As pesquisas estam
para os processos eleitorais como a cereja está para o bolo de aniversário. Não
é que o bolo tenha que ficar ruim sem cereja. Mas, é que ela torna tudo mais
saboroso. A cereja traz um gostinho especial ao bolo. Assim são as pesquisas em
relação ao processo eleitoral. Poderíamos ter uma eleição sem pesquisas, mas
quem poderá negar que as aferições, do que o eleitor fará na urna, dão às
eleições um sabor, uma emoção, a mais? O caro ouvinte consegue imaginar uma
eleição sem pesquisas? Eu, nem ouso pensar numa situação como esta. Como faria
para analisar os rumos de uma eleição complexa, como esta para presidente da
República, sem ter os instrumentos necessários?
Na terça feira saiu a tão esperada pesquisa eleitoral do IBOPE, com
números para às eleições presidenciais. Havia uma grande ansiedade entre
jornalistas e comentarista em torno dessa pesquisa que a Rede Globo contratou
junto ao IBOPE. Um amigo meu, jornalista em Recife, me disse que demorou a
dormir na noite da segunda-feira tentando desenhar cenários caso acontecesse,
na pesquisa do IBOPE, o que de fato aconteceu, i.e., Marina Silva tomando o 2º
lugar de Aécio Neves. Talvez isso seja um exagero, eu mesmo nunca perdi uma
noite sequer de sono por causa de uma pesquisa, prefiro deixar isso para os políticos
que não negam jamais a importâncias das aferições eleitorais.
De fato, esta pesquisa é, sim, diferenciada das outras pelo momento em que
foi feita e divulgada. O IBOPE enviou seus pesquisadores à rua entre os dias 23
e 25 desse mês de agosto. Foi à primeira pesquisa do Instituto depois de morte
de Eduardo Campos. Esta é a primeira pesquisa, feita por um grande instituto,
após a estreia do Guia Eleitoral no rádio e na TV e após o PSB ter definido que
Marina Silva seria sua candidata a presidente. Além disso, a pesquisa foi
estrategicamente divulgada no mesmo dia do primeiro grande debate, entre os
candidatos a presidente da República, que tradicionalmente a TV Bandeirantes de
São Paulo promove a cada eleição.
Mas, vamos aos números, sem esquecer que quando o eleitor é entrevistado
está motivado pela escolha que fará nas urnas, pelo impacto dos fatos políticos
do momento, pela avaliação que faz do governo e das condições materiais que
dispõem. Dilma Rousseff aparece em 1º lugar com 34% das intenções de voto. Na pesquisa do Datafolha de 18/08, Dilma
tinha 36%. Marina, que no Datafolha já estava em 2º lugar com 21%, tomou o 2º
lugar de Aécio Neves, aparecendo com 29% no IBOPE. Aécio Neves caiu para o 3º
lugar, aparecendo com 19 pontos percentuais. Pelo Datafolha, Aécio tinha 20%.
Assim, o placar do IBOPE de terça-feira é Dilma com 34%, Marina com 29% e Aécio
com 19%.
A margem de erro dessa pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou
para menos. O que significa que se adicionarmos ou subtrairmos 2 pontos, de
qualquer um dos três candidatos, eles permaneceriam nos mesmos lugares. O que
deve nos chama atenção nesta pesquisa? Dilma ter caído um pouco mais, Marina
ter subido consideravelmente e Aécio manter a tendência decrescente que vem
demonstrando desde o começo desse mês de agosto. A “nanicada” conhecida reúne
apenas dois pontos percentuais. Cada vez mais Dilma se distancia daquele
percentual necessário para que pudéssemos não ter o 2º turno. A preço de hoje,
Dilma tem 34% contra exatos 50% de todos os outros candidatos juntos.
O que não é possível afirmar é se essa pequena queda de Dilma é motivada
pelo aumento de sua rejeição e da avaliação negativa de seu governo ou se é
Marina Silva começando a fazer estragos no capital eleitoral da presidente. O
que se percebe mesmo é que Marina avançou sobre Aécio Neves de uma forma
avassaladora. Vejam que, sem tomar conhecimento, ela passou o senador abrindo
uma diferença de 10 pontos percentuais. Sempre se poderá dizer que essa
ascensão de Marina é fruto da comoção causada pela morte de Eduardo Campos, mas
é bom lembrar que em outubro de 2013 Marina aparecia, numa pesquisa Datafolha,
com os mesmos 29 pontos percentuais de agora.
Naquele momento, se cogitava bem mais Eduardo Campos sendo o vice de
Marina. Se a tese da comoção é crível, os marqueteiros de Dilma e Aécio
deveriam esperar o eleitorado esquecer Eduardo Campos e ver Marina despencar
nas pesquisas. Do contrário, que se acendam as luzes vermelhas nos comitês do
PT e do PSDB, pois o IBOPE aferiu que se Marina for para o 2º com Dilma ganha
eleição com 45% contra 36% da presidente. Marina já mostrou que não é uma
candidata que se deva subestimar. Mas, como caldo de galinha, cautela e
chocolate nunca fizeram mal a ninguém recomendo que não se apregoe vitórias
antes do tempo. Ainda vem por aí um longo setembro de campanha eleitoral. Para
uns, ele trará boas novas, para outros, péssimas notícias. Aguardemos, então!
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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