Chegamos ao final do ano com administradores de Campina
Grande prestando contas de suas ações, justificando o não cumprimento de metas
e se esforçando para desenhar um cenário reluzente, tal qual as luzes de natal.
Como é de praxe, o POLITICANDO cumpre seu papel e faz uma espécie de
balanceamento entre o que eles dizem e o que nós vemos em nosso entorno, em
nossa volta, considerando que a realidade é sempre mais sincera do que o
discurso. Nas eleições, a imprensa chamava Campina Grande de “a ilha tucana”. Ela
se referia, não sei se de forma elogiosa ou pejorativa, ao fato de nossa cidade
ter sido a única, em todo o Estado da Paraíba, onde Aécio Neves venceu Dilma
Rousseff nos dois turnos.
Lembro ter ouvido um político dizer
que a tal “ilha tucana” era , na verdade, uma ilha de prosperidade, cercada de
municípios problemáticos. Mas, será que é assim mesmo? Campina, e sua vocação
para ser grande, segue assim opulenta, exuberante, robusta? O secretário de
Desenvolvimento Econômico de Campina Grande, Luiz Alberto Leite, afirmou que “o complexo industrial Aluízio Campos se
consolidou em 2014 como uma das principais ações da administração do prefeito
Romero Rodrigues”. O secretario disse que o prefeito entende que a gestão
municipal não gera riqueza, mas que deve atrair investimentos. Ele disse,
também, que o Complexo Aluízio Campos é um divisor de águas em Campina Grande.
Certo, não cabe aos
governos gerar riquezas, apesar de que os investimentos trazem divisas para a
cidade. A prefeitura investe parte dos impostos que pagamos para atrair
investimentos. A questão é: como a sociedade se beneficia com isso? A tirar
pelo que leio nos jornais e pelo que vejo quando ando pela cidade, a ideia do
prefeito não parece estar dando certo. Existe uma parcela da população campinense
totalmente alijada da riqueza que a “ilha azul da prosperidade” tem produzido.
O Jornal da Paraíba trouxe matéria desalentadora para os que creem que somos
vocacionados para a pujança. A reportagem mostrou que 30 pessoas, adultos e
crianças, estam morando entre as obras da BR-230 e o terminal rodoviário de
Campina Grande.
Após ler a reportagem,
me dei ao trabalho de passar no local. A miséria que vi, com aquelas pessoas
abandonadas à própria sorte, contrasta com o discurso da opulência. Elas vivem
em barracas improvisadas, sem qualquer estrutura que seja. Enquanto isso o
poder público municipal constrói um monumento aos 150 anos de Campina Grande, no
valor de 1,5 milhão de reais, e gasta mais 1 milhão de reais com a decoração
natalina feita para poucos, pois se reduz às áreas centrais da cidade. Eu tenho
certeza que com esses 2,5 milhões de reais daria para tirar aquelas pessoas da
situação perturbadora em que se encontram e eu não estou falando de
assistencialismo. Falo de políticas públicas voltadas para o bem estar das
pessoas.
Parte do secretariado
do prefeito Romero Rodrigues parece mesmo não ter, ainda, entendido que, apesar
de sermos uma ilha, enfrentamos aqui todos os grandes problemas que as outras
mortais cidades brasileiras possuem. O secretario de Administração, Paulo
Roberto Diniz, disse que a maior realização de sua pasta foi à organização de
um concurso público. Na verdade foi uma péssima realização, até porque o tal
concurso teve que ser anulado por problemas operacionais. Já o secretario de
Planejamento, Marcio Caniello, disse que a ação mais relevante de sua pasta foi
ter concluído o projeto de requalificação da Feira Central. Ele disse que já
está tudo pronto, faltando apenas a CEF liberar os recursos para iniciar as
obras. Mas, não adianta ter projetos prontos se os recursos não são liberados.
Elaborar projetos não é ação relevante que se diga. Quando nossa Feria Central
estiver devidamente requalificada aí, sim, poderá se ter uma grande ação para
chamar de sua.
O secretario de
Finanças, Gustavo Nogueira, deu uma declaração, no mínimo, constrangedora. Ele
disse que que a sua pasta é a menos importante da administração municipal, pois
ela é uma pasta técnica e instrumental. Disse também que as secretarias de
educação, saúde, assistência social, obras, é que são as mais importantes.
Certo, mas se a pasta das finanças não fizer seu trabalho técnico e não
instrumentalizar a área social, com recursos, nada mais pode funcionar. O
secretario Marcio Caniello explicou a situação de tão poucas ações que
permitiram o acúmulo de problemas sociais. O ano eleitoral dificultou o acesso
da prefeitura às verbas do governo federal. Não havia tempo para pensar em
outra coisa que não fosse eleição. Em 2014 muito pouco se fez em Campina Grande
e não me parece que essa imobilização administrativa deva ser culpa exclusiva
das eleições. Esperemos 2015 torcendo para que o governo municipal possa ser
mais proativo em relação ao social.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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