A equipe de
Jornalismo da Campina FM entrevistou cinco, entre seis, candidatos a
vice-governador do Estado da Paraíba. A ideia foi dar, aos vices, suficiente
visibilidade para que o eleitor possa orientar mais e melhor sua decisão sobre
em quem votar. Eu sei que não é parte de nossa tradição escolher em quem votar
considerando, também, o vice de uma chapa que pleiteia um cargo majoritário.
Como não é hábito nosso olhar para os dois suplentes que o candidato ao Senado
Federal traz consigo. Muito se comenta sobre a eficiência de nosso sistema
eleitoral e muitos querem mesmo acreditar que nossa democracia é sólida. Mas, o
fato é que quando o assunto é a escolha de nossos governantes e representantes
ainda estamos no jardim da infância.
É lamentável que, por exemplo, reservemos ao vice (prefeito, governador ou
presidente) um papel desinteressante. Tratamos o vice como se ele fosse um
plano de saúde particular que, pagamos para ter, e torcemos para nunca precisar
usar. Em sólidas democracias, o vice importa e muito. Nos EUA, o vice funciona
como uma espécie de conselheiro de luxo do presidente da República. Sem contar
que ele assume tarefas relevantes no Conselho de Segurança do Departamento de
Estado, por exemplo. Na hora de decidir em quem votar, os americanos olham para
o vice, pois ele pode assumir depois daquele ciclo de dois mandatos do
presidente. Nós, ao contrário, vemos o vice como um criado-mudo que é colocado
num lugar e de lá não deve sair.
Os políticos brasileiros não gostam de ser vice e, em geral, não gostam
dos seus vices. Vejam que o governador Ricardo Coutinho e o seu vice, Rômulo
Gouveia, se tornaram adversários depois de terem trocado juras de amor e
fidelidade. O fato é que temos que ponderar sobre o vice na hora de escolher em
quem votar. Se o candidato a governador agrada ao eleitor, mas o seu vice não,
porque votar? Porque correr o risco de ter um vice que não se gosta como
governador? Nas entrevistas que fizemos deu para perceber fragilidades de toda
sorte nos candidatos a vice-governador. Podemos dizer que, na média, temos
candidatos ao governo do Estado com qualidade razoável. Mas, já os seus
vices....
Eu analisei o discurso de Marcos Dias, Roberto Paulino, Lígia Feliciano,
Ruy Carneiro e Olavo Filho. Cá entre nós, caro ouvinte, eu vou torcer para que
não aconteça nada com o titular de um desses que for eleito. É que os vices não
inspiram lá muito segurança. Olavo Fº, candidato a vice-governador pelo PROS
não conseguiu, para o bem, não para o mal, destoar de seus concorrentes. Ele
apresentou as mesmas dificuldades de se fazer entender, com um discurso frágil,
redundante, beirando a histeria. Quando perguntado por que ser candidato a
vice-governador, Olavo relatou um único encontro que teve com o Major Fábio
onde, depois de uma rápida conversa, decidiram que deveriam postular a chefia
do poder executivo estadual.
A objetividade desses candidatos é impressionante. O que os grandes
partidos paraibanos só conseguiram depois de dia e dias, num processo nada
republicano, o Major Fabio e seu vice, Olavo Fº, conseguiram resolver tudo em
uma rápida conversa. E têm mais, segundo Olavo, eles decidiram se candidatar
sem ao menos terem uma sigla partidária que lhes desse guarita para pretensões
tão altas. Ao que tudo indica, até então Olavo Fº desconhecia por inteiro os
meandros da gestão pública. A carreira política de Olavo, se é que podemos
dizer que existe uma, parece ser feita de acasos. Como por encanto, Olavo
montou um chapa com o Major Fábio. Não mais do que de repente, eles já tinha a
legenda do PROS para se candidatarem.
Olavo nos falou que se tornou presidente, do PROS da Paraíba, no mesmo dia
em que o partido foi registrado junto ao TSE. Olavo se diz um cidadão comum,
que é empresário, corretor de imóveis, além de pastor de uma Igreja Evangélica.
Na verdade, a ideia de Olavo é se colocar como diferente. Enquanto todos os
outros candidatos são políticos, ele seria aquele que ainda não foi
“contaminado” pelas coisas da política. Mas, como já vimos em outras eleições,
isso nunca termina bem. O discurso de Olavo Filho é difuso e confuso. Ele não
consegue centrar sua fala em um único ponto. Algo interessante de se ver é que
passados apenas oito minutos da entrevista e ele parecia já ter dito tudo que
tinha preparado.
Ele falou do transporte público, da falta de água e do desenvolvimento ao
mesmo tempo em que falou de um programa de governo que de tão perfeito termina
não gerando, ou não inspirando, qualquer tipo de relação do eleitor com o seu
partido. Olavo Filho se animou com a entrevista e desandou a falar. Num certo momento
ele disse que o que lhe movia era a falta de incompetência junto aos gestores.
Se falta incompetência, deveria sobrar competência. Assim, ele não precisaria
ser candidato. Se lhe sobram motivações, faltam qualificativos. Olavo Fº, como os outros candidatos, fala,
fala muito. Eles apresentam discursos de mais, para propostas de menos. Os
candidatos à vice, que temos por hora, nos dão a impressão que seria melhor não
tê-los.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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