A eleição acabou e, como sabemos, vamos ter 2º
turno em Campina Grande. Romero Rodrigues vai disputar com Tatiana Medeiros o
direito de administrar a segunda cidade mais importante da Paraíba do ponto de
vista econômico. Digo isso, porque do ponto de vista político é mesmo Campina
quem mais influencia a modelagem do cenário político paraibano nas eleições
para governador do estado. É o resultado
de Campina que pode projetar o resultado estadual.
Os atores políticos relevantes dependem do
resultado das eleições campinenses para definirem seus futuros políticos.
Veneziano Vital, Cássio C. Lima, Ricardo Coutinho, Aguinaldo Ribeiro, Vital
Filho, dependem do processo local mais do que do oxigênio.
Romero ficou em primeiro lugar com 97.659 votos, ou
44.94% dos votos válidos. Tatiana obteve 65.195 votos, ou 30% dos votos
válidos. Ou seja, Romero teve exatos 32.464 votos a mais do que Tatiana.
Daniella Ribeiro teve 36.501 votos, ou 16.8% dos
votos válidos. Vejam que a diferença entre Romero e Tatiana é quase a quantidade
de votos que Daniella obteve. Isso, claro, valoriza a participação da deputada
Daniella neste 2º turno. Tanto Romero como Tatiana já anunciaram que vão buscar fazer novas
alianças. Mas, para se obter o apoio de Daniella a que se considerar algumas
questões. A primeira, é que Daniella terá que refazer todo o seu discurso.
Durante a campanha ela se
colocou como candidata independente. Propunha um projeto eleitoral passando ao
largo dos dois grupos hegemônicos da cidade. Nos debates, ela se confrontou
tanto com Romero como com Tatiana. Para que o apoio de Daniella seja confiável
aos olhos do eleitor, ela vai ter que fazer um discurso convincente. Não vai
dar para falar em coerência política, talvez seja melhor explorar a
justificativa de um acordo baseado em propostas que foram encampadas.
Talvez seja melhor assumir
que houve um acordo para, em troca de apoio, se distribuir cargos no executivo
municipal. O eleitor prefere ouvir a verdade, não importando qual, a ter que
ouvir falsas versões para acordos feitos nos bastidores. Um dos motivos de Daniella não ter ido para o 2º
turno foi o fato de ter-se apresentado como candidata independente. O
eleitorado não comprou essa ideia porque ainda quer experimentar mais da
bipolarização entre os grupos representados por Romero e Tatiana.
O eleitor campinense até aceitaria uma candidatura
independente, desde que ela não dependesse de nenhuma grande liderança e/ou
grupo político para de fato convencer o eleitor de sua real condição. Como
sabemos, Daniella está longe de ser independente.
A candidatura de Daniella sofreu solução de
continuidade pelos percalços jurídicos que enfrentou. Ter ficado sem o vice e
os minutos do PT foi devastador para suas pretensões. Não ter podido contar com
a imagem de Lula no guia eleitoral abateu a estratégia de Daniella. Ele e sua
equipe não tiveram maturidade suficiente para enfrentar a situação.
O caro ouvinte quer saber se o apoio de Daniella pode
vir a resolver a eleição no 2º turno? Teoricamente sim. Se ela se decidir
apoiar um dos candidatos e se dedicar a esse apoio, se entrar na campanha, sim,
pode vir a influenciar. Mas, teríamos que ver a
capacidade de transferência de votos de Daniella. Nisso ela nunca foi testada.
Aliás, ela nunca tinha sido verdadeiramente testada numa campanha para cargo
majoritário.
Não é que ela tenha tido um desempenho ruim. É que lhe faltou ânimo, disposição. Em várias
situações, era perceptível a impaciência e até certo desinteresse de Daniella
para com a campanha. É como e ela quisesse ser prefeita, mas não quisesse
enfrentar os custos da negociação de um processo eleitoral.
Na pesquisa eleitoral CAMPINA FM/GRUPO 6SIGMA da
metade de setembro, aferia-se a tendência probabilística de migração de votos
no 2º turno. Media-se a capacidade de transferência de votos dos candidatos
derrotados para os classificados para o 2º turno. Viu-se que se Daniella
decidisse apoiar Romero num 2º turno poderia transferir 55.3% de seu capital
eleitoral para o deputado. Mas, se Daniella resolvesse apoiar Tatiana essa taxa
de transferência de votos cairia para 45.3%.
São taxas de transferência nada desprezíveis que
tornam o apoio de Daniella objeto de cobiça. Como a deputado já esteve, junto
com seu grupo, em ambos os lados em outros carnavais acredito que não vá ter
dificuldades em se decidir por este ou aquela. A questão não é se ela vai ou
não apoiar. A questão é como ela vai apoiar. É bom não esquecer que isso é
importante, mas que uma eleição não se decide por uma única e exclusiva
variável. A que se somar vários aspectos de um processo.
O fato, é que neste momento Romero e Tatiana traçam
ou retraçam suas estratégias de campanha para o 2º turno. Mas, pode ter
certeza, que elas passam fundamentalmente pelos apoios que eles podem vir a
conseguir.