Na Paraíba, para que um partido possa participar do jogo
político tem que ser detentor de pelo menos um dos seguintes cargos: governador
do Estado, senador, prefeito de João Pessoa e de Campina Grande. Se tiver um
deputado federal já é alguma coisa.
Quanto mais cadeiras na Assembleia Legislativa tiver e mais
prefeitos e vereadores possuir, mais influi no jogo. É que os cargos são o
próprio oxigênio dos partidos, sem eles as agremiações não podem, não querem e
não sabem, atuar na seara política.
Após as eleições de 2010 o poder político na Paraíba estava
assim distribuído: o PSB ocupava o governo do Estado, com Ricardo Coutinho, e a
prefeitura de João Pessoa, com Luciano Agra. O PMDB detinha a prefeitura de
Campina Grande, com Veneziano Vital. Tinha, também, duas cadeiras no senado –
uma com Vital Fº e a outra com Wilson Santiago. Mas, isso mudou quando Cássio
C. Lima obteve a vaga no senado, após o julgamento no STF da validade da Lei da
Ficha Limpa. O PSDB tinha, ainda, o senador Cícero Lucena.
Agora, esse cenário se refaz. O PMDB segue com a vaga no
senado de Vital Fº que tem mandado até 2019. Aliás, Vital Fº empatou no jogo,
pois não tem uma grande vitória a computar, mas também não se associa a ele a
derrota de Tatiana Medeiros. Em 2008 o PMDB elegeu 58 prefeitos, curiosamente
manteve essa quantidade nas eleições desse ano. Mas, ter perdido a prefeitura
de Campina Grande fez o poder de barganha do PMDB cair consideravelmente.
Para 2014, talvez se contente com o mandato de Vital Fº ou
lute por uma vaga de vice numa chapa para o governo estadual. Para uma
acomodação política, Veneziano poderia compor uma chapa de oposição a Ricardo
Coutinho. Mas, a derrota em Campina ainda lhe pesará sobre os ombros. O PMDB
sai desse processo com um José Maranhão fragilizado, pois além de mais uma
derrota, enfrenta o ocaso de sua carreira política. Veja-se que seus aliados
não o querem mais nem para presidir o PMDB em nível estadual.
O PSB elegeu 11 prefeitos em 2008. Agora saltou para 35
prefeitos, em que pese ter perdido a prefeitura de João Pessoa, devido às
inabilidades políticas do governador Ricardo Coutinho, que sai derrotado desse
processo por dois motivos. Por não ter conseguido levar sua candidata ao 2º
turno em João Pessoa e pela grande quantidade de aliados que perdeu. Sem contar
que ele implodiu o tal “coletivo girassol” que lhe servia de base.
Parece que Ricardo, o sol, cansou-se dos girassóis laranja a
girarem em torno dele. Ricardo tem agora o ano de 2013 para se recompor
politicamente e buscar a reeleição para 2014. Do contrário, amargará novas e
mais duras derrotas. Ricardo tem um dilema a resolver. Ele é um bom governante
do ponto de vista administrativo, mas, politicamente, é inábil ao extremo. Ele
teve uma veloz ascensão política e não se baseia em prestígio familiar, no
entanto está cada vez mais fragilizado em termos de articulação política.
Se Ricardo saiu mal, Luciano Agra saiu bem das eleições. É
aclamado como um bom prefeito e sua participação foi decisiva para a definição
das eleições em João Pessoa. Agra sai sem cargo eletivo desse processo, mas nem
precisa, pois seu maior objetivo foi alcançado – ele impôs a Ricardo Coutinho
uma derrota acachapante.
O PSDB perdeu em quantidade. Em 2008 tinha elegido 41
prefeitos, mas em 2012 elegeu apenas 28. Ganhou a prefeitura de Campina Grande
e segue com duas cadeiras no senado. Cícero Lucena tem mandato até 2015 e
Cássio vai 2019. Cícero Lucena não deve ter do que reclamar. Volta ao Senado e
chegou ao 2º turno mesmo com a pecha da Operação Confraria. Convenhamos,
Luciano Cartaxo era uma candidatura mais palatável para o eleitorado pessoense.
Aliás, Cartaxo redimensionou sua carreira política e deve vir a ocupar um lugar
de destaque no cenário político.
Romero Rodrigues é um ganhador, não apenas pela vitória em
si, mas pelo que ela representa em termos de barganha político-eleitoral para
2014. Cássio Cunha Lima teve mais uma vitória e mantem o posto de maior
liderança do estado. A cassação do cargo de governador parece lhe pesar menos
sobre os ombros. Mas, a cassação só será coisa de um passado remoto se, e
somente si, Cássio conseguir voltar ao governo do Estado, mesmo que para 2014
isso seja quase impossível, pois a inelegibilidade que a Lei da Ficha Limpa lhe
impôs é um fato.
O PT tinha elegido em 2008 seis prefeitos, agora ficou com
cinco, em que pese ter ganhado na capital. Mas, o PT sai desse processo com no
máximo um empate sem gols. Não cresceu quantitativamente, além de seguir em seu
processo autofágico. A cada nova eleição o PT paraibano se desconstrói mais
pelas brigas internas intermináveis. Sem contar que não tem vida própria, só
atua no jogo político se for gravitando em torno de outras estruturas
partidárias, de preferência conservadoras.
Por fim, temos o PP que encolheu ainda mais. Em 2008 tinha
11 prefeituras, agora ficou apenas com quatro. Não dispõem de cargos
importantes no Estado, mas conta com Aguinaldo Ribeiro no Ministério das
Cidades. É um corpo que só tem cabeça, não possuem membros nem tronco.
Essa é ambiência política do momento. Mais, não se pode ou
não se deve afirmar. Vamos acompanhar os acontecimentos. Por hora, deixemos que
a poeira eleitoral abaixe.