Pastor Everaldo rejeita o rótulo de nanico, se é que alguma das pequenas candidaturas
aceita ser tratada dessa forma. As candidaturas de baixa estatura se sentem
ofendidas e injustiçadas por não conseguirem pontuar bem nas pesquisas. Levi
Fidelix, Eymael, Zé Maria, Rui Costa, para citar alguns, têm sempre uma
justificativa por não conseguirem aparecer nas pesquisas com, pelo menos, um
ponto percentual. Em geral, a culpa residiria num suposto complô montada pela
imprensa. Apesar das diferenças ideológicas, as micro candidaturas são
ambiciosas, excessivamente otimistas, exibicionistas, inexperientes e não
possuem programas políticos definidos. Elas são unânimes na contundente
oposição ao governo Dilma.
O Pastor Everaldo luta para sair do rol dos nanicos. Nas pesquisas, ele
tem tido algo em torno de 3 ou 4 pontos percentuais. Isso pode ser decisivo
para levar a eleição ao 2º turno. Aliás, se isso acontecer, prometo nunca mais
chamar Pastor Everaldo de nanico. Não é justo comparar Pastor Everaldo ao Marco
Feliciano. Mesmo que eles concordem em muita coisa e sejam do mesmo partido, Feliciano
é falastrão, mal educado, preconceituoso e racista. Pastor Everaldo é discreto,
cordato e de fala mansa. Pastor Everaldo não fica repetindo as baboseiras de
Feliciano, mesmo que até posa concordar com elas. Pelo contrário, seu discurso
é bem articulado. Ele nunca diz que é contra o casamento entre homossexuais.
Sua estratégia é inteligente.
Pois, ele recorre aos aspectos mais conservadores da Constituição Federal,
como por exemplo, o artigo que determina que a união civil deve se dar entre o
homem e a mulher. Ele não diz nunca que é contra a descriminalização do aborto.
Ele sempre afirma que é contra o “assassinato de bebês". Vejam a
construção de um discurso. É claro que um candidato a presidente tem que ser
contra o assassinato de bebes, mas, ele pode, em certas condições, ser a favor
do aborto. Pastor Everaldo diz que seu foco é o resgate da família e da
segurança pública. É claro que ele será bem votado entre os eleitores
evangélicos, mas ele prefere afirmar que não é candidato de uma religião e que
só defende valores.
O que ele não diz é que esses valores são religiosos, familiares e
conservadores. Pastor Everaldo tem afirmado que está na hora do rebanho votar
no próprio pastor. Mas, ao que me parece o rebanho está procurando um
presidente, não um líder religioso. Pastor Everaldo não decola nas pesquisas
por não entender que o eleitor separa bem o líder religioso do líder político.
Inclusive, os brasileiros não parecem gostar da ideia de uma mesma pessoa
desempenhando as duas funções ao mesmo tempo. A candidatura do Pastor Everaldo
ainda tem algumas questões polêmicas para dar conta. Mesmo com essa postura
religiosa, voltada para os valores da família, em termo políticos vemos uma
constante incoerência mesclada ao fisiologismo de sempre.
Pastor Everaldo e o PSC apoiaram Lula do começo ao fim. Em 2010, até
ensaiaram uma aliança com José Serra e o PSDB. Coincidência ou não, foi depois
que o PT doou ao PSC a quantia de R$ 4,7 milhões que Pastor Everaldo manteve
seu apoio a Dilma. Ele tem dito que esse dinheiro pagou contas da campanha do
PSC em 2010. Certo, mas a questão não é o que foi feito com o dinheiro, mas os
motivos que levaram o PT, logo o PT, a doar tamanha quantia a outro partido. O
PCS vinha firme e forte compondo a bancada situacionista, até que Dilma deixou
de dar um ministério para os pastores políticos tomarem conta. Este ministério
foi para os comunistas do PC do B. Pastor Everaldo acusou o golpe e lançou sua
candidatura.
Ele já disse que só se lançou candidato por ter ficado profundamente
decepcionado com Dilma. Por decepção leia-se o fato do PSC não ter um
ministério para chamar de seu. A candidatura do Pastor Everaldo pode ser vista
como uma vingança sobre o PT. Pastor Everaldo gosta de umas frases de efeito.
Ele tem dito que na vida do cidadão deve haver menos Brasília e mais Brasil.
Inclusive, tem defendido um radical processo de privatização. Para ele, a
Petrobrás, por exemplo, deveria ser totalmente privatizada. O desempenho que
ele tiver nesta eleição determinará o que ele será no futuro. Se ele chegar a
ter uns dez pontos percentuais poderá vir a ser um gigante, do contrário será
sempre um pigmeu da política partidária a reboque de grandes interesses.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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