O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse ontem que: “pode levar às ruas a força da maior central sindical do país para defender os réus do mensalão”. Apenas lembrando, o julgamento dos “mensaleiros” vai começar, no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo mês de agosto.
Vagner Freitas, que é (ou pelo menos era) bancário disse que o “julgamento não pode ser político, se isso ocorrer, nós questionaremos, iremos para as ruas”. Que Vagner estivesse interessado em defender os mensaleiros seja lá por quais motivos eu aceitaria tranquilamente.
Se Vagner fosse amigo íntimo de Zé Dirceu, Marcos Valério, José Genoíno, Profº Luizinho, Delúbio Soares ou qualquer outro mensaleiro de quatro costados, ele poderia dizer alguma coisa do tipo: “Eu sou amigo de Zé Dirceu e acredito em sua inocência”. Poderia dizer que ficaria ao lado de seu amigo independente de qualquer coisa.
Mas, Vagner não fez isso. Preferiu aderir às teorias conspiratórias. Disse que o julgamento pode se transformar em um campo de batalha entre o PT e seus adversários. E que isso pode colocar em risco os avanços sociais conquistados. Além de negar o óbvio, Vagner retira o mensalão do campo da justiça e, pior, quer politizá-lo. Prefere vê-lo nas páginas de política. Claro, o mensalão deveria aparecer nas páginas policiais.
Além disso, Vagner faz chantagem quando apela para o fato de que se o julgamento for mesmo a frente as tais conquistas sociais podem acabar. Vagner ainda disse que a estabilidade econômica é importante para os trabalhadores e o julgamento pode vir a ameaçá-la. Eu não consigo ver como o julgamento dos mensaleiros ameaça a estabilidade econômica.
A não ser que a presidente Dilma aceite jogar a estabilidade econômica para o alto em troca de uma espécie de anistia a quadrilha mensaleira que serviu a seu antecessor. Eu não acredito nisso. Definitivamente, a presidente Dilma não é uma aloprada, do tipo que sai por aí comprando deputados para aprovar projetos governamentais.
Mas, não é a primeira vez que a CUT esquece que é representante de quase 40% dos trabalhadores sindicalizados do Brasil. Em 2005, quando o mensalão veio a tona, a CUT reuniu 10 mil pessoas em Brasília para uma manifestação em defesa do governo Lula e em desagravo a José Dirceu que acabara de deixar o governo federal por motivos óbvios.
A União Nacional dos Estudantes e sindicatos filiados a CUT são palco para os réus do mensalão se defenderem. Zé Dirceu dá palestras em congressos estaduais e nacionais da CUT para falar da conjuntura político e, claro, do julgamento. Ano passado, numa plenária da CUT em Guarulhos, Delúbio Soares lançou uma campanha para mobilizar militantes em defesa dos mensaleiros petistas.
O presidente da CUT diz que o julgamento está sendo politizado. Mas, quando Zé Dirceu usa plenárias de trabalhadores sindicalizados para se defender está fazendo o quê? Campanha para beatificar a Madre Tereza de Calcutá?
Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas e gestão fraudulenta são os crimes que os mensaleiros vão responder na justiça. O esquema foi tão bem montado que havia os núcleos político, operacional e financeiro. Com 38 réus e um processo com mais de 50 mil páginas o julgamento será o maior da historia do STF.
Os acusados terão amplo de direito de defesa e serão representados pelos melhores e maiores advogados do Brasil, a exemplo de Márcio Thomás Bastos. Daí que é absolutamente desnecessário a CUT sair às ruas para defender os amigos de seu presidente. Melhor seria se a CUT fosse a rua exigir que se punissem os culpados.
Se você, caro ouvinte, é trabalhador e é sindicalizado e se seu sindicato é filiado a CUT eu tenho uma sugestão - peça desfiliação hoje mesmo, pois vão utilizar o dinheiro de sua contribuição sindical para defender uma quadrilha que se especializou em assaltar os cofres públicos.