Nas eleições desse ano,
oito candidatos concorrem a uma única vaga ao Senado Federal. Esta é uma
eleição tão concorrida quanto à disputa para o governo do Estado da Paraíba que
conta com seis candidatos. Na verdade, a disputa proporcional ao Senado é ainda
mais concorrida se considerarmos que ela se dá em um único turno, ao contrário
da eleição majoritária, ao governo, que prevê um 2º turno entre os dois
candidatos mais bem votados. Cada Estado elege três senadores, para um mandato
de oito anos, mas a representação pode ser renovada a cada quatro anos. O
sistema é aquele que bem conhecemos – numa eleição se elege um senador e na
seguinte se elegem dois.
Vimos como o cargo de Senador é importante naquele processo nada
republicano onde se definiram as candidaturas e coligações ao governo do
Estado. É que, infelizmente, a vaga ao senado foi posta nas mesas de negociação
como valorizada moeda de troca. A vaga para o senado compõe a chapa do
candidato ao governo e de seu vice. Aliás, fazem parte do pacote os dois
suplentes, registrados na chapa, que podem ou não vir a assumir dependendo do
arranjo político-partidário que se fizer. A cadeira do senador tem alta
cotação. Foi oferecendo a vaga de senador que Ricardo Coutinho conseguiu a
proeza de tirar o PT da composição do PMDB. Para ter Wilson Santiago em sua
composição, Cássio aceitou dar um passa fora em Cícero Lucena.
José Maranhão manobrou habilmente, por mais de um ano, os vários
interesses de seu partido, o PMDB, para terminar sendo o candidato ao senado,
como ele sempre desejou. Não é a toa que o próprio PT resolveu buscar outros ares
políticos. O vice-governador Rômulo Gouveia correu todos os riscos, até mesmo o
de ficar sem o suporte de um grupo político, como o que é comandado por Cássio
Cunha Lima, para ver se viabilizava sua candidatura ao senado. Deu no que deu. Os
irmãos Cartaxo concentraram forças para assegurar que Lucélio seria mesmo
candidato ao senado. Eles deram tanta prioridade a esse projeto que terminaram
aceitando compor com um adversário do nível de Ricardo Coutinho.

Um aspecto interessante da entrevista foi quando a candidata
afirmou que é preciso que a sociedade desenvolva mecanismos de controle da
atividade parlamentar. Para ela, são os trabalhadores que devem controlar a
atividade dos congressistas. A entrevista com Rama Dantas transcorria calma e
ordeira. As perguntas iam se sucedendo e ela ia dando as respostas que se
espera de uma candidata de um partido como o PSTU. Até que veio a pergunta que
expôs a mãe de todas as contradições. Perguntou-se a candidata se a questão do
maior controle da atividade parlamentar se daria pela instituição do voto
distrital. A candidata simplesmente não respondeu e ainda fez um comentário que
é, no mínimo, preocupante. Disse ela que: “Na
verdade, o partido defende o fim do senado, apesar de eu ser candidata, pois a
estrutura dele representa as grandes oligarquias e não representa quem gera
riqueza neste país e que deveria estar lá sendo representado”.

Eu diria que essa visão
doentiamente de esquerda não contribui em nada para o fortalecimento das instituições
democráticas. Pelo contrário, querer acabar com uma delas é só a constatação de
uma visão autoritária e antipolítica. Na próxima segunda-feira eu vou continuar
analisando as entrevistas com os candidatos paraibanos ao senado federal. Eu
decidi, inclusive, que só vou analisar a entrevista daqueles que defendam de
forma intransigente a valorização de nossas instituições.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.