segunda-feira, 4 de agosto de 2014

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE-GOVERNADOR? PARTE IV

Na série de entrevistas que fizemos com os candidatos a vice-governador do Estado da Paraíba, podemos ver de tudo um pouco, principalmente que a maioria deles não está minimamente preparada para assumir o governo, caso seja necessário. Inclusive, este é nosso objetivo com essas entrevistas. Queremos que os candidatos a vice-governador se exponham ao máximo, que apresentem suas ideias, pois um vice pode vir a se tornar governador de uma maneira ou outra. Em nossa recente história politica temos exemplos do vice que se tornou governador. Foi o caso de José Maranhão quando Antônio Mariz faleceu em 1995. Foi o caso de Roberto Paulino quando Maranhão renunciou, em 2002, para se candidatar ao senado.

Se Ricardo Coutinho for reeleito, por exemplo, só poderá se candidatar a um cargo eletivo, em 2018, se renunciar ao seu mandato de governador. Assim, sua vice, Ligia Feliciano pode vir a se tornar governadora da Paraíba. Ruy Carneiro, do PSDB, pode vir a se tornar governador, se Cássio Cunha Lima for eleito e ainda vier a ter problemas, com a justiça eleitoral, que o impeçam de tomar posse ou mesmo de concluir seu governo. Analisemos, então, o discurso do deputado federal Ruy Carneiro, candidato a vice-governador na chapa de Cássio Cunha Lima. Aliás, é sempre bom lembrar a opção dos tucanos de irem para a eleição com uma chapa puro sangue.

Talvez, o próprio Cássio Cunha Lima ainda tenha algum receio em relação as suas condições de elegibilidade e governabilidade. Por isso a opção de ter um vice do mesmo partido. Caso as coisas não deem certo, o PSDB não perderia o mandato de governador. Interessa lembrar que o nível de acirramento dessa eleição, entre as candidaturas do PSDB e do PSB, é tal que a possibilidade dela ser judicializada é tão clara quanto à luz do sol. Pior, do jeito que as coisas vão, ela pode terminar sendo criminalizada. Ruy Carneiro começou a entrevista descrevendo seu histórico, como político que foi vereador, deputado estadual e federal, além de ter atuado no poder executivo como secretario de Estado. Ruy até se permitiu uma redundância das mais óbvias.
 
Ele disse que prefere o Poder Executivo porque ele executa. Exatamente, o poder executivo executa, assim como o Legislativo, legisla. Esse tipo de observação tem que ser considerada, pois ela dá a entender que um poder atua, enquanto o outro nada faz. Ruy esteve titubeante, ponderando suas palavras. Mas, terminou dizendo que se tornou o vice na chapa de Cássio Cunha Lima por causa de um convite que recebeu do senador. Na verdade, Ruy não respondeu por que, afinal, se tornou candidato a vice-governador. Ele disse que com Cássio poderá desempenhar “um mandato igual ao mandato de governador, pela relação de confiança que nós temos”. O fato é que o vice só desempenha as mesmas funções do governador quando este está impedido de atuar.

Ruy parecia mesmo inseguro. Assim como outros candidatos que entrevistamos, ele parece não ter se preparado bem para enfrentar este processo. Vejam que ele se confundiu e disse que “eu fui para Campina receber o apoio do prefeito André Gadelha”. Pareceu que Ruy havia esquecido que estava na cidade de Campina Grande e que o prefeito daqui é Romero Rodrigues, seu companheiro de partido, diga-se de passagem. Mas, tudo certo, afinal atos falhos e gafes fazem, também, parte da campanha. Ruy lembrou que o vice e o governador podem dividir tarefas. Enquanto um estiver despachando no Estado o outro pode estar em Brasília tratando de assuntos de interesses da Paraíba. Certo, isso pode acontecer, mesmo não sendo de nosso hábito.

Quando falava das contribuições que deu na elaboração do programa de governo de sua chapa, Ruy disse que iria citar as ações consideradas positivas e que iria misturar, um pouco, o legislativo com o executivo. Mais uma vez, Ruy Carneiro pareceu não ter claro quais são as atribuições de cada poder. Coisa que, diga-se de passagem, não é de sua exclusividade, pois, no Brasil, raros são os políticos que sabem diferenciar as funções de um e de outro poder. A maior parte da entrevista foi mesmo dedicada às criticas e ataques ao governo de Ricardo Coutinho, pois este é o mote da campanha. É que no nosso modelo cabe aos aliados, assessores e aduladores a função de estocar os adversários.

Para mostrar os pontos positivos de sua atuação parlamentar, Ruy citou o projeto de lei que tentou por fim ao 14º e 15º salários dos parlamentares e a lei pelo fim do nepotismo. Ruy tentou mostrar algo que o credenciasse para a atual empreitada. Interessa citar, sim, esse tipo de iniciativa. Mas, é preciso atentar para o fato da falta de efetividade dessas leis. Nós bem sabemos que o nepotismo ainda é prática comum nas instituições políticas e que os privilégios dos parlamentares estam bem longe de ter fim. Ruy Carneiro é o presidente do PSDB paraibano. Isso, por si só, já explica o fato dele ser o candidato a vice-governador. Mesmo assim, ainda temos que ficar atento para o discurso dos vices, pois eles explicam, ou não, muito de nossa realidade política.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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