O debate, promovido pela CAMPINA FM, foi até agora o
melhor dessa eleição. Romero Rodrigues e Tatiana Medeiros estavam dispostos ao enfrentamento.
Em quase duas horas eles não fugiram às questões polêmicas e aos temas
espinhosos. Eu acompanhei o debate por dentro, estava no estúdio, bem próximo aos
candidatos. Enquanto eles se batiam, eu tomava notas para escrever essa coluna.
Posso, então, demonstrar algumas coisas que, você caro ouvinte, ouviu, mas não
viu.
Um debate com duas pessoas pode fluir mais e melhor
do que um debate com sete pessoas que possuem interesses difusos. Vejam que
Romero e Tatiana se enfrentaram em torno do objetivo único de conquistar votos
para ganhar a eleição. No 1º turno, tínhamos candidatos que nem pensavam em
ganhar a eleição. Alexandre Almeida, por exemplo, nem sequer pedia votos para
si mesmo. Sábado, foi diferente, pois os dois candidatos vieram para o debate
entendendo bem a importância que ele tem.
Mas, as motivações para a disposição no debate eram
diferentes. Romero parecia mais tranquilo, mais ponderado. Tatiana demonstrava
mais estresse, menos calma. Em alguns momentos vi Tatiana tensa. Se Romero estava,
também tenso, soube disfarçar.
A questão é que a expectativa de vitória de Romero é
maior do que a de Tatiana. De acordo com as pesquisas ele está à frente dela na
preferência do eleitor. É isso que gera uma expectativa de vitória mais
favorável a Romero do que a Tatiana. Se o debate fosse um jogo, Tatiana seria o
time que entrou em campo tendo que ir para o ataque por precisar virar o placar.
Romero seria o time que entrou podendo se poupar mais por contar com um empate
para ser o campeão.
Mas, Romero não se fez de
rogada e iniciou o debate tomando a iniciativa. Ele começou “batendo
preventivamente”, ou seja, atacou para demonstrar que não aceitaria ficar nas
cordas, ou na defensiva. Ele perguntou sobre uma promessa feita por Veneziano
quando foi candidato à reeleição. Romero afirmou que a tal promessa não foi
cumprida. Aliás, ele fez várias referências aos problemas da atual gestão da prefeitura.
Claro, esse é o papel da oposição.
Tatiana respondeu
mostrando suas garras, se referindo a Romero como membro do grupo que esteve no
poder por 20 anos. E usou a tática de falar de suas realizações como secretária
de saúde e de enaltecer a gestão municipal. Claro, esse é o papel da situação.
Tatiana usou e abusou dos dados que dispõe sobre a
saúde. Romero, inclusive, a criticou por ela não responder algumas questões
para falar da saúde. Mas, Tatiana não deve ver nisso um problema já que lastreia
sua candidatura em dois pontos. Em o que fez como secretaria de saúde e no
apoio do prefeito Veneziano. Tatiana atacou Romero em dois aspectos. O de
pertencer ao chamado “grupo dos 20 anos” e o de ser apoiado pelo Governador
Ricardo Coutinho.
Romero respondeu bem a primeira crítica, pois não vê
nisso um problema. Mas, quanto à relação que teria com o governador deixou a
desejar, pois se esse apoio não existe, ou existe de alguma forma, por que não se
explicar a questão de uma vez por todas?
Tatiana se pegou com um dado da campanha de Romero,
que é a promessa de entregar remédios nas residências de pessoas atendidas pelo
sistema de saúde pública. Tatiana alegou, através de questões técnicas, que
essa promessa não pode ser atendida. Romero contra-atacou com a questão de que a
prefeitura teria atrasado o repasse, aos bancos, dos empréstimos consignados
feitos por servidores municipais. Tatiana parece ter se confundido e respondeu
que: “eu desconheço esse atraso, não há esse atraso”.
Os candidatos não fugiram dos chamados temas tabu das
campanhas eleitorais. Tatiana acusou Romero de ser intolerante porque ele teria
“tentando impedir a liberdade de manifestação do povo evangélico”. Romero se defendeu afirmando ter bom
relacionamento com evangélicos e levou a discussão para o campo da família, falando
de sua família e da religiosidade dela. Não é que família e religião sejam
temas centrais de uma eleição, mas é sempre bom ver como os candidatos se saem
nestas questões sensíveis.
O momento mais tenso do debate foi quando Tatiana
afirmou que “Romero se agachou perante o governo de Ricardo Coutinho que
excluiu Campina Grande do mapa da Paraíba”. Romero devolveu a acusação de forma
incisiva. Disse ele que: “quem vive se agachando nessa eleição não sou eu. Nem
na eleição nem no período pré-eleitoral”. O que ele quis dizer com isso não se
sabe bem, mas parece ter funcionado, pois Tatiana acusou o golpe e titubeou.
Foi visível seu constrangimento.
O fato é que o debate foi bom, como a muito não se
via. Várias pessoas que o acompanharam pelo rádio me disseram terem ficado
satisfeitas. Está provado que se pode fazer um debate, com regras simples,
enfrentamentos políticos e nenhuma baixaria.