O brasileiro é um noveleiro por definição e gosta de acompanhar as
novelas nos seus mínimos detalhes. Talvez seja por isso que acompanhe eleições
de forma tão apaixonada. Como não temos mais
uma novela como Roque Santeiro, eu acompanho os lances melodramáticos da novela
cujo PT é o personagem principal.
Ao que parece o PT
prefere fazer campanha nos tribunais. Quase não ouvimos petistas falando em
projetos e propostas políticas. É como se eles achassem que podem vencer uma
eleição sem ir às urnas. Na semana passada, o Juiz
da 5ª Vara Cível de João Pessoa suspendeu as decisões das direções nacional e
estadual do PT que destituíam Alexandre Almeida da presidência do PT local,
além de impedi-lo de ser candidato. Ato contínuo, o Juiz Giovanni Magalhães
Porto indeferiu a aliança PP/PT e deferiu a postulação de Alexandre Almeida,
inclusive tornando nulo seu afastamento do PT.
Ou seja, Perón Japiassú não poderia ser o
vice de Daniella Ribeiro e Alexandre teria sua candidatura registrada no TRE.
Para completar o cenário novelístico a chapa encabeçada por Daniella Ribeiro
foi indeferida. Para cada uma das decisões cabe recurso. E os partidos e atores
políticos se movimentam para recorrer das decisões na seara jurídica.
Mas, eles se movimentam também na
seara política. Daniella Ribeiro foi a São Paulo, no final da semana passada,
para um encontro com o ex-presidente Lula, que havia
dito que o Ministro Agnaldo Ribeiro, irmão de Daniella, teve importante papel
no ajuntamento do PP de Maluf com o PT para a eleição na capital paulista. Foi
a hora de cobrar a fatura. Os jornais estamparam fotos de uma sorridente Daniella
Ribeiro ladeada por Lula e por seu irmão. O detalhe é que, por trás deles,
vê-se a imagem da presidente da República Dilma Rousseff.
O recado é claro. Não recorra à
justiça! Pois a composição PP/PT para disputar a prefeitura de Campina Grande é
abençoada por Lula e Dilma Rousseff. Inclusive, Alexandre Almeida disse que
espera o apoio de Lula e Dilma. Mas, se Lula coloca-se acima das decisões da Suprema
Corte, imagine o que não fará em relação às vontades do presidente de um
diretório municipal do PT.
Na verdade, essa dramática novela
acontece em dois cenários. Um é o cenário petista que tem um enredo mais
conhecido do que o da paixão de cristo. É a história de grupos encastelados num
partido lutando pelo poder. Se brigam para terem candidatura própria ou para
comporem com outros partidos é o que menos importa. O que interessa é a luta
pela hegemonia partidária e pelos frutos que isso pode vir a trazer.
O outro cenário é externo ao
próprio PT. De um lado o Ministro Aguinaldo Ribeiro quer o PT “lulo-dilmista”
para reforçar a postulação de Daniella e, quem sabe, a sua própria candidatura
a governador da Paraíba em 2014. Do outro lado, o senador e presidente da CPMI do
Cachoeiro, Vital Fº, esforça-se para demonstrar prestígio e poder. Ele precisa
que o PT não atrapalhe seus planos, mais do que já fez quando deixou o governo
de seu irmão Veneziano.
Ao maximizar seus próprios
interesses o PT local se viu no meio de uma briga de caninos colossais. Virou
joguete numa luta onde se tenta provar quem é mais íntimo do rei Lula e da
rainha Dilma. O PT campinense queria o céu e a terra, agora corre o risco de
ficar apenas com um pequeno pedaço da terra, quem nem o melhor é, diga-se de
passagem.
O fato é que a eleição de Campina
Grande, que já ganhou as ruas, não consegue sair dos tribunais. Hoje, não se
tem certeza sobre quase nada. Daniella Ribeiro está olho do furacão. Existe um
processo de impugnação da candidatura de Tatiana Medeiros, no Ministério
Público Eleitoral, aguardando que um parecer seja oferecido.
Sizenando Leal teve sua candidatura
indeferida porque seu vice cometeu o erro primário de não prestar contas na
eleição passada. Alexandre Almeida e sua vice possuem pendências jurídicas
junto a justiça eleitoral, sem contar que se Daniella reverter a impugnação que
lhe pesa e conseguir manter seu vice petista, é Alexandre que sai do jogo.