sexta-feira, 1 de agosto de 2014

UMA CANDIDATURA VITAL PARA O PMDB

A entrevista com Vital Filho, que é candidato ao governo, era esperada pelo protagonismo desempenhado pelo PMDB, e suas principais lideranças, no processo nada republicano que definiu as candidaturas e coligações para as eleições na Paraíba. E, de fato, Vital Fº não decepcionou nos concedendo uma entrevista dinâmica onde foram abordadas várias questões relativas ao processo eleitoral e aos temas mais cadentes que mobilizam, ou deveriam mobilizar a sociedade paraibana. Não deixa de ser interessante debater, sobre as coisas da política, com alguém que tem a experiência de Vital Fº. A título de lembrança, ele já foi deputado estadual e federal e ocupa, com destaque, diga-se de passagem, uma cadeira no Senado Federal.

Ao contrário de candidatos sem experiência e com pouco, ou nenhum, conhecimento de causa, Vital Fº sabe bem o que, como e porque falar. Mas, é exatamente aí que as coisas ficam mais complexas numa entrevista com ele. É que Vital sabe bem como não responder uma questão incômoda. Ele bem sabe como fazer para fugir dos temas inoportunos para sua candidatura. Vital Filho é um dos poucos políticos da Paraíba que domina a arte de variar sobre o mesmo tema. Vital tem uma característica que o torna diferente de tantos outros políticos. É que ele acredita piamente em cada uma das palavras que pronuncia. Até mesmo quando promete, o político Vital fala convencido do que está a dizer.

A entrevista com o candidato do PMDB foi esclarecedora. Mesmo que ele não tenha admitido integralmente, não me restaram dúvidas quanto aos objetivos dele se lançar num processo eleitoral polarizado por duas outras candidaturas. Logo em sua primeira fala, Vital colocou sua candidatura em nome do PMDB e do PT, mesmo que saibamos que a maioria dos petistas paraibanos estam apoiando o projeto de reeleição do governador Ricardo Coutinho. E isso, claro, foi deliberado, pois uma das motivações para o PMDB ter candidatura própria, na Paraíba, é para que Dilma Rousseff possa ter seu próprio palanque, com seus aliados em nível nacional, em nosso Estado.

Vital Fº fez questão de afirmar e reafirmar, durante toda a entrevista, que sua candidatura é fruto, não só, mas também, da aliança entre o PMDB e o PT, que vem se mantendo desde o primeiro governo de Lula. Esse deve ser um dos motes da campanha do PMDB. Vital Fº falou bastante do governo Dilma e de suas realizações. Num determinado momento da entrevista, ele falava da necessidade de termos, na Paraíba, um porto de águas profundas. Como por encanto, rapidamente, ele passou por uma porta lateral e entrou na seara dos programas sociais, assistencialistas ou não, do governo Dilma. Não mais do que de repente, estava Vital a falar do Programa Brasil Carinhoso e do “Bolsa Família”.


Fosse Vital Fº dos quadros do PT e, talvez, ele não defendesse tanto o governo de Dilma. Vejam a contradição. Em nível nacional, o PMDB surfa na onda da continuidade, mas em nível estadual defende as mudanças. A tirar pelas pesquisas, parece que é o PMDB nacional que está com a razão, pois a candidatura de Vital ainda patina num incômodo patamar de quatro a cinco pontos percentuais. Mas, este é um dos dilemas dessa eleição. Pois, ainda não dá para afirmar o que está se passado pela cabeça do eleitor. Ainda não se sabe se ele quer o continuísmo ou a mudança. A quem diga que, este ano, o eleitor brasileiro quer mudanças na forma de governar, mas não quer mudar de governo.


Vital Fº afirmou que pretende dar continuidade, caso seja eleito, ao projeto econômico e social do governo federal na Paraíba. Ou seja, ele demarcou seu campo de atuação. Isso é algo interessante, pois não mascara intenções e não confunde o eleitor. Mas, Vital pertence ao maior partido do Brasil. Por isso, tem que reproduzir o discurso da continuidade. É que o PMDB é, por definição, governista. Esta é a contradição de uma candidatura que se apresenta com alguma força na forma, mas frágil em termos de conteúdo. Vital sabe bem trabalhar com as palavras. Ele admite que “o PMDB passa por um ciclo de dificuldades” até porque isto está bem claro para os paraibanos. Mas, logo em seguida ele passa a atacar seus adversários que até bem pouco tempo eram aliados.

É que Vital é consciente do quanto essa bipolarização entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho pode ter efeitos danosos para sua candidatura. Apesar de que isso é uma questão do 1º turno, pois no 2º turno tudo poderá e será diferente. Vital não parece tratar sua candidatura como prioridade, pois ele afirmou que continuará, durante a campanha, a frente de suas obrigações parlamentares em Brasília. Por exemplo, ele não vai se afastar da presidência da CPI da Petrobrás. Na verdade, é que uma coisa está ligada a outra. O governo federal só aceitou apoiar à postulação do PMDB paraibano se o senador Vital permanecesse à frente da CPI da Petrobrás, sendo que a recíproca é mais ou menos verdadeira. Eu ainda voltarei a analisar a entrevista de Vital Filho, pois ela nos oferece elementos para entendermos o atual processo político eleitoral da Paraíba.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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