Na segunda feira o governador, reeleito, Ricardo Coutinho nos
surpreendeu anunciando uma ampla reforma na estrutura administrativa do Estado
da Paraíba. A surpresa não se deu pelo anuncio da reforma em si, pois ela era
mesmo aguardada. É que é normal governos reeleitos fazerem mudanças. Como de um
mandato para o outro tem os aliados que se elegem, para cargos no parlamento,
por exemplo, e tem aqueles que mudam de lado, se tornando adversários, a
reforma é sempre necessária. A surpresa ficou por conta do fôlego e do tamanho
da reforma administrativa que será implementada. O governador irá fundir, criar
e extinguir secretarias e órgãos da administração direta e indireta.
O que me surpreendeu mesmo foi que
Ricardo Coutinho disse os milagres que fará, se colocou, claro, como o santo
milagreiro, mas não nos disse os penitentes que serão agraciados com os
milagres realizados. Isso só será anunciado no último dia de 2014. Ou seja, o
governador deixou para anunciar seus novos secretários e colaboradores na
véspera das solenidades de posse para o seu segundo mandato. Esse ato bem
demonstra o estilo Ricardo Coutinho de governar. É sempre ele, e somente ele,
quem toma as decisões e quem as anuncia. Ricardo é dono do seu tempo. Ele não
gosta de compartilhar o anuncio de suas decisões. O máximo que faz e colocar ao
seu lado os que possuem prestígio em seu governo.
Reformas
administrativas costumam ser feitas para abrigar novos aliados. Sabíamos que
Ricardo Coutinho realizaria uma reengenharia em sua administração para abrigar
os aliados conquistados na eleição. Eu falo do PMDB, do PT e de tantos outros. Os
governos brasileiros costumam criar secretarias e cargos para agraciar aliados.
Mas, o governador da Paraíba não parece preocupado com isso, pois está
promovendo um grande “enxugamento” da máquina. O que será que está por trás
disso? Quem tem PMDB e PT, como aliados, precisa criar muitos cargos dada a
voracidade que esses partidos têm quando o assunto é a distribuição dos espaços
de poder. Porque, então, Ricardo está fundindo secretarias? Ou seja, fechando portas
em seu governo.
O governador está enxugando
a máquina para limitar a cota dos partidos aliados. A ideia é fazer com que
eles tenham dificuldades em se retroalimentarem, dos cargos a disposição, para
não serem um empecilho nas eleições municipais de 2016. No anuncio da reforma,
o governador disse que vai otimizar a administração no tocante ao espaço físico,
pois o Estado “gasta muito com aluguel de imóveis” para abrigar órgãos da
administração. A ideia é construir um novo centro administrativo. Um gestor antenado ao fato de que recursos
são sempre menores do que demandas age dessa forma. A ideia é boa, se gasta
muito com a obra, para depois se economizar com os recursos administrativos. A
questão é como se vai planejar isso.
É que não sabemos
fazer políticas de Estado, pois preferimos as conjunturais politicas de
governo. O governador foi de uma sinceridade acachapante quando disse que “nossa
máquina precisa ser reformada, ela é grande demais para o serviço que presta”. Eu
cheguei a pensar que Ricardo estava admitindo culpas e problemas da máquina
administrativa em sua gestão. Implícita, em sua fala, está à ideia de que a
máquina do governo é grande demais, dispendiosa demais, sem contar que presta
um mau serviço.
Essa reestruturação
reduzirá cargos comissionados e gerará uma economia de algo em torno de R$ 25
milhões. Vejam que órgãos como EMATER, INTERPA e EMEPA terão um único diretor-presidente
e uma estrutura administrativa centralizada. É por isso que a Secretaria de Interiorização
do Estado, sediada em Campina Grande, será extinta. Eu mesmo já me perguntei
para que o governo do Estado quer tamanha estrutura numa cidade que fica apenas
120 km da capital. A FAC (Fundação de Ação Comunitária) será extinta. E já não
era sem tempo de fechar o órgão especializado em emitir cheques para fins nada
republicanos. A secretaria de Recursos Hídricos se juntará a de Infraestrura. Algo
um tanto quanto óbvio.
Órgãos responsáveis em
pensar o desenvolvimento da Paraíba serão fundidos. A Companha de Desenvolvimento
de Recursos Minerais se juntará a Cia. de Desenvolvimento do Estado. É que não
faz sentido órgão diferentes para a mesma coisa. Três secretarias (Finanças,
Planejamento e Gestão) tinham a mesma responsabilidade, mas atuavam
separadamente. Sendo fundidas, economizaremos recursos. Mas, não esqueçamos que
por trás disso está o jeito Ricardo Coutinho de governar. Com essa otimização
da máquina administrativa, o governador diminuirá demandas e pressões em seu entorno.
Diminuindo o diâmetro da sombra de seu governo, Ricardo encontrou um jeito,
inteligente, de impedir que seus aliados tentem dominar sua gestão.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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