quarta-feira, 25 de julho de 2012

VOCÊ É CONTRA OU A FAVOR DAS CARREATAS?


Estamos acompanhando o debate acerca da realização ou não das carreatas. Na eleição passada não houve acordo entre os partidos e atores políticos e elas terminaram acontecendo. Este ano, o debate veio à tona com força. Aqui mesmo no POLITICANDO eu me coloquei contra a realização do que chamei de “pavoroso expediente para se pedir voto”, pois as carreatas são uma festa, mas não da democracia.

Novamente, não houve acordo.  Vamos ter que aturar as tais carreatas. Mais uma vez não adiantou a mobilização de setores da sociedade, prevaleceu a vontade dos que estam se tornando minoria. O fato é que a legislação eleitoral permite as carreatas. Para que elas não aconteçam é preciso que haja um acordo entre os envolvidos na eleição. O fato é que alguns concordaram e outros não em fazê-las.

Eu não vou questionar a lei. Ela existe para ser respeitada. As carreatas são legais, conforme parecer do promotor da 72ª zona eleitoral, Luciano Maracajá. O debate acerca das carreatas não questiona sua legalidade. O que se levanta é se é legítimo fazer algo que incomoda parte considerável da sociedade.

Existe uma onda contra as carreatas. Já são 47 cidades na Paraíba onde este tipo de evento ou foi proibido pela justiça eleitoral ou não acontecerá por um acordo feito entre os candidatos. A polêmica sobre as carreatas aumentou depois de ocorrências policiais havidas nas cidades de Remígio e Araras. Agora mesmo, a justiça eleitoral está decidindo a situação em cerca de mais 20 cidades.

Analisemos as opiniões contra e a favor das carreatas. Atentemos para as justificativas usadas por aqueles que não entendem que é o debate, não as carreatas, que faz o eleitor indeciso se definir.

Disse Arthur Almeida que “... As carreatas não contribuem para o debate, pois não ajudam a definir o voto, além de mostrar o tamanho das campanhas de uma forma exibicionista”. Já Sizenando Leal afirmou que “... É o poder econômico que introduz dinheiro nessas carreatas”. Félix Neto disse que “... Elas trazem prejuízos como a poluição, o lixo e o trânsito que é afetado pela quantidade de carros”. E Perón Japiassú levantou a questão da segurança. Para ele “... As carreatas trazem transtornos, pois as pessoas bebem ao volante e correm muitos riscos”.

Sempre poderá se dizer que eles são contra as carreatas ou porque não dispõem de meios ou porque não conseguem juntar pessoas, ou as duas coisas. Mas, isso importa? O fato é que de alguma maneira estes candidatos estam sendo porta-vozes de um sentimento que cresce na sociedade. O que se diz a favor das carreatas são verdades inquestionáveis? Vejo argumentos que são sólidos apenas na aparência, na essência são vazios.

Charles Moura, representando Alexandre Almeida, disse que “... Acha que dá para fazer, pois não vai haver sete carreatas no mesmo dia”. Como se precisasse de tanto, só uma carreata já perturba o suficiente.

José Marques, representando Romero Rodrigues disse que“... Confiamos na polícia e o policiamento será reforçado, além de que as carreatas são permitidas pela legislação.” Ele admite os perigos inerentes a uma carreata e transfere a questão para a polícia. Ao invés de se evitar problemas, se torce para que a polícia tenha condições de resolvê-los quando eles vierem a acontecer.

Júnior Flor, representando Tatiana Medeiros, afirmou que “...respeitamos o direito à livre e espontânea  manifestação, além do que a carreata permite o contato direto do candidato com o eleitor”. No nosso sistema representativo existe o voto, e a expressão dele através do material de campanha, como canais de manifestação da opinião. Se um eleitor quer que todos saibam em quem ele vai votar pode usar as redes sociais. Pode, ainda, sair pelas ruas de seu bairro pedindo votos para seu candidato. Além disso, como é que o candidato vai ter contato direto com o eleitor se ele está em cima de uma camionete, em movimento, preocupado em sorrir, acenar e mandar beijinhos.

O argumento, aparentemente mais forte, foi do advogado José Mariz, da assessoria jurídica de Romero Rodrigues. Disse ele que: “... passamos 30 anos sob a ditadura militar, onde as manifestações de pensamento eram proibidas e a constituição garante a livre manifestação”.

Certo. Um erro não justifica o outro. Não é porque fomos oprimidos politicamente, que agora vamos sair por aí fazendo o que bem entendemos. Sem contar que eu não entendo como alguém dentro de um carro, possivelmente em adiantado estado de embriagues, e cercado de barulhos de toda sorte pode conseguir manifestar livremente sua opinião política.