No final do mês de Maio, Eduardo Campos veio à Campina Grande para uma visita de sua campanha eleitoral. Naquele momento, Eduardo se apresentava como “o futuro” e dizia que um nordestino precisava voltar a governar o Brasil. Em maio, além da certeza de que seria mesmo candidato a presidente, tendo Marina Silva como vice, Eduardo Campos não passava de uma promessa futura, pois ele continuava patinando entre os 5 e 6 pontos percentuais nas pesquisas. Agora, de acordo com a Pesquisa Ibope, divulgada no final da semana passada, o ex-governador de Pernambuco tinha chegado aos 9 pontos percentuais. Isso o deixava otimista, pois além de crescer nas pesquisas, ele tinha baixos índices de rejeição.
Eduardo Campos chegou a ser o governador de Estado mais bem avaliado de
todo o Brasil alcançando invejáveis 87% de aprovação de seu governo. E isso foi
no começo do 2º semestre de 2013 quando os políticos sofriam as consequências
das manifestações. Sim. Eduardo Campos era uma promessa futura, já que esta
eleição serviria para projetá-lo nacionalmente, pois dificilmente ele
conseguiria chegar no 2º turno. O que não quer dizer que já não estivesse
desempenhando papel importante no processo. É que como ele vinha crescendo nas
pesquisas, havia a possibilidade dele influir diretamente para levar a eleição
ao 2º turno. Inclusive, havia uma disputa acirrada entre o PT e o PSDB para ver
quem iria ser apoiado por Eduardo Campos no 2º turno.
O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL Notícias, disse que a morte de
Eduardo interrompeu um ciclo de renovação da política nacional. Ele lembrou
que, fora do PT e do PSDB, não haveria outro político jovem com essa capacidade
renovadora. Eduardo dizia: “Eu vou ganhar a eleição, porque o povo está cansado
da polarização PT/PSDB”. Faz, ou fazia, sentido. Mas, é bom lembrar que o povo
está cansado disso, mas não parece cansado do modelo tão próprio encarnado pelo
PT e pelo PSDB. O ex-presidente Lula dizia a Eduardo: “Um dia, você vai ser
presidente da República”. Na verdade, Lula queria dizer que Eduardo iria, sim,
ser presidente, mas só quando finalmente acabasse o ciclo de Dilma e dele
próprio no Palácio da Alvorada.
Eu não sei, ninguém sabe, se Eduardo encarnaria este futuro promissor de
modo a transformá-lo num presente interesse para todos nós. O fato é que é
mesmo lamentável que alguém tão jovem, com tantas possibilidades, tenha
desaparecido dessa forma. Eu não posso afirmar se Eduardo Campos era exemplo de
renovação. Mesmo tendo sido um bom governante, com desempenho bem acima da
média nacional, e com um currículo sem máculas ou fissuras, Eduardo era um ator
político racional, pragmático. Ele compôs alianças regionais, em nome do PSB, e
em nível nacional com partidos mestres na prática do fisiologismo político.
Apesar de que, Eduardo foi um dos responsáveis por um dos lances mais
inteligentes da política dos últimos tempos.
Eduardo foi capaz de articular a ida de Marina Silva para o seu partido,
depois que o PT e o PMDB influíram pesadamente, junto ao TSE, para impedir a
transformação do REDE Sustentabilidade em um partido político. Eduardo foi
hábil em convencer o PSB em dar guarita a Marina Silva. Convenhamos, Eduardo
foi aos poucos conquistando Marina. Ela foi deixando de lado seu jeito
desconfiado e nos últimos dias aparecia sempre muito sorridente ao lado de Eduardo.
Inclusive, a pergunta que não quer calar é se Marina Silva será a substituta de
Eduardo Campos, i.e., se ela será a candidata a presidente pelo PSB, restando a
Coligação Unidos pelo Brasil a tarefa de escolher um novo vice para Marina.
De acordo com a legislação se faculta ao partido, ou à coligação,
substituir o candidato que falecer, que for inelegível ou que renunciar. A
escolha do substituto será feita de acordo com o estatuto do partido a que
pertence o candidato a ser substituído. O novo candidato deve ser escolhido por
decisão da maioria absoluta dos partidos coligados. O substituto pode ser
filiado a qualquer um dos partidos coligados, desde que o partido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. Um novo candidato
deve ser registrado, junto ao TSE, num prazo máximo de dez dias após a morte do
candidato. Seria lógico e até legitimo que Marina Silva se tornasse a candidata
a presidente pelo PSB? Seria, se nós estivéssemos na Dinamarca.
No Brasil, a política é tão surpreendente quanto à própria morte. A
coligação que abriga a chapa Eduardo/Marina é composta por PHS, PRP, PPS, PPL,
PSB e PSL. Não foi nada fácil para Eduardo convencer estes partidos de
aceitarem Marina como sua vice. Eu não me surpreenderei se estes partidos resolverem
negar apoio a Marina Silva e buscarem outro candidato. Apesar de que, o
pragmatismo deles pode falar mais alto se lembrarem do bom desempenho que
Marina teve nas urnas em 2010. Se prevalecer o bom senso, isso nem sempre
acontece na política brasileira, Marina se torna candidata pelo PSB com mais
chances de ir ao 2º turno. Bem mais do que tem Aécio Neves e mais do que teria
o próprio Eduardo Campos. Marina, fadada a ser mero coadjuvante dessas
eleições, poderá voltar a ser protagonista da cena eleitoral. Aliás, se Mariana
se tornar candidata a presidente o jogo mudará por completo e poderemos até ter
um 2º turno com duas mulheres: Dilma X Marina.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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