
Ontem, alguns
órgãos da imprensa paraibana publicaram uma história inusitada, não tanto pelo
que ela apresenta, mas pelo fato ter acontecido num local inesperado e por ter
sido provocada por este momento eleitoral que já vivemos a plenos pulmões. A
história é simples, mas é carregada de simbolismos. Da forma como se deu, pode
nos servir para algum tipo de reflexão. Às vezes, a simplicidade de um gesto
pode influir bem mais do que a grandiosidade de um ato realizado por alguém que
tenha poder. A história se deu no “Sítio Zé Velho”, no município de Queimadas,
aqui, bem próximo de Campina Grande. O Agricultor Arnaldo Genuíno, de 62 anos,
resolveu protestar cansado das promessas e das visitas dos políticos apenas nos
períodos eleitorais.
Ele mandou pintar um faixa e a afixou num local visível, logo na entrada
de sua casa, com os seguintes dizeres: “É PROIBIDO À ENTRADA DE POLÍTICO".
Sim, assim mesmo, sem rodeios. “Seu” Arnaldo foi taxativo, direto ao ponto. Ele
bem que poderia ter colocado um aviso pedindo, delicadamente ou não, aos
políticos que não adentrassem, em sua propriedade, para lhe fazer promessas e
lhe pedir o voto. Um simples cartaz poderia resolver tudo. “Seu” Arnaldo
poderia informar, a cada um dos políticos, que não mais aceitaria que eles
viessem lhe tomar o tempo com promessas, sorrisos e os tapinhas às costas de
sempre que tanto irritam os que sabem que isso quer dizer absolutamente nada.
Mas, “Seu Arnaldo” não quer apenas manter os políticos longe de sua casa.
O que ele quer, na verdade, é protestar. A grande faixa que ele expôs é para
ser bem vista por todos aqueles que venham a passar por ali. Ao afirmar que os
políticos estam proibidos de entrar em sua casa, “Seu Arnaldo” está desabafando
sua revolta, sua exaustão para com esse estado de coisas. Foi a sua filha quem
bem explicou qual foi a intensão por trás desse gesto em sua essência político.
Poliana de Moura afirmou que a “faixa
serve de protesto contra a classe política”. Ela, e seu pai, acreditam que
este é um protesto que poderá servir de lição para os políticos, pelo menos
nessa época de eleição.

Poliana diz que prefeitos prometerem várias vezes fazer o calçamento das
vias enlameadas. Prometeram, ainda, a construção de uma passagem molhada na
via. Entrou eleição, saiu eleição, e os políticos sempre prometendo acabar com
a lama. “Seu Arnaldo” cansou das promessas. Ele até aceitava aturar os
políticos lhe dando tapinhas às costas, pois sempre alimentou a esperança de
que um dia alguém cumpriria a promessa.
Mas, “Seu Arnaldo” teve, então, um choque de realidade. Ele resolveu
deixar bem claro que não mais aceitará promessas e que, por isso mesmo, não
mais receberá a visita de políticos. Mas, não pensem que “Seu Arnaldo” é um
realista incorrigível como eu. Por favor, não o chamem de pessimista.

“Seu Arnaldo” passou muito tempo esperando que o Estado cumprisse sua
função precípua de proporcionar bem estar ao cidadão. Para ele, bem estar é não
ter lama à porta de sua casa. Simples assim. Para “Seu Arnaldo” não dá para
consagrar legitimidade a um sistema político que não serve para retirar a lama
que fica em torno de sua casa. O que ele quer é uma coisa que virou moda nos
discursos e nas promessas. “Seu Arnaldo” quer mobilidade urbana. Com sua
faixa mal criada, “Seu Arnaldo” expôs a fragilidade desse sistema político-partidário-eleitoral.
Ao expulsar os políticos de sua casa, em plena eleição, ele quis mostrar que
nosso sistema representativo está falido e que está na hora de limpar toda a
lama que está em nossa volta.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário