Os estatísticos dizem que os dados devem ser torturados para que
confessem tudo que sabem. Para os matemáticos, basta tratá-los com carinho que
eles já desandam a falar tudo o que sabem. Mas, o cientista político não
estabelece uma relação passional com os dados. O que espera deles é que falem
seja pela dor, seja pela carícia.
Eu imaginei que já tinha extraído tudo o que podia da pesquisa CAMPINA
FM/GRUPO 6SIGMA. Ledo engano meu, pois a riqueza dos dados dessa pesquisa é sem
precedentes. Agora, novos dados vieram a tona e eu devo analisá-los. Foram
cruzados os dados da intenção estimulada de votos para candidatos a prefeito de
Campina Grande com a capacidade de transferência de votos de lideranças
políticas que não são candidatos.
Ou seja, o GRUPO 6SIGMA resolveu
fornecer dados para que eu possa, mais uma vez, trazer elementos que esclareçam
ainda mais o “dilema do poste”. Agora nós temos dados cristalinos de como
quatro lideranças políticas (Cássio Cunha Lima, Veneziano Vital, Ricardo
Coutinho e Dilma Rousseff) influem nas escolhas do eleitor campinense. O objetivo é precisar a capacidade dessas
lideranças de fazer com que o eleitor escolha votar nas candidaturas que vemos
nos três primeiros lugares da pesquisa: Romero Rodrigues, Daniella Ribeiro e
Tatiana Medeiros.
Assim, perguntou-se ao
entrevistado se ele votaria num candidato apoiado por uma das lideranças já
citadas. 63.9% disseram que votariam num candidato apoiado por Cássio Cunha
Lima. 42.7% disseram que votariam num candidato apoiado por Veneziano Vital.
22.3% disseram que votariam no de Ricardo Coutinho e 48.8% diriam sim para o de
Dilma.
Vamos agora para a
chamada análise transversal de informações, ou seja, vamos cruzar os dados para
saber quem transfere mais e para quem transfere. Dos que disseram que votariam num candidato apoiado por Cássio Cunha
Lima 36% escolheriam Romero, 26% Daniella e 13% Tatiana.
Dos que disseram que votariam num
candidato apoiado por Veneziano Vital 16% escolheriam Romero, 24% Daniella e
30% Tatiana. Dos que disseram que votariam no candidato de Ricardo Coutinho 38%
escolheriam Romero, 23% Daniella e 15% Tatiana. Dos que disseram que votariam
no candidato de Dilma 26% escolheriam Romero, 27% Daniella e 20% Tatiana.
O eleitor identifica bem a
relação existente entre o líder político e seu escolhido (ou poste, como
queiram). A maioria dos que seguem a
influencia de Cassio e Ricardo votariam em Romero. A maioria dos que seguem a
influencia de Veneziano votariam em Tatiana. Mas, é bom não esquecer, os
percentuais são diferentes. Cássio tem um poder de transferência de votos para Romero
que é maior do que a taxa de transferência de votos de Veneziano para Tatiana. Cássio
transfere mais votos para Daniella do que Veneziano e Ricardo Coutinho, apesar
dos percentuais serem bem próximos.
Num 2º turno sem Romero, Cássio poderia
ficar propenso a apoiar Daniella por conseguir transferir mais votos para ela.
O mesmo aconteceria num 2º turno sem Tatiana, Veneziano tenderia a apoiar Daniella,
pois transferia mais para ela do que para Romero. Como o eleitorado campinense
ainda não sabe ao certo quem Dilma apoiará, a taxa de transferência de votos da
presidente é quase a mesma para os três candidatos.
Os dados ainda nos mostram que a
migração dos votos é mais favorável para Tatiana Medeiros quanto melhor for a
avaliação do governo de Veneziano. Apenas 3% dos que consideram o governo Veneziano
ruim/péssimo aceitam votar em Tatiana, enquanto que 26% dos que consideram o
governo Veneziano bom/ótimo aceitam votar em Tatiana. Nada mais coerente.
A que se observar que apenas 7%
dos que consideram o governo Veneziano regular aceitam votar em Tatiana. A
rigor apenas metade dos que consideram o governo de Veneziano bom ou ótimo
aceitam votar em Tatiana. Além disso, Cássio Cunha Lima tem a vantagem de não
ocupar um cargo executivo e no final do 2º mandato. Ele não precisa ficar sendo
avaliado por isso. Já Veneziano está terminando seu segundo mandato com índices
de avaliação positiva medianos e apresentando dificuldades em transferir votos.