindo de quem vem, isso soa mais
como uma ameaça.
PSB e PMDB estam mais articulados, talvez por não acreditarem que o PT vá
superar suas diferenças. Enquanto o PT perde tempo com suas infindáveis
confusões, PSB e PMDB se afinaram e já possuem um acordo, que mais parece um
pacto de sangue. O fato é que eles celebraram o seguinte: no biênio 2015/2016 o
PSB presidiria a Assembleia e o PMDB ficaria com a 1ª secretaria da Mesa
diretora. Em 2017/2018 as posições se inverteriam. O que o PMDB leva de
vantagem nisso, além dos cargos, claro? No 2º biênio, o PMDB presidiria a
Assembleia e teria o vice-governador, se considerarmos que Ricardo Coutinho
renunciaria em 2018 para se candidatar ao senado. A vice-governadora Ligia
Feliciano assumiria o governo e o PMDB a vice.
Por isso a ideia de fazer duas
eleições no mesmo dia, já em fevereiro de 2015. Eu só não chamo isso de golpe,
porque ainda teríamos que esperar a movimentação da oposição, que tem seu
candidato para presidir a Assembleia e que não está morta. O plano é perfeito,
mas faltou combinar com os russos do PT que, claro, não estam felizes com esse
tratado, ou seria uma convenção? Mas, o cálculo do governador é frio, racional.
O PMDB elegeu 4 deputados estaduais e tem, pelos menos, 4 suplentes. O PMDB tem
mais de 100 prefeitos pela Paraíba afora e elegeu 3 deputados federais, além
dos dois senadores da República. É um capital eleitoral e tanto. Pensando bem,
é melhor mesmo tê-lo como aliado, apesar da superfaturada conta a se pagar.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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