
Ano eleitoral é sempre o momento de boas notícias. Afinal, quem é que vai
dar má notícia ao eleitor? A situação precisa dourar a pílula e a oposição
precisa mostrar que tudo vai mudar para melhor, claro. Como em 2015 não teremos
eleição, os governantes vão aproveitar para nos dar todas as más notícias que
precisam e devem dar. Maquiavel já dizia: “Quando
for fazer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, é melhor fazê-lo
de uma vez só”. É por isso que não se assumia que temos uma crise
energética e hídrica. Foi só as eleições acabarem para que se anunciasse o
racionamento d´agua a partir desse mês de dezembro. E, o que é pior, sem que as
águas do São Francisco tenham sido transpostas.

Mas, o caro ouvinte tenha, por favor, um pouco de paciência. É que até
agora eu só dei as más notícias. Isso tudo é “pequenas causa”, como diria
aquele ministro do STF. Como não poderia deixar de ser, são os economistas que
nos trazem as péssimas notícias. A revista Exame entrevistou economistas,
analistas e consultores, de vertentes politicas e ideológicas diferentes, que
foram unanimes em dizer que nossa economia está doente e que, em 2015, será
preciso aplicar remédios amargos para curar seus males. É que eles fazem com a
economia o mesmo que faço com minhas filhas quando estam com febre e/ou alguma
doença. Aplico-lhes o remédio amargo sem me preocupar com as caretas que elas
fazem. Para mim, importa que fiquem logo curadas.
Economistas, petistas e tucanos, concordam que nossa economia está numa
armadilha de desaceleração do crescimento e alta da inflação. Acima das divergências
de ideários, que vimos nas eleições, o 2º governo Dilma tem um grande e
apertado nó a desatar. Chegou a hora de separar o que é discurso de campanha do
que tem que ser feito para sarar nossa economia. Os economistas não querem
saber de nossas caretas e sugerem que, em 2015, nos seja aplicado o amargo
remédio dos ajustes para reduzir a inflação. Claro, eles falam que é preciso retomar
a credibilidade e atrair investimentos externos, mas se não fosse assim eles
não seriam economistas. O primeiro grande desafio do governo Dilma é fazer um
relevante e sério ajuste fiscal, ou seja, controlar as contas.
Juan Jensen, da “Tendências Consultoria”, disse que "passamos por um
processo amplo de expansão fiscal, que segue duas óticas: aumento de gastos e
redução de alíquotas. Isso tem que ser revisto, mesmo que entremos num mundo
mais complicado". Ele tem uma notícia boa para nós e ruim para o governo:
é preciso reduzir gastos, senão as contas públicas não fecham, mas como é que o
governo vai diminuir os gastos públicos tendo que organizar eventos esportivos,
por exemplo? O receituário dos economistas desagrada em várias frentes. Os
governos têm que reduzir as despesas de custeio da máquina governamental, principalmente
nos gastos com o funcionalismo público. Governo que é governo gosta de gastar.
E o funcionário público quer ter
aumento. Desse jeito a conta não fecha, pois quem é que está disposto a ir para
o sacrifício? Os economistas dizem que é preciso controlar os gastos com os
programas sociais, pois o endividamento público é crescente. Aqui saímos da
economia para a política. É que situação e posição não aceitam mexer nos
programas sociais, pois eles são, sim, a pedra de toque eleitoral. Claro, são,
também, necessários para uma expressiva camada da sociedade brasileira. Ainda
temos um dilema a resolver. O crescimento econômico faz as classes sociais
consumirem mais. Mas, a elevação do consumo acorda o monstro da inflação. Será
que teremos que tomar uma quimioterapia econômica, onde se mata as células
ruins e as boas também?
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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