Nas análises sobre a pesquisa eleitoral CAMPINA FM-6SIGMA a única variável da estratificação da amostra que eu ainda não tratei é a renda familiar. Se é verdade que o bolso do eleitor é condicionante quando ele decide em quem vai votar, então prestemos atenção na relação intensão de voto X renda familiar.
Romero
Rodrigues ganha em três das quatro faixas salariais. Daniella Ribeiro ganha em
uma e Tatiana Medeiros não ganha em nenhuma. Nas duas primeiras faixas a
diferença entre Romero e Daniella é muito pequena, mas nas duas últimas Romero
abre sensível vantagem sobre Daniella. Com esses dados, e a
preço de hoje, Romero e Daniella vão para o 2º turno. Mas, nem sempre o eleitor
decide pelo bolso, às vezes decide pela cabeça, às vezes pelo coração. Vamos em
frente.
Algo
que importa em eleições locais é o peso da influência das lideranças. É como
cada ator político relevante transfere seu capital eleitoral para seus
candidatos. Eu falo do velho e bom dilema do poste. Além de se querer saber quanto cada candidato herda
de seu líder político, se quer saber se ele, o líder, é tão bem avaliado que
pode eleger até um poste.
Assim se perguntou: “O senhor votaria em um
candidato apoiado por Cássio Cunha Lima?” 63.9% disseram sim; 26.6% disseram não;
e 9.4% disseram não saber. Consideremos que o vice de Romero Rodrigues é Ronaldo
Fº, irmão de Cássio. E lembremos que o senador sinalizou que vai mesmo entrar
na campanha. Também se considere que Cássio é um bom transferidor de votos como
pode demonstrar na eleição passada para governador. Mas, o dilema não está
ainda de todo resolvido para Romero. O deputado vai ter que
demonstrar, aos olhos do eleitor, que pode receber esse capital eleitoral. Ou
seja, Romero tem que demonstrar ser um bom poste.
Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Veneziano
Vital do Rêgo?” 42.7% disseram sim; 47.9% disseram não; e 9.3% disseram não
saber. Estes dados contrariam aqueles dos outdoors espalhados pela cidade de
Campina Grande. Lá a aprovação da administração de Veneziano ficava acima de 70
pontos percentuais. Na pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA esta aprovação fica em 45.2%
(somados ótimo e bom) e o prefeito não atingiu um patamar superior a 50 pontos
na pergunta acima.
Aqui
o dilema é quanto o prefeito Veneziano conseguirá transferir de seu capital
eleitoral para seu pilar, coluna, enfim, seu poste. Considerando que os números
não sorriem para Tatiana Medeiros, Veneziano terá que contar, no ato da
transferência, com a totalidade das intenções de voto dos que disseram sim a
pergunta. Do contrário o dilema não se resolve.
Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um
candidato apoiado por Ricardo Coutinho?” 22.3% disseram sim, 69.2% disseram não
e 8.4% disseram não saber. Independente de opiniões que se tenha sobre a
administração estadual, com estes números é pouco provável que o governador
encontre, em Campina Grande, um poste para chamar de seu.
Quando
a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Dilma Rousseff?”
48.8% disseram sim, 41.1% disseram não e 10.2% disseram não saber. A questão é
se Dilma esta mesmo interessada em influir na eleição de Campina Grande ou de
centenas de municípios brasileiros. Mas, suponhamos que esteja. Quem ela
adotará como poste? O candidato de seu partido, Alexandre Almeida ou a
candidata de seu ministro das cidades, Daniella Ribeiro?
Como
se vê cada liderança e cada candidato tem o dilema que merece. Vamos acompanhar
para ver como cada um tenta resolvê-lo.