quinta-feira, 21 de agosto de 2014

NO AR, MAIS UM CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA.

Começou, na terça-feira, um dos maiores campeões de audiência do rádio e da TV brasileira. Eu falo da Propaganda Eleitoral Gratuita, mais conhecida como Guia Eleitoral. Não, eu não estou brincando. A propaganda eleitoral tem sim boa audiência. Também, pudera, ela é obrigatória, passa sempre nos horários nobres da audiência e a muito que deixou de ser aquela coisa enfadonha, sem graça, em que pese ela não ser gratuita. A propaganda eleitoral e paga, muito bem paga. O cara ouvinte quer saber quem paga essa conta? Elementar, somos nós os eleitores-contribuintes que pagamos a conta da democracia. É que os partidos usam o fundo político partidário para financiarem suas campanhas midiáticas.

E, claro, o fundo partidário é gerado pelos impostos que nós tanto pagamos. Como o que não tem remédio, remediado está, eu sugiro ao caro ouvinte que assista o guia eleitoral já que é você mesmo que está pagando a conta. Mas, o fato é que para o bem e para o mal, por mera curiosidade, para conhecer os candidatos, suas propostas, promessas e, porque não, mentiras, nós acompanhamos o guia eleitoral, nem que seja para xingar ou dar algumas boas gargalhadas. O guia eleitoral tem sim boa audiência, do contrário os partidos já teriam a muito dele desistido. O guia é tão importante nas campanhas eleitorais que determina aos atores e partidos políticos aquele processo nada republicano para formação das coligações.

Vejam que os partidos buscam se juntar em torno de uma candidatura visando, principalmente, os minutos e segundos do guia eleitoral. Se a propaganda não fosse importante partido nenhum se submeteria ao leilão promovido nas convenções. Algumas pessoas acompanham o guia como se estivessem assistindo uma corrida de Fórmula 1. Elas ficam, na frente da TV, esperando que um piloto sobre na curva e role para fora da pista. Elas até torcem para ver acidentes mais sérios. Eu mesmo já ouvi pessoas dizerem que assistem o guia eleitoral esperando a baixaria. E existem aqueles que torcem para ver o pior dos candidatos, os erros cometidos e as acusações. Já me foi dito que o guia só tem graça se tiver baixaria.
 
De fato, candidato educado demais, falando pausadamente, com um comportamento cordato não atrai audiência. Não é a toa que o falecido Enéas Carneiro, do extinto PRONA, terminou se tornando um case da propaganda eleitoral. Nos dois primeiros dias desse, Guia eleitoral, deu para ver que cada coligação proporcional já tem seus candidatos histriônicos. São aqueles que gritam, gesticulam demais e que não tem o menor pudor de dizer qualquer barbaridade que seja. O IBOPE realizou uma pesquisa, em abril, na cidade de São Paulo que se lida corretamente pode nos oferecer uma luz sobre nossa relação passional com o guia eleitoral. Digo passional porque, de fato, nós amamos odiar o guia eleitoral.

Perguntou-se aos entrevistados qual a influência dos programas eleitorais na decisão de em quem votar. 12% deles afirmaram que tem muita influência, 23% disseram pouca influência e 64% opinaram que não tem influência alguma. O IBOPE não perguntou aos paulistanos se eles assistem ao guia. A questão não era essa. O que se queria saber é de que maneira a propaganda influencia na decisão do eleitor. A ideia era precisar a importância do guia no processo de escolha eleitoral. Eu vou considerar que os entrevistados assistem, sim, ao guia, pois do contrário como eles poderiam responder as perguntas dessa pesquisa? É bom lembrar que o guia eleitoral termina sendo a forma mais acessível de se definir em quem votar.

Sem contar que existe boa possibilidade desses 12%, que aceitam a influência do guia, terem a capacidade de contaminar os que estam em sua volta. Assim a propaganda eleitoral teria uma capacidade multiplicadora. Já os 64%, que disseram que o guia não os influencia, podem ser exatamente aquelas pessoas que simplesmente desligam a TV todas as vezes que a “galera medonha”, como diz o Macaco Simão da Folha UOL, entra no ar. Como eu disse se o guia eleitoral não tem audiência ou mesmo influência, porque os partidos se bateriam em busca daqueles preciosos minutos? Se o guia fosse inútil, os políticos já tinham acabado com ele, pois eles são racionais.

Vejam que o PT foi (e é) alvo de disputa, aqui mesmo na Paraíba, pelos minutos que traz para o guia eleitoral da coligação que estiver compondo. PMDB e PSB disputam o PT pelas suas propostas? Claro que não! Um partido vale os minutos que tem no guia. Para quem não sabe o tempo de cada partido, no guia eleitoral, é determinado por um cálculo que considera o número de parlamentares que cada agremiação tem no Congresso Nacional, mais especificamente na Câmara dos Deputados. Se o caro ouvinte quer saber se é melhor sobrar ou faltar tempo na propaganda, eu não saberia dizer. Mas, não esqueçamos que o cidadão/eleitor/espectador tem ao alcance da mão o poder de fazer o candidato se calar, pelo menos até o próximo programa.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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