terça-feira, 24 de julho de 2012

O DEBATE VISTO DOS BASTIDORES.


Sábado tivemos o debate com os candidatos a prefeito de Campina Grande e nada mais justo do que começar esta coluna elogiando a equipe de jornalismo da CAMPINA FM. Pelo desempenho, pela competência e alta qualidade jornalística não só na condução, como na montagem do evento.
Aliás, o que mais chamou atenção, no evento, foi o seu formato. Ao invés de um debate cheio de proibições, com os candidatos engessados por rígidas regras, tivemos um debate no estilo americano. Definiram-se normas básicas, e se deixou que os candidatos debatessem. Eles estavam livres para perguntarem o que bem quisessem se não o fizeram é por que assim preferiram.
O formato do programa foi pensado para que os candidatos tivessem o máximo de liberdade para se exporem e para questionarem seus adversários. Mas, á exceção de Sizenando Leal, os candidatos preferiram não se expor. Parece que ainda não entenderam que é o confronto de ideias e propostas que faz o eleitor indeciso definir suas opções eleitorais.
Eu presenciei os bastidores da organização do debate. Acompanhei a articulação e a montagem do evento e lhes digo que é uma operação complexa. Não basta decidir fazer o evento, convidar os candidatos e colocar o programa no ar. Exige-se uma alta capacidade de articulação e conhecimento. A equipe de jornalismo da CAMPINA FM teve que sair a campo para providenciar que o debate acontecesse respeitando a legislação eleitoral vigente.
Foi preciso lidar com os candidatos e seus comitês de campanha. O caro ouvinte pode pensar que basta ligar para um assessor, formular o convite para que seu candidato compareça ao debate. Não, não basta. É preciso ligar, enviar e-mails e correspondências via correio. Tem que se passar por um processo de convencimento, alguns candidatos resistem ao máximo em participar do evento.
Alguns só comparecem quando são convencidos que não vir é sempre pior do que vir. Aliás, ainda temos em todo Brasil candidatos que acham que as carreatas dão mais votos do que os debates. É interessante como alguns pensam que estam sendo levados para o debate para serem prejudicados. É incrível, mas nas campanhas eleitores os políticos passam a acreditar em todo tipo de teoria conspiratória.
É interessante ver que eles se lancem numa luta de vida e morte para conseguirem o maior tempo possível no guia eleitoral do radio e da TV. Mas, que não briguem para que as emissoras promovam debates com o maior tempo possível para que eles possam livremente apresentar suas propostas.
Uma estratégia acertada foi ter definido que a comissão de direito de resposta seria composta por um assessor jurídico de cada candidato. Foram os representantes dos candidatos que decidiram quem tinha e quem não tinha direito a resposta, sem que houvesse interferência de alguém da própria emissora.
Foi interessante observar o comportamento dos assessores que mais se preocupam em defender seus candidatos de supostos ataques externos do que ficar ao lado deles fazendo a tal assessoria. Aliás, havia certa tensão no ar. É que os assessores se comportavam como gladiadores prestes a entrarem numa arena onde muitos leões atacarão seus candidatos.
Curioso de se ver foi o modus operandi dos assessores. No momento dos intervalos comerciais, eles corriam em direção aos seus candidatos a fim de lhes dar algum tipo de orientação. Percebia-se a tensão no ar. Ao invés de transmitir calma e confiança, os assessores maximizavam o estresse do candidato.
Notei que aqueles breves minutos do intervalo não foram utilizados para que o candidato tomasse uma água, fizesse um alongamento ou um exercício de respiração. Aquelas pessoas em volta do candidato não o deixavam sequer respirar. Se eu fosse candidato a prefeito de campina grande iria sozinho para os debates, no máximo levaria meu guru espiritual.