Começou, na terça-feira,
um dos maiores campeões de audiência do rádio e da TV brasileira. Eu falo da
Propaganda Eleitoral Gratuita, mais conhecida como Guia Eleitoral. Não, eu não
estou brincando. A propaganda eleitoral tem sim boa audiência. Também, pudera,
ela é obrigatória, passa sempre nos horários nobres da audiência e a muito que
deixou de ser aquela coisa enfadonha, sem graça, em que pese ela não ser
gratuita. A propaganda eleitoral e paga, muito bem paga. O cara ouvinte quer
saber quem paga essa conta? Elementar, somos nós os eleitores-contribuintes que
pagamos a conta da democracia. É que os partidos usam o fundo político
partidário para financiarem suas campanhas midiáticas.
E, claro, o fundo partidário é gerado pelos impostos que nós tanto
pagamos. Como o que não tem remédio, remediado está, eu sugiro ao caro ouvinte
que assista o guia eleitoral já que é você mesmo que está pagando a conta. Mas,
o fato é que para o bem e para o mal, por mera curiosidade, para conhecer os
candidatos, suas propostas, promessas e, porque não, mentiras, nós acompanhamos
o guia eleitoral, nem que seja para xingar ou dar algumas boas gargalhadas. O
guia eleitoral tem sim boa audiência, do contrário os partidos já teriam a
muito dele desistido. O guia é tão importante nas campanhas eleitorais que
determina aos atores e partidos políticos aquele processo nada republicano para
formação das coligações.
Vejam que os partidos buscam se juntar em torno de uma candidatura
visando, principalmente, os minutos e segundos do guia eleitoral. Se a
propaganda não fosse importante partido nenhum se submeteria ao leilão
promovido nas convenções. Algumas pessoas acompanham o guia como se estivessem
assistindo uma corrida de Fórmula 1. Elas ficam, na frente da TV, esperando que
um piloto sobre na curva e role para fora da pista. Elas até torcem para ver
acidentes mais sérios. Eu mesmo já ouvi pessoas dizerem que assistem o guia
eleitoral esperando a baixaria. E existem aqueles que torcem para ver o pior
dos candidatos, os erros cometidos e as acusações. Já me foi dito que o guia só
tem graça se tiver baixaria.
De fato, candidato educado demais, falando pausadamente, com um
comportamento cordato não atrai audiência. Não é a toa que o falecido Enéas
Carneiro, do extinto PRONA, terminou se tornando um case da propaganda
eleitoral. Nos dois primeiros dias desse, Guia eleitoral, deu para ver que cada
coligação proporcional já tem seus candidatos histriônicos. São aqueles que
gritam, gesticulam demais e que não tem o menor pudor de dizer qualquer
barbaridade que seja. O IBOPE realizou uma pesquisa, em abril, na cidade de São
Paulo que se lida corretamente pode nos oferecer uma luz sobre nossa relação
passional com o guia eleitoral. Digo passional porque, de fato, nós amamos
odiar o guia eleitoral.
Perguntou-se aos entrevistados qual a influência dos programas eleitorais
na decisão de em quem votar. 12% deles afirmaram que tem muita influência, 23%
disseram pouca influência e 64% opinaram que não tem influência alguma. O IBOPE
não perguntou aos paulistanos se eles assistem ao guia. A questão não era essa.
O que se queria saber é de que maneira a propaganda influencia na decisão do
eleitor. A ideia era precisar a importância do guia no processo de escolha
eleitoral. Eu vou considerar que os entrevistados assistem, sim, ao guia, pois
do contrário como eles poderiam responder as perguntas dessa pesquisa? É bom
lembrar que o guia eleitoral termina sendo a forma mais acessível de se definir
em quem votar.
Sem contar que existe boa possibilidade desses 12%, que aceitam a
influência do guia, terem a capacidade de contaminar os que estam em sua volta.
Assim a propaganda eleitoral teria uma capacidade multiplicadora. Já os 64%,
que disseram que o guia não os influencia, podem ser exatamente aquelas pessoas
que simplesmente desligam a TV todas as vezes que a “galera medonha”, como diz
o Macaco Simão da Folha UOL, entra no ar. Como eu disse se o guia eleitoral não
tem audiência ou mesmo influência, porque os partidos se bateriam em busca
daqueles preciosos minutos? Se o guia fosse inútil, os políticos já tinham
acabado com ele, pois eles são racionais.
Vejam que o PT foi (e é) alvo de disputa, aqui mesmo na Paraíba, pelos
minutos que traz para o guia eleitoral da coligação que estiver compondo. PMDB
e PSB disputam o PT pelas suas propostas? Claro que não! Um partido vale os
minutos que tem no guia. Para quem não sabe o tempo de cada partido, no guia
eleitoral, é determinado por um cálculo que considera o número de parlamentares
que cada agremiação tem no Congresso Nacional, mais especificamente na Câmara
dos Deputados. Se o caro ouvinte quer saber se é melhor sobrar ou faltar tempo
na propaganda, eu não saberia dizer. Mas, não esqueçamos que o
cidadão/eleitor/espectador tem ao alcance da mão o poder de fazer o candidato
se calar, pelo menos até o próximo programa.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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