Na entrevista
que a Equipe de Jornalismo da Campina FM fez com o candidato ao governo do
Estado da Paraíba Cássio Cunha Lima deu para perceber claramente que o senador
aceita de bom grado a bipolarização da campanha eleitoral. Da primeira a última
resposta, passando pelas considerações iniciais e finais, Cássio esteve sempre
no confronto direto com o governador Ricardo Coutinho. A todo instante, ele
criticava duramente a administração estadual. Assim como fez Ricardo Coutinho,
em sua entrevista conosco, Cássio ignorou classicamente seus outros quatro
adversários. O objetivo central de Cássio foi atacar seu principal adversário,
assim como fez Ricardo. Nisto eles só se parecem.
Estranha essa estratégia do senador Cássio. Se é verdade que ele está tão
a frente de Ricardo nas pesquisas, porque se incomodar tanto com um adversário
que não parece incomodar? Ao que me parece, para Cássio, não basta ganhar a
eleição. Além de ganhar, ele parece motivado a destruir Ricardo Coutinho do
ponto de vista político-eleitoral. Em alguns momentos, Cássio pareceu motivado
pela vingança, pois se referia ao seu adversário com uma ira quase
incontrolável. Cássio começou a entrevista dizendo que é candidato “para fazer um governo novo, diferente, melhor,
mais técnico, mais ousado”. Ele se disse mais maduro e preparado para fazer
um governo que atenda a população nos serviços que ela mais precisa.
Essa declaração pareceu uma autocrítica sobre o período em que ele foi
governador. O que podemos entender por “mais técnico e mais ousado”? Significa
que, da outra vez, Cássio foi mais improvisador e mais tímido, mais reticente
em tomar medidas? Dito isso, Cássio partiu para o confronto e foi logo
afirmando que os serviços públicos pioraram muito, que existe um retrocesso na
prática política do atual governo. Cássio acusou, sem meias palavras, Ricardo
de perseguir e oprimir o servidor público. Ele disse, também, que o governo não
dialoga com os setores produtivos do Estado da Paraíba, citando a indústria, o
comércio e a agricultura. Cássio usou os 3 minutos de suas considerações
iniciais para atacar seu adversário.
Interessa atentar para o fato de que o senador Cássio tenha preferido usar
a maior parte do seu tempo, durante a entrevista, para atacar e criticar seu
principal adversário, ao invés de usá-lo para falar das realizações do seu
período administrativo. Claro, Cássio não se furtou a fazer as promessas que
todos os outros candidatos fizeram e vão continuar fazendo. Ele disse que vai
melhorar a educação, a saúde, que vai promover desenvolvimento e que vai
diminuir os índices da violência no Estado. Cássio pareceu mais ponderado em
relação às outras eleições que disputou. Não só ponderado, como até reticente
em dar respostas. Vejam que ele se esquivou de comentar de que maneira a
candidatura de Marina Silva influiria na candidatura de Aécio Neves.
Cássio pouco explorou o fato de ser do partido que é oposição ao governo
federal. Quando perguntado sobre uma política de recursos hídricos ele ainda
criticou o governo federal pela demora nas obras da transposição do Rio São
Francisco e foi só. Quando o assunto foi à segurança pública, Cássio explorou a
situação de insegurança em que vivemos, pondo toda a responsabilidade na conta
do governo do Estado. O senador Cássio estava bem servido de dados por uma
assessoria especializada no assunto. Um momento curioso da entrevista foi
quando se perguntou ao ex-governador se ele é a favor que os ex-governadores
recebam pensão. Cássio disse que na atual situação não há mais como se defender
esse tipo de coisa.
Ele lembrou que quando assumiu o senado, encaminhou um pedido ao governo
do Estado para que fosse suspenso o pagamento de sua pensão de ex-governador.
Depois Cássio fez uma afirmação que deveria ser melhor explicada. Disse ele
que: “... na sequência veio o meu divórcio e eu deixei com a minha ex-esposa,
Silvia, essa pensão”. Eu não entendi, o senador pediu a suspensão do pagamento
da pensão, mas sua ex-esposa é quem a recebe? Somos nós, os paraibanos, que
pagamos a pensão da ex-esposa do ex-governador? Um momento, com certa tensão,
foi quando perguntei ao senador se o funcionalismo público teria que voltar a
fazer empréstimos, para receber seus vencimentos, caso ele fosse eleito? Eu me
referia a um fato desse tipo que ocorreu no governo dele.
O senador disse que essa questão vem sendo trazida pelo governador Ricardo
Coutinho. De forma irônica, Cássio disse: “aqui é engraçado, o discurso do
governo repercute bem, as perguntas são muito bem pautadas por aquilo que o
governador vem dizendo”. A pergunta irritou o senador, mas eu não fui pautado
por ninguém do governo para fazê-la. Na verdade, eu mesmo me pautei para essa
questão, pois fui um dos que teve que fazer o tal empréstimo para poder receber
meus vencimentos. Cássio Cunha Lima reafirmou que a pergunta era feita pelo
governo do Estado. E eu devo dizer que não, que a pergunta é tão somente uma
curiosidade de todos os funcionários públicos do Estado da Paraíba.
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