A Equipe de
Jornalismo da Campina FM concluiu no sábado passado a série de entrevistas com
os candidatos ao governo do Estado da Paraíba. Foram seis sábados seguidos onde
cada um dos seis candidatos pode falar sem maiores limitações. A série começou
com a entrevista de Antônio Radical e seguiu com as entrevistas de Vital Filho,
Tárcio Teixeira, Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima. No sábado fizemos a
última entrevista com Fabio Rodrigues de Oliveira, do PROS. As entrevistas de
Antônio Radical e Tárcio Teixeira são bastante parecidas. Os dois têm as mesmas
ideias. A diferença está na forma de expor essas ideias. Radical, como se
espera é radical. Tárcio é cordato, tranquilo, fala para se fazer entender.
Vital, Cassio e Ricardo tentam se mostrar diferentes, mas eles têm mais
coisas em comum do que podemos supor. As promessas e propostas são quase sempre
as mesmas. Onde eles diferem é na forma de falar e no tipo de acusação que
fazem uns aos outros. A entrevista com o Major Fábio foi a mais complexa de se
analisar. Eu diria mesmo que foi a mais confusa. É que o candidato não parece
ter um projeto político claro para apresentar e não consegue se expressar clara
e objetivamente. Ou seja, tanto na forma como no conteúdo, o Major Fabio tem
grandes dificuldades em se apresentar. Chamou-me atenção que o candidato fale
aos berros. Além de gritar bastante, ele fala muito rápido. Assim, entende-lo é
tarefa para poucos.
Sendo militar, o Major Fábio falou para nossa audiência de eleitores como
se estivesse proferindo a ordem unida num quartel da Polícia Militar. Aliás, a
impressão que tive é que ele vê seus eleitores da mesma forma que via seus
soldados. Pela sua formação militarizada, com nítidos elementos autoritários, o
Major Fábio não conseguiria mesmo ser diferente. Para ele, o convencimento
político só pode se dar pela força, pela imposição da fala. É a ideia de que
ganha quem fala mais alto e mais grosso. Major Fabio fez questão, durante toda
a entrevista, de mostrar as fragilidades, financeiras principalmente, de sua
candidatura. Em certo momento, ele disse não ter uma assessoria profissional de
comunicação alegando falta de recursos.
A solução encontrada, pelo candidato, foi colocar seu filho, que é
estudante de um Curso de Jornalismo em João Pessoa, para fazer às vezes de
assessor de comunicação. Na verdade, não pareceu falta de recursos e sim uma
boa dose de amadorismo político. O Major Fabio se apresentou como o Davi desse
processo eleitoral pronto para enfrentar os Golias da atual campanha. Estranha, apenas, que ele tanto insista num
discurso autovitimizante, dizendo não poder contar com recursos para realizar
sua campanha. É que nós sabemos que não é bem assim. Major Fábio declarou a
justiça eleitoral que pretende gastar até R$ 10 milhões em sua campanha
eleitoral. Convenhamos, esta é uma quantia considerável seja para que
candidatura for.
Se ele pretende gastar tanto dinheiro nesta eleição porque alega não poder
contratar uma assessoria profissional para a comunicação e marketing de sua
campanha? Porque insistir na tese do Davi, se o candidato dispõe dos recursos
de um Golias? Aliás, se o caro ouvinte quiser saber quanto cada um dos
candidatos ao governo do Estado, ou a qualquer outro cargo, pretende gastar
nesta campanha basta ir ao site do TSE e buscar os dados no Sistema de
Divulgação das Candidaturas, também conhecido como DivulgaCand. Mas, o grande
problema da candidatura do Major Fábio é a ausência de um programa político
claro, com propostas bem definidas. O que ele apresenta é um discurso difuso
baseado em alguns dados que carecem de comprovação.
Major Fábio de apega algumas verdades óbvias e desfia seu rosário de
criticas contra tudo e contra todos, principalmente o governo, claro. Assim,
tudo estaria errado, viveríamos numa sociedade caótica onde nada funciona bem.
O Major Fábio nos apontaria duas soluções para este estado caótico de coisas.
Uma, seria a Paraíba ser governada por um homem de coragem e, outra, seria este
homem de coragem chamar o feito a ordem. O homem de coragem seria, claro, ele
próprio. Mas, o Major Fábio não define que feito e que ordem seriam estes. A
impressão deixada é que o feito e a ordem do candidato do PROS seriam aqueles
aplicados nos quartéis ou em sistemas ditatoriais.
Inclusive, o Major Fabio se colocou a favor da desmilitarização das
Policias Militares. Ele foi veemente nisso, mas não definiu o que entende por
desmilitarização. Fiquei com a impressão que ele desconhece que existe um
movimento a favor disso. O discurso do Major Fábio é parecido com o discurso de
algumas das candidaturas nanicas a presidência da República. O conservadorismo
religioso, de direita, que vemos em Levi Fidelix, Eymael e Pastor Everaldo se
repete na fala do Major Fábio. Alguns desses candidatos dizem que querem
endireitar o Brasil. Major Fábio parece interessado em endireitar a Paraíba. A
questão não é que ele queira, é como ele pretende fazer isso. Seria pelas
urnas, através do voto, ou seria usando a força?
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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