quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE-GOVERNADOR? PARTE V.

A equipe de Jornalismo da Campina FM entrevistou cinco, entre seis, candidatos a vice-governador do Estado da Paraíba. A ideia foi dar, aos vices, suficiente visibilidade para que o eleitor possa orientar mais e melhor sua decisão sobre em quem votar. Eu sei que não é parte de nossa tradição escolher em quem votar considerando, também, o vice de uma chapa que pleiteia um cargo majoritário. Como não é hábito nosso olhar para os dois suplentes que o candidato ao Senado Federal traz consigo. Muito se comenta sobre a eficiência de nosso sistema eleitoral e muitos querem mesmo acreditar que nossa democracia é sólida. Mas, o fato é que quando o assunto é a escolha de nossos governantes e representantes ainda estamos no jardim da infância.

É lamentável que, por exemplo, reservemos ao vice (prefeito, governador ou presidente) um papel desinteressante. Tratamos o vice como se ele fosse um plano de saúde particular que, pagamos para ter, e torcemos para nunca precisar usar. Em sólidas democracias, o vice importa e muito. Nos EUA, o vice funciona como uma espécie de conselheiro de luxo do presidente da República. Sem contar que ele assume tarefas relevantes no Conselho de Segurança do Departamento de Estado, por exemplo. Na hora de decidir em quem votar, os americanos olham para o vice, pois ele pode assumir depois daquele ciclo de dois mandatos do presidente. Nós, ao contrário, vemos o vice como um criado-mudo que é colocado num lugar e de lá não deve sair.


Marcos DiasOs políticos brasileiros não gostam de ser vice e, em geral, não gostam dos seus vices. Vejam que o governador Ricardo Coutinho e o seu vice, Rômulo Gouveia, se tornaram adversários depois de terem trocado juras de amor e fidelidade. O fato é que temos que ponderar sobre o vice na hora de escolher em quem votar. Se o candidato a governador agrada ao eleitor, mas o seu vice não, porque votar? Porque correr o risco de ter um vice que não se gosta como governador? Nas entrevistas que fizemos deu para perceber fragilidades de toda sorte nos candidatos a vice-governador. Podemos dizer que, na média, temos candidatos ao governo do Estado com qualidade razoável. Mas, já os seus vices....


Roberto PaulinoEu analisei o discurso de Marcos Dias, Roberto Paulino, Lígia Feliciano, Ruy Carneiro e Olavo Filho. Cá entre nós, caro ouvinte, eu vou torcer para que não aconteça nada com o titular de um desses que for eleito. É que os vices não inspiram lá muito segurança. Olavo Fº, candidato a vice-governador pelo PROS não conseguiu, para o bem, não para o mal, destoar de seus concorrentes. Ele apresentou as mesmas dificuldades de se fazer entender, com um discurso frágil, redundante, beirando a histeria. Quando perguntado por que ser candidato a vice-governador, Olavo relatou um único encontro que teve com o Major Fábio onde, depois de uma rápida conversa, decidiram que deveriam postular a chefia do poder executivo estadual.


Ruy CarneiroA objetividade desses candidatos é impressionante. O que os grandes partidos paraibanos só conseguiram depois de dia e dias, num processo nada republicano, o Major Fabio e seu vice, Olavo Fº, conseguiram resolver tudo em uma rápida conversa. E têm mais, segundo Olavo, eles decidiram se candidatar sem ao menos terem uma sigla partidária que lhes desse guarita para pretensões tão altas. Ao que tudo indica, até então Olavo Fº desconhecia por inteiro os meandros da gestão pública. A carreira política de Olavo, se é que podemos dizer que existe uma, parece ser feita de acasos. Como por encanto, Olavo montou um chapa com o Major Fábio. Não mais do que de repente, eles já tinha a legenda do PROS para se candidatarem.


Lígia Feliciano
Olavo nos falou que se tornou presidente, do PROS da Paraíba, no mesmo dia em que o partido foi registrado junto ao TSE. Olavo se diz um cidadão comum, que é empresário, corretor de imóveis, além de pastor de uma Igreja Evangélica. Na verdade, a ideia de Olavo é se colocar como diferente. Enquanto todos os outros candidatos são políticos, ele seria aquele que ainda não foi “contaminado” pelas coisas da política. Mas, como já vimos em outras eleições, isso nunca termina bem. O discurso de Olavo Filho é difuso e confuso. Ele não consegue centrar sua fala em um único ponto. Algo interessante de se ver é que passados apenas oito minutos da entrevista e ele parecia já ter dito tudo que tinha preparado.


Olavo FilhoEle falou do transporte público, da falta de água e do desenvolvimento ao mesmo tempo em que falou de um programa de governo que de tão perfeito termina não gerando, ou não inspirando, qualquer tipo de relação do eleitor com o seu partido. Olavo Filho se animou com a entrevista e desandou a falar. Num certo momento ele disse que o que lhe movia era a falta de incompetência junto aos gestores. Se falta incompetência, deveria sobrar competência. Assim, ele não precisaria ser candidato. Se lhe sobram motivações, faltam qualificativos.  Olavo Fº, como os outros candidatos, fala, fala muito. Eles apresentam discursos de mais, para propostas de menos. Os candidatos à vice, que temos por hora, nos dão a impressão que seria melhor não tê-los.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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