A equipe de
Jornalismo da Campina FM segue entrevistando os candidatos ao governo do Estado
da Paraíba, sempre aos sábados. Hoje, eu analiso o discurso do candidato, pelo
PSOL, Tárcio Teixeira que nos concedeu entrevista no dia 02 de agosto. Tárcio
iniciou a entrevista já expondo o que vem a ser a principal contradição de sua
candidatura. É que ele e o seu partido, como de resto as candidaturas da
esquerda socialista, não acreditam no processo eleitoral do qual são atores
políticos. Tárcio afirmou que “nossa candidatura tem amplas criticas ao atual
sistema político e com a forma excludente como trata a população”. Ele disse
que “nossa tradição é no sentido de apresentar uma alternativa coerente a tudo
isso”.
Não é de hoje que a esquerda socialista desdenha do sistema
político-eleitoral do qual não abre mão de participar. Vem de longe o discurso
que menospreza as instituições políticas, mesmo que exista a prática de nelas
atuar. Em um artigo de janeiro, intitulado “A
pré-candidatura ao Governo da Paraíba não é minha, é nossa!”, Tárcio
Teixeira tenta lidar com o paradoxo de ser contra o sistema representativo que
temos e, ao mesmo tempo, dele participar.
Diz ele que: “Sou chamado para
assumir uma candidatura, para construção partidária ou para disputar vaga no
parlamento ou no executivo, mas até hoje não havia assumido uma tarefa no
processo eleitoral da democracia burguesa”.
Tárcio diz, ainda, que essa tal democracia burguesa é um “espaço nada favorável aos que acreditam na
luta coletiva e em uma sociedade sem explorados e exploradores”. O texto se
equivoca com os conceitos da teoria democrática e tropeça nas contradições. No
Brasil, praticamos uma democracia de procedimentos eleitorais. O nosso sistema
é representativo, onde os vários setores sociais lutam por espaços no
parlamento. Sim, o poder econômico é fundamental para se obter o poder político.
A esquerda socialista, da qual Tárcio faz parte, acredita na ideia, que vem dos
tempos da publicação do Manifesto Comunista de 1848, escrito por Karl Marx e
Friedrich Engels, de que o parlamento é o balcão de negócios da burguesia.
Eis o ponto central da contradição. O PSOL, de Tárcio, quer dispor de
vagas no parlamento para lutar pelos interesses dos trabalhadores e defender o
socialismo, mas de que maneira fará isso numa estrutura que pertenceria à
burguesia? De fato, o parlamento não é espaço favorável para se defender o
socialismo. Mas, se é assim, porque continuar insistindo em fazer parte dessa
estrutura? O que essa esquerda não entende é o tipo de conformação social e
política que temos no parlamento. Ele não é exclusivamente burguês. O Congresso
Nacional é, na verdade, uma representação, desigual, não tenha dúvidas, dos
vários setores políticos, econômicos, sociais, religiosos, futebolísticos, etc,
de nossa sociedade.
Outra coisa que me chamou atenção no artigo de Tárcio foi ele ter afirmado
que: “Não sou um político, sou um
militante da luta cotidiana com lado claro e preciso”. Como assim? Como não
é político? Como é que um candidato a um cargo no Poder Executivo pode afirmar
que não é político? Não existem diferenças entre ser militante e ser político.
Todo e qualquer militante é um político. O militante é aquele que defende uma
causa, não importa qual. Quando alguém defende alguma coisa, quando luta por
essa coisa, está sendo um político. Uma das coisas que pode fazer, desculpem-me
a redundância, um militante-politico é se candidatar a um cargo eletivo.
Tárcio diz que sua candidatura é alternativa e necessária para a
realidade, pois ela seria fruto das reivindicações que surgiram das
manifestações de 2013. Mas, se lembro bem, os manifestantes abominavam os
partidos, inclusive os de esquerda. Como não poderia deixar de ser, Tárcio não
se esquivou de criticar duramente o candidato à reeleição, Ricardo Coutinho, e
as outras candidaturas que seriam as legitimas representantes da burguesia. É natural que Tárcio queira dirigir suas
criticas ao governo, já que conta com o apoio de sindicatos de categorias do
funcionalismo público estadual. Aqui temos crise existencial da esquerda
socialista que não sabe como não lidar com sua condição sindicalista.
Inclusive, para Tárcio, não existem várias candidaturas de oposição e de
situação. O que existiria, na verdade, são dois grandes blocos. Um que
representaria a elite político-econômica e outra que falaria em nome dos
trabalhadores. Para Tárcio esta eleição, é na verdade, a reprodução da eterna
luta entre explorados e exploradores. Mas, se assim o fosse, Ricardo Coutinho e
Cássio Cunha Lima não teriam deixado para trás aquela aliança montada em 2010.
De fato, as candidaturas são representantes de determinados setores da
sociedade. O que elas fazem, numa eleição, é tentar convencer o eleitorado, no
geral, de que suas postulações são viáveis. É, exatamente isso que Tárcio e o
PSOL não compreende.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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