quarta-feira, 18 de julho de 2012

TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM (PARTE III) OU CONTINUA O DILEMA DO POSTE.






Nas análises sobre a pesquisa eleitoral CAMPINA FM-6SIGMA a única variável da estratificação da amostra que eu ainda não tratei é a renda familiar. Se é verdade que o bolso do eleitor é condicionante quando ele decide em quem vai votar, então prestemos atenção na relação intensão de voto X renda familiar.



Romero Rodrigues ganha em três das quatro faixas salariais. Daniella Ribeiro ganha em uma e Tatiana Medeiros não ganha em nenhuma. Nas duas primeiras faixas a diferença entre Romero e Daniella é muito pequena, mas nas duas últimas Romero abre sensível vantagem sobre Daniella. Com esses dados, e a preço de hoje, Romero e Daniella vão para o 2º turno. Mas, nem sempre o eleitor decide pelo bolso, às vezes decide pela cabeça, às vezes pelo coração. Vamos em frente.



Algo que importa em eleições locais é o peso da influência das lideranças. É como cada ator político relevante transfere seu capital eleitoral para seus candidatos. Eu falo do velho e bom dilema do poste. Além de se querer saber quanto cada candidato herda de seu líder político, se quer saber se ele, o líder, é tão bem avaliado que pode eleger até um poste.



Assim se perguntou: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Cássio Cunha Lima?” 63.9% disseram sim; 26.6% disseram não; e 9.4% disseram não saber. Consideremos que o vice de Romero Rodrigues é Ronaldo Fº, irmão de Cássio. E lembremos que o senador sinalizou que vai mesmo entrar na campanha. Também se considere que Cássio é um bom transferidor de votos como pode demonstrar na eleição passada para governador. Mas, o dilema não está ainda de todo resolvido para Romero. O deputado vai ter que demonstrar, aos olhos do eleitor, que pode receber esse capital eleitoral. Ou seja, Romero tem que demonstrar ser um bom poste.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Veneziano Vital do Rêgo?” 42.7% disseram sim; 47.9% disseram não; e 9.3% disseram não saber. Estes dados contrariam aqueles dos outdoors espalhados pela cidade de Campina Grande. Lá a aprovação da administração de Veneziano ficava acima de 70 pontos percentuais. Na pesquisa CAMPINA FM/6SIGMA esta aprovação fica em 45.2% (somados ótimo e bom) e o prefeito não atingiu um patamar superior a 50 pontos na pergunta acima.



Aqui o dilema é quanto o prefeito Veneziano conseguirá transferir de seu capital eleitoral para seu pilar, coluna, enfim, seu poste. Considerando que os números não sorriem para Tatiana Medeiros, Veneziano terá que contar, no ato da transferência, com a totalidade das intenções de voto dos que disseram sim a pergunta. Do contrário o dilema não se resolve.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Ricardo Coutinho?” 22.3% disseram sim, 69.2% disseram não e 8.4% disseram não saber. Independente de opiniões que se tenha sobre a administração estadual, com estes números é pouco provável que o governador encontre, em Campina Grande, um poste para chamar de seu.



Quando a pergunta foi: “O senhor votaria em um candidato apoiado por Dilma Rousseff?” 48.8% disseram sim, 41.1% disseram não e 10.2% disseram não saber. A questão é se Dilma esta mesmo interessada em influir na eleição de Campina Grande ou de centenas de municípios brasileiros. Mas, suponhamos que esteja. Quem ela adotará como poste? O candidato de seu partido, Alexandre Almeida ou a candidata de seu ministro das cidades, Daniella Ribeiro?



Como se vê cada liderança e cada candidato tem o dilema que merece. Vamos acompanhar para ver como cada um tenta resolvê-lo.