quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A NUVEM E A PESQUISA DE HOJE.


As pesquisas estam para os processos eleitorais como a cereja está para o bolo de aniversário. Não é que o bolo tenha que ficar ruim sem cereja. Mas, é que ela torna tudo mais saboroso. A cereja traz um gostinho especial ao bolo. Assim são as pesquisas em relação ao processo eleitoral. Poderíamos ter uma eleição sem pesquisas, mas quem poderá negar que as aferições, do que o eleitor fará na urna, dão às eleições um sabor, uma emoção, a mais? O caro ouvinte consegue imaginar uma eleição sem pesquisas? Eu, nem ouso pensar numa situação como esta. Como faria para analisar os rumos de uma eleição complexa, como esta para presidente da República, sem ter os instrumentos necessários?

Na terça feira saiu a tão esperada pesquisa eleitoral do IBOPE, com números para às eleições presidenciais. Havia uma grande ansiedade entre jornalistas e comentarista em torno dessa pesquisa que a Rede Globo contratou junto ao IBOPE. Um amigo meu, jornalista em Recife, me disse que demorou a dormir na noite da segunda-feira tentando desenhar cenários caso acontecesse, na pesquisa do IBOPE, o que de fato aconteceu, i.e., Marina Silva tomando o 2º lugar de Aécio Neves. Talvez isso seja um exagero, eu mesmo nunca perdi uma noite sequer de sono por causa de uma pesquisa, prefiro deixar isso para os políticos que não negam jamais a importâncias das aferições eleitorais.

De fato, esta pesquisa é, sim, diferenciada das outras pelo momento em que foi feita e divulgada. O IBOPE enviou seus pesquisadores à rua entre os dias 23 e 25 desse mês de agosto. Foi à primeira pesquisa do Instituto depois de morte de Eduardo Campos. Esta é a primeira pesquisa, feita por um grande instituto, após a estreia do Guia Eleitoral no rádio e na TV e após o PSB ter definido que Marina Silva seria sua candidata a presidente. Além disso, a pesquisa foi estrategicamente divulgada no mesmo dia do primeiro grande debate, entre os candidatos a presidente da República, que tradicionalmente a TV Bandeirantes de São Paulo promove a cada eleição.

Mas, vamos aos números, sem esquecer que quando o eleitor é entrevistado está motivado pela escolha que fará nas urnas, pelo impacto dos fatos políticos do momento, pela avaliação que faz do governo e das condições materiais que dispõem. Dilma Rousseff aparece em 1º lugar com 34% das intenções de voto.  Na pesquisa do Datafolha de 18/08, Dilma tinha 36%. Marina, que no Datafolha já estava em 2º lugar com 21%, tomou o 2º lugar de Aécio Neves, aparecendo com 29% no IBOPE. Aécio Neves caiu para o 3º lugar, aparecendo com 19 pontos percentuais. Pelo Datafolha, Aécio tinha 20%. Assim, o placar do IBOPE de terça-feira é Dilma com 34%, Marina com 29% e Aécio com 19%.

A margem de erro dessa pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O que significa que se adicionarmos ou subtrairmos 2 pontos, de qualquer um dos três candidatos, eles permaneceriam nos mesmos lugares. O que deve nos chama atenção nesta pesquisa? Dilma ter caído um pouco mais, Marina ter subido consideravelmente e Aécio manter a tendência decrescente que vem demonstrando desde o começo desse mês de agosto. A “nanicada” conhecida reúne apenas dois pontos percentuais. Cada vez mais Dilma se distancia daquele percentual necessário para que pudéssemos não ter o 2º turno. A preço de hoje, Dilma tem 34% contra exatos 50% de todos os outros candidatos juntos.

O que não é possível afirmar é se essa pequena queda de Dilma é motivada pelo aumento de sua rejeição e da avaliação negativa de seu governo ou se é Marina Silva começando a fazer estragos no capital eleitoral da presidente. O que se percebe mesmo é que Marina avançou sobre Aécio Neves de uma forma avassaladora. Vejam que, sem tomar conhecimento, ela passou o senador abrindo uma diferença de 10 pontos percentuais. Sempre se poderá dizer que essa ascensão de Marina é fruto da comoção causada pela morte de Eduardo Campos, mas é bom lembrar que em outubro de 2013 Marina aparecia, numa pesquisa Datafolha, com os mesmos 29 pontos percentuais de agora.

Naquele momento, se cogitava bem mais Eduardo Campos sendo o vice de Marina. Se a tese da comoção é crível, os marqueteiros de Dilma e Aécio deveriam esperar o eleitorado esquecer Eduardo Campos e ver Marina despencar nas pesquisas. Do contrário, que se acendam as luzes vermelhas nos comitês do PT e do PSDB, pois o IBOPE aferiu que se Marina for para o 2º com Dilma ganha eleição com 45% contra 36% da presidente. Marina já mostrou que não é uma candidata que se deva subestimar. Mas, como caldo de galinha, cautela e chocolate nunca fizeram mal a ninguém recomendo que não se apregoe vitórias antes do tempo. Ainda vem por aí um longo setembro de campanha eleitoral. Para uns, ele trará boas novas, para outros, péssimas notícias. Aguardemos, então!


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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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