O escritor e filósofo Umberto Eco disse certa vez que “nem todas as verdades são para todos os ouvidos”. Eu concordo plenamente com esta frase. E, humildemente, a complementaria: “nem todas as verdades são para todos os ouvidos (...) E nem todas as palavras são para todas as bocas”. Essa frase me veio à lembrança por causa da forma como algumas pessoas tem se comportado diante da pesquisa eleitoral CAMPINA FM/6SIGMA.
Impressiona
que uma das candidaturas melhor avaliada pelos entrevistados esteja reclamando
da pesquisa, ao ponto de querer impugná-la judicialmente. Como isso será feito?
Não tenho a menor ideia, pois a pesquisa ganhou as ruas, foi publicada, está na
internet para quem dela quiser usar e abusar.
Que um candidato mal
avaliado reclame da pesquisa eu entendo perfeitamente. Mas, protestar tendo
sido bem avaliado? Isso não faz sentido. Vai entrar para o folclore da eleição
2012. Outro candidato até gostou do resultado da
pesquisa, mas a contesta, baseado em uma pesquisa interna que possui. Ora, se a
pesquisa interna é melhor, por que não divulgá-la?
O fato é que a
metodologia de pesquisa utilizada pelo GRUPO 6SIGMA pegou muita gente com as
calças na mão. As costumeiras racionalizações utilizadas pelos candidatos não
se adequam aos resultados da pesquisa, pois
ela revelou verdades incômodas que não foram feitas para ouvidos acostumados a
perceber sempre os mesmo sons.
Se o
ouvido só atenta para a mesma melodia, a boca só consegue vocalizar as mesmas
palavras. Sobre a pesquisa se tem dito algumas frases de efeito e muitos
chavões. Candidatos e assessores ainda não conseguiram
digerir a pesquisa corretamente. Perdem tempo com dúvidas menores quando
deveriam ter outra atitude.
Eu recomendo uma análise
acurada desse que é tão somente um instrumento para aferir a opinião do eleitor
em um determinado momento. Por falar nisso, eu vou analisar mais alguns dados
da pesquisa.
Uma forma relevante de
analisar uma pesquisa é cruzando seus dados. Bem melhor do que congelar diante
de um dado isolado é relacioná-lo com as variáveis constantes na amostra. Podemos cruzar os dados da rejeição com a variável
escolaridade e vermos que Tatiana Medeiros é quem tem a maior rejeição nos
quatro níveis de escolaridade.
Que
Sizenando Leal e Romero Rodrigues são, respectivamente, o segundo e o terceiro
mais rejeitados nos entrevistados do ensino fundamental, médio e superior. E
que Daniella Ribeiro tem baixos índices de rejeição nos quatro níveis de escolaridade.
Se é a instrução que permite que o eleitor faça escolhas melhores, mais sábias,
estes indicadores não devem ser desmerecidos.
Eu
me acostumei a analisar objetivamente a rejeição do eleitor sobre o candidato. Mas,
sempre quis saber quais seriam os motivos da rejeição. O GRUPO 6SIGMA resolveu
este problema ao perguntar os motivos da rejeição e não só quem seria o
rejeitado. Assim temos dados que nos levam para dentro da cabeça do eleitor.
Podemos,
então, ficar sabendo que 38.4% dos entrevistados rejeitam Tatiana Medeiros
porque a consideram despreparada; 55.5% rejeitam Daniella Ribeiro por a terem
como antipática. Por esse mesmo motivo 38.3% rejeitam Romero Rodrigues. Foram
rejeitados pelo fato de não serem conhecidos Sizenando Leal, por 70.5%; Arthur Almeida,
por 63.9%; Alexandre Almeida, por 62.5%; e Guilherme Almeida, por 28.9%.
Convenhamos
que ser rejeitado por falta de conhecimento é sempre melhor do que por
antipatia ou despreparado. Afinal, o mais desconhecido dos candidatos pode vir
a ser tornar o mais célebre deles. Já a antipatia e o despreparo são coisas bem
diferentes. Um porque faz parte da própria personalidade do candidato e o outro
porque não é algo que se resolva do dia para a noite.
Os
candidatos fariam grande favor a si mesmos, e aos eleitores, se parassem de
implicar com as pesquisas e reformatassem suas estratégias de campanha à luz
dos ensinamentos que a pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA nos traz.