Ainda hoje se diz que a “propaganda
é a alma do negócio”. Isso é bem verdade, pois, como já dizia o “velho
guerreiro” Chacrinha, “quem não se
comunica se trumbica”. No mundo corporativo divulgar, difundir, propagar é
fundamental. Se os consumidores não sabem que você produz o melhor sorvete da
cidade, como vão te procurar para compra-lo? Mas, é preciso ter cuidado para
não tropeçar nos conceitos. Marketing e propaganda são coisas diferentes em que
pese se complementarem. Tratar marketing e propaganda como sinônimos é problema
semântico e conceitual. A propaganda é tão somente uma ferramenta que se usa
para divulgar a existência de um produto. Já o marketing é a filosofia do
negócio por trás desse produto.
Comunicar seria, então, a arte de
transmitir, informar, participar a existência de um produto. Duda Mendonça,
aquele que vendia Paulo Maluf e o PT como se fossem iogurtes, mesmo que sem
prazo de validade, tem algo interessante a dizer sobre isso. Misturando
experiências no marketing político, com historias pessoais e um discurso
autoajuda chinfrim ele diz, em seu livro “Duda Mendonça – Casos & Coisas”,
que “comunicação não é o que você diz, é
o que os outros entendem do que você diz”. Deve ter sido essa fórmula que
ele aplicou em Paulo Maluf, um iogurte estragado da política, vendido como se
fosse novo, durante cerca de 20 anos. Não importava o que Maluf dizia,
interessava o que os eleitores paulistas capturavam do seu discurso.
Esse é o problema das
campanhas eleitorais. Os marqueteiros oferecem seus produtos, digo seus
candidatos, como se fossem iogurtes. Eles delineiam estratégias publicitárias
como se o eleitor fosse comprar seu representante num supermercado. Isso cria
um sem número de problemas. Um deles é ideia de que a máxima “a propaganda é a alma do negócio” se
aplica, também, à politica partidária institucional. Por isso vemos os
governantes tão preocupados em propagandear seus feitos. Por isso que as
assessorias e secretarias de comunicação são importantes nas estruturas dos
governos federal, estadual e municipal. Por isso que os governantes torram
parte de nosso dinheiro para divulgar, para nós mesmos, aquilo que eles andam
fazendo.
Vejam a perversão
dessa relação. Os governantes diminuem as verbas das politicas públicas, que
são geradas pelos impostos que pagamos, para alardear seus feitos. Lembrando
que se espera que essas políticas resultem em bem estar para o cidadão. Isso é
levado tão a sério que o governante que não divulga seus atos se sente culpado.
Logo ele começa a achar que sua administração é mal avaliada porque sua
assessoria de comunicação não está cumprindo bem o papel de divulgar atos e
obras de sua gestão.
Recentemente, o
prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, disse que: “Nós nos comunicamos mal e divulgamos pouco”. Essa fala foi feita
num contexto em que o prefeito explicava a reforma administrativa que fará em
breve. Romero falava da necessidade de ampliar a área de comunicação de sua
gestão. A ideia é transformar sua assessoria de comunicação em uma secretaria
de comunicação. Aqui, existem duas questões a se considerar. Uma externa e
outra interna. A questão externa é que alguns vereadores foram eleitos
deputados estaduais. Como seus suplentes vão assumir é preciso fazer mudanças.
Tornar um vereador secretario ou trazer um suplente para a ativa é a
possibilidade de ampliar a base aliada.
A questão interna é a
da comunicação. O fato é que a gestão de Romero Rodrigues se comunica mal com a
sociedade campinense. Nisso ó prefeito está certo. Se vivo fosse, Chacrinha
diria que gestão municipal anda se trumbicando com as palavras. O vereador
Alexandre do Sindical, fiel ao prefeito como ele só, que não perde uma
oportunidade de se mostrar aliado de primeira hora, disse: “A gestão de Romero Rodrigues tem feito muito, mas precisa mostrar à
população que está fazendo”. O vereador ainda fez uma comparação
provocativa. Disse ele: “No passado,
Veneziano fazia pouco, mas dizia e divulgava que fazia muito”. Os políticos
são assim mesmo. Eles gostam de acreditar em coisas que não fazem o menor
sentido.
Se o governante é proativo, desenvolve politicas públicas relevantes,
realiza grandes obras, administra a coisa pública de forma eficiente, se lida
bem com o funcionalismo público, não precisa fazer propaganda, a população vai
saber por ser o alvo disso tudo. Do contrário, se o governante não é um bom
administrador, se não está preocupado com o bem estar do cidadão, se apenas se
preocupa com obras que maquiam a feiura social da cidade, não tem marqueteiro
no mundo que crie uma propaganda eficiente. Governantes não deveriam se
preocupar com essas coisas, pois a melhor comunicação, a mais eficiente das
propagandas, é a politica pública que gera bem estar para o cidadão. O resto é
técnica de marqueteiro que pensa que o político é um produto como o iogurte.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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