No POLITICANDO de segunda eu falei da importância
de um debate como o que foi promovido ontem pela RADIO CAMPINA FM. Eu lembrava
que este seria o último debate entre os candidatos a prefeito de Campina Grande
antes da eleição do 1º turno.
Dizia que o debate de ontem seria a última chance
dos candidatos de se colocarem frente a frente para confrontarem ideias,
projetos, modos de governar, currículos, enfim, seria o último ato do
espetáculo eleitoral com todos os candidatos presentes e ao vivo.
Eu me referia ao fato de que ainda temos um
expressivo contingente de eleitores indecisos e explicava que o eleitor indeciso não é
bem o que não sabe o que quer, mas o que mais pondera. É aquele que observa
atentamente para só então tomar uma decisão. O debate de ontem era boa oportunidade, a última talvez, para os
candidatos conquistarem corações e mentes dos indecisos. Eu o analisei na
perspectiva de um eleitor indeciso, como se esperasse que um dos candidatos
finalmente me convencesse.
Eu vou pontuar algumas questões do debate, talvez
assim possamos saber quem se saiu melhor e quem se saiu pior. Obviamente, que
quem já decidiu em qual dos candidatos vai votar no domingo tende a ter opinião
formado sobre quem ganhou o debate.
Os candidatos procuraram
cumprir o papel que lhes cabe nesta campanha. Cada um disse mais ou menos o que
se esperava que dissesse. Inclusive, cada um deles cometeu os erros que bem sabíamos
que cometeriam. Mas, nem tudo foi previsível.
Sizenando Leal começou o
debate questionando Tatiana Medeiros sobre questões da saúde. Como ele se
embaraçou ao fazer a pergunta, Tatiana pode se esquivar para repetir o discurso
que vem fazendo, sobre a saúde, desde o início da campanha. Neste momento, Sizenando e Tatiana revelaram suas
principais fraquezas. Ele, o fato de ter dificuldades em se expressar. Se
tivesse se preparado mais e melhor Sizenando faria grandes estragos em seus
adversários.
Já Tatiana demonstrou a fragilidade de ter um
discurso só. Ela é vítima do efeito Cristovam Buarque, ou seja, só tem um tema
pelo qual pode falar com desenvoltura. Se valendo disso, Tatiana utilizou uma surrada
tática do marketing eleitoral que é fazer uma pergunta técnica para um
adversário, sabendo que ele não vai respondê-la. Ela perguntou a Arthur Bolinha
se ela sabe o que é “terapia renal substitutiva”, que na verdade é a velha e
útil hemodiálise.
Arthur disse que não tem obrigação de saber já que
é candidato a prefeito não a médico. Aliás, Arthur saiu-se bem, abusando do
conhecimento que tem e demonstrando, mais uma vez, que se preparou para a
campanha. Mas, Arthur foi vitima daquilo que pensa ser sua maior qualidade.
Debatendo com Romero Rodrigues precisou sair de sua postura de independente e
teve que pontuar que já apoiou e trabalhou em favor do grupo político liderado
pelo senador Cássio C. Lima.
Romero seguiu a tática de se colocar como aquele
que não tem inimigos. Na verdade, Romero estava com um olho no debate e outro
no 2º turno. Seus debates com Arthur e Guilherme Almeida se deram no sentido de
atrair apoios, não de propor enfrentamentos.
Os candidatos aparentavam cansaço, natural em um
fim de 1º turno. Romero e Daniella Ribeiro pareciam os mais fadigados. A fala
pausada e as palavras mal pronunciadas de Romero denunciavam isso. Daniella
Ribeiro, além do cansaço, dava a impressão de tédio. Parecia saturada com tudo
aquilo que acontecia em sua volta.
Mas, isto não impediu que Romero e Daniella
patrocinassem um bom momento do debate. Foi quando Daniella perguntou em quem
Romero votaria para governador e presidente nas eleições de 2014. Outra pergunta
da lavra do marketing eleitoral. Romero não respondeu e foi para o ataque
mostrando que Daniella já esteve aliada com outros grupos políticos.
Quem soube se valer dessa pequena querela, foi
Guilherme que aproveitou para falar de sua postura de independência. Guilherme
seguiu a linha do não enfrentamento. Como em outros debates focou-se em suas
ideias, apesar de que certa animosidade que ele e Tatiana vêm desenvolvendo
foi, mais uma vez, perceptiva. Isso pode até ser uma senha para o 2º turno.
Alexandre Almeida não repetiu o desempenho de
outros debates. Nem de longe fez a defesa enfática do governo Veneziano que nos
acostumamos a ver desde o início da campanha. Seus adversários pareciam não
querer lhe dirigir perguntas, pois ele ficava sempre por último na ordem de
escolha do outros seis candidatos.
O fato, é que se o debate não foi ruim, também não
foi lá um primor. É que um debate com sete candidatos impede que enfrentamentos
mais duradouros aconteçam. Tenho lá minhas dúvidas se o comportamento dos
candidatos serviu para esclarecer os indecisos.
O que eu vi ontem foi um debate que serviu para
cristalizar certezas e incertezas sobre os candidatos. E, lamento informar, as
dúvidas só serão esclarecidas no próximo domingo, por volta das oito horas da
noite, quando saberemos um resultado concreto.