quinta-feira, 19 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM (PARTE IV) OU COMO OS CANDIDATOS DEVEM LER UMA PESQUISA ELEITORAL.






O escritor e filósofo Umberto Eco disse certa vez que “nem todas as verdades são para todos os ouvidos”. Eu concordo plenamente com esta frase. E, humildemente, a complementaria: “nem todas as verdades são para todos os ouvidos (...) E nem todas as palavras são para todas as bocas”. Essa frase me veio à lembrança por causa da forma como algumas pessoas tem se comportado diante da pesquisa eleitoral CAMPINA FM/6SIGMA.


Impressiona que uma das candidaturas melhor avaliada pelos entrevistados esteja reclamando da pesquisa, ao ponto de querer impugná-la judicialmente. Como isso será feito? Não tenho a menor ideia, pois a pesquisa ganhou as ruas, foi publicada, está na internet para quem dela quiser usar e abusar.


Que um candidato mal avaliado reclame da pesquisa eu entendo perfeitamente. Mas, protestar tendo sido bem avaliado? Isso não faz sentido. Vai entrar para o folclore da eleição 2012. Outro candidato até gostou do resultado da pesquisa, mas a contesta, baseado em uma pesquisa interna que possui. Ora, se a pesquisa interna é melhor, por que não divulgá-la?


O fato é que a metodologia de pesquisa utilizada pelo GRUPO 6SIGMA pegou muita gente com as calças na mão. As costumeiras racionalizações utilizadas pelos candidatos não se adequam aos resultados da pesquisa, pois ela revelou verdades incômodas que não foram feitas para ouvidos acostumados a perceber sempre os mesmo sons.


Se o ouvido só atenta para a mesma melodia, a boca só consegue vocalizar as mesmas palavras. Sobre a pesquisa se tem dito algumas frases de efeito e muitos chavões. Candidatos e assessores ainda não conseguiram digerir a pesquisa corretamente. Perdem tempo com dúvidas menores quando deveriam ter outra atitude.


Eu recomendo uma análise acurada desse que é tão somente um instrumento para aferir a opinião do eleitor em um determinado momento. Por falar nisso, eu vou analisar mais alguns dados da pesquisa.


Uma forma relevante de analisar uma pesquisa é cruzando seus dados. Bem melhor do que congelar diante de um dado isolado é relacioná-lo com as variáveis constantes na amostra. Podemos cruzar os dados da rejeição com a variável escolaridade e vermos que Tatiana Medeiros é quem tem a maior rejeição nos quatro níveis de escolaridade.


Que Sizenando Leal e Romero Rodrigues são, respectivamente, o segundo e o terceiro mais rejeitados nos entrevistados do ensino fundamental, médio e superior. E que Daniella Ribeiro tem baixos índices de rejeição nos quatro níveis de escolaridade. Se é a instrução que permite que o eleitor faça escolhas melhores, mais sábias, estes indicadores não devem ser desmerecidos.


Eu me acostumei a analisar objetivamente a rejeição do eleitor sobre o candidato. Mas, sempre quis saber quais seriam os motivos da rejeição. O GRUPO 6SIGMA resolveu este problema ao perguntar os motivos da rejeição e não só quem seria o rejeitado. Assim temos dados que nos levam para dentro da cabeça do eleitor.


Podemos, então, ficar sabendo que 38.4% dos entrevistados rejeitam Tatiana Medeiros porque a consideram despreparada; 55.5% rejeitam Daniella Ribeiro por a terem como antipática. Por esse mesmo motivo 38.3% rejeitam Romero Rodrigues. Foram rejeitados pelo fato de não serem conhecidos Sizenando Leal, por 70.5%; Arthur Almeida, por 63.9%; Alexandre Almeida, por 62.5%; e Guilherme Almeida, por 28.9%.


Convenhamos que ser rejeitado por falta de conhecimento é sempre melhor do que por antipatia ou despreparado. Afinal, o mais desconhecido dos candidatos pode vir a ser tornar o mais célebre deles. Já a antipatia e o despreparo são coisas bem diferentes. Um porque faz parte da própria personalidade do candidato e o outro porque não é algo que se resolva do dia para a noite.


Os candidatos fariam grande favor a si mesmos, e aos eleitores, se parassem de implicar com as pesquisas e reformatassem suas estratégias de campanha à luz dos ensinamentos que a pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA nos traz.