Sábado tivemos o debate com os
candidatos a prefeito de Campina Grande e nada mais justo do que começar esta
coluna elogiando a equipe de jornalismo da CAMPINA FM. Pelo desempenho, pela
competência e alta qualidade jornalística não só na condução, como na montagem
do evento.
Aliás, o que mais
chamou atenção, no evento, foi o seu formato. Ao invés de um debate cheio de
proibições, com os candidatos engessados por rígidas regras, tivemos um debate
no estilo americano. Definiram-se normas básicas, e se deixou que os candidatos
debatessem. Eles estavam livres para perguntarem o que bem quisessem se não o
fizeram é por que assim preferiram.
O formato do
programa foi pensado para que os candidatos tivessem o máximo de liberdade para
se exporem e para questionarem seus adversários. Mas, á exceção de Sizenando
Leal, os candidatos preferiram não se expor. Parece que ainda não entenderam
que é o confronto de ideias e propostas que faz o eleitor indeciso definir suas
opções eleitorais.
Eu presenciei os
bastidores da organização do debate. Acompanhei
a articulação e a montagem do evento e lhes digo que é uma operação complexa. Não
basta decidir fazer o evento, convidar os candidatos e colocar o programa no
ar. Exige-se uma alta capacidade de articulação e conhecimento. A equipe de jornalismo da CAMPINA FM teve que sair
a campo para providenciar que o debate acontecesse respeitando a legislação
eleitoral vigente.
Foi preciso lidar com os
candidatos e seus comitês de campanha. O caro ouvinte pode pensar que basta
ligar para um assessor, formular o convite para que seu candidato compareça ao
debate. Não, não basta. É preciso ligar, enviar e-mails e correspondências
via correio. Tem que se passar por um processo de convencimento, alguns
candidatos resistem ao máximo em participar do evento.
Alguns só
comparecem quando são convencidos que não vir é sempre pior do que vir. Aliás,
ainda temos em todo Brasil candidatos que acham que as carreatas dão mais votos
do que os debates. É interessante como alguns pensam que estam sendo levados
para o debate para serem prejudicados. É incrível, mas nas campanhas eleitores
os políticos passam a acreditar em todo tipo de teoria conspiratória.
É interessante ver que eles se
lancem numa luta de vida e morte para conseguirem o maior tempo possível no
guia eleitoral do radio e da TV. Mas, que não briguem
para que as emissoras promovam debates com o maior tempo possível para que eles
possam livremente apresentar suas propostas.
Uma estratégia acertada foi ter definido que
a comissão de direito de resposta seria composta por um assessor jurídico de
cada candidato. Foram os representantes dos candidatos que decidiram quem tinha
e quem não tinha direito a resposta, sem que houvesse interferência de alguém
da própria emissora.
Foi interessante observar o
comportamento dos assessores que mais se preocupam em defender seus candidatos
de supostos ataques externos do que ficar ao lado deles fazendo a tal
assessoria. Aliás, havia certa tensão no ar. É que os assessores se comportavam
como gladiadores prestes a entrarem numa arena onde muitos leões atacarão seus
candidatos.
Curioso de se ver foi o modus operandi dos assessores. No
momento dos intervalos comerciais, eles corriam em direção aos seus candidatos
a fim de lhes dar algum tipo de orientação. Percebia-se a tensão no ar. Ao
invés de transmitir calma e confiança, os assessores maximizavam o estresse do
candidato.
Notei que aqueles
breves minutos do intervalo não foram utilizados para que o candidato tomasse
uma água, fizesse um alongamento ou um exercício de respiração. Aquelas pessoas
em volta do candidato não o deixavam sequer respirar. Se eu fosse candidato a
prefeito de campina grande iria sozinho para os debates, no máximo levaria meu
guru espiritual.