No sábado havia
grande expectativa quanto à vinda, ou não, de Ricardo Coutinho ao estúdio da
Campina FM. Eu confesso que temia que o governador não viesse pelas
dificuldades que ele enfrenta numa campanha eleitoral que lhe é adversa nas
pesquisas. Mas, ele não só veio como ainda foi pontual, coisa que não tem sido
do seu feitio nestes três anos e meio de administração. Apenas, para lembrar,
Ricardo Coutinho já nos deixou esperando, aqui mesmo neste estúdio, por mais de
uma hora em 2012. Ricardo veio, foi pontual e nos concedeu uma entrevista das
mais interessantes. Tivemos uma conversa esclarecedora quanto aos rumos da
candidatura do governador. Pude entender mais e melhor como ele está percebendo
o jogo eleitoral.
O governador estava mesmo disposto a nos surpreender. Ele estava tranquilo
e bem humorado, contrariando aquela sua fama de ranzinza. Ele estava mesmo era
descontraído o que não o impediu de ser firme, convicto, em suas afirmações.
Aliás, Ricardo tem demonstrado uma confiança impar de que terá sucesso neste
processo. A sua convicção, de que vai ter 2° turno, e de que ele vencerá a
eleição, quase me convenceu de que todas as pesquisas estam equivocadas e que
só ele está correto. Na entrevista, o discurso de Ricardo girou em torno de
três eixos. No primeiro, ele fez o levantamento dos feitos de seu governo de
janeiro de 2011 até aqui. Claro, ele não esqueceu o mantra do governante de
primeiro mandato.
É aquela história de que, quando ele assumiu, a Paraíba estava um caos e
que foi seu governo quem pôs a casa em ordem. No segundo eixo, que é um
desdobramento do primeiro, ele enumerou promessas e propostas para um segundo
mandato. Aqui temos o receituário do candidato à reeleição. Ele diz que muito
já fez, mas que ainda há muito por fazer. Ele precisa mostrar que foi bom e
prometer que será melhor. Mas, este é um discurso perigoso. Há que se ter tato
para fazê-lo. A ideia de um governo que muito já fez pode levar o eleitor a
vê-lo como desnecessário. Dizer que ainda
há muito a se fazer pode dar a impressão de um governador incompetente que teve
4 anos para trabalhar, não fez nada, e agora quer mais 4 anos.
O terceiro eixo do discurso de Ricardo Coutinho parece ser o que mais lhe
importa a tirar pela grande quantidade de tempo que a ele se dedicou. Aqui, o
foco foi à disputa em si pelo governo do Estado. O alvo do governador foram os
seus concorrentes. Aliás, o seu concorrente, pois Ricardo só fez referências ao
candidato que atende pelo nome de Cássio Cunha Lima. O governador falou várias vezes em o “meu
adversário”, ou em o “meu concorrente”, ou ainda em o “meu opositor”. É como se
os outros quatro candidatos nunca tivessem existido. É como se Ricardo e Cássio
já estivessem na disputa do 2° turno. E não pense, caro ouvinte, que isso foi
um equívoco da parte de Ricardo. Foi, na verdade, algo muito bem deliberado.
É que Ricardo não quer gastar munição com quem não tem nada para lhe dar,
mas que pode lhe tirar alguns votos. Assim, ele não vai ficar fazendo
referências às candidaturas de Antônio Radical e de Tárcio Teixeira. Ricardo
não vai afugentar possíveis aliados num 2º turno. Ele tem que preservar sua
relação com os candidatos Major Fábio e Vital Filho. Aliás, se eu fosse
assessor do governador o aconselharia enviar flores vermelhas todas as semanas
ao senador Vital. É que quanto mais votos tiver Vital Fº, melhor para Ricardo,
na perspectiva de evitar que Cássio Cunha Lima tenha metade mais um dos votos
válidos já no 1º turno. Dessa maneira, Ricardo fitou o seu alvo preferencial e
nele passou a atirar seus dardos.
Para se contrapor a Cássio, Ricardo insistiu na tese de sua origem
humilde. Disse ele: “Eu vim dos
movimentos sociais, eu não vim de uma família ilustre, ninguém da minha família
foi político, eu não fui alçado do meu berço para ser político”. Esse é o
mote. Ricardo quer demarcar bem as diferenças, sempre pontuando criticas ao seu
opositor. Essa estratégia é até uma obrigação para Ricardo, pois ele precisa
explicar aos seus eleitores porque em certo momento se aliou a este seu
concorrente. Ricardo disse que não foi de vereador a governador pela ambição ao
poder. Ou seja, ele quis dizer que seu adversário ambiciona o poder. Tentando
macular seus altos índices de rejeição, Ricardo recorre ao fato de seu governo
ser bem avaliado.
Mas, uma coisa é a rejeição ao candidato e outra é a avaliação que se faz
do governo. Ricardo sabe bem disso, tanto é que faz questão de mostrar os
feitos de sua administração em se tratando do que ele mesmo chama da “empresa
pública”. Ricardo disse que para ele é mais importante a obra do que a placa, o
serviço do que a festa de inauguração. E ele disse, ainda, que é diferente de
outros, que militam na política, que preferem viver de inaugurações. Mas, o
governador inaugurou tantas obras quanto pode até o dia que a legislação
eleitoral lhe permitiu. O discurso de Ricardo não é diferente dos outros ou do
outro. Na verdade, o discurso do governador não é ruim, mas e mais do mesmo.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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