O nosso atual ambiente político está movimentado.
Não tanto quanto alguns gostariam, nem tanto quanto o nosso sistema político
comporta ou mesmo suporta. Vejamos alguns fatos acontecidos nos últimos dias.
Eu sugiro que analisemos como eles podem (ou devem) influenciar o resultado das
urnas e a composição do futuro cenário da política paraibana.
Confirmando o processo de
judicialização dessa eleição, a primeira Ação de Investigação Judicial
Eleitoral de 2012 foi julgada improcedente. Uma AIJE foi julgada improcedente
pelo juiz Ely Jorge Trindade.
Em Boa vista, o candidato a prefeito Tonito Almeida
(PT) da coligação “Agora é a vez do povo” pediu a cassação do candidato à
reeleição Edvan Pereira Leite e de seu vice com base na Lei da Ficha Limpa. Essa AIJE foi julgada
improcedente por falta de provas. Mas, muitas outras virão. É que muitos
candidatos pensam ser possível simplesmente disputar a eleição contra ninguém.
Querem mesmo ganhar por W0.
As AIJE’s tornaram-se o instrumento pelo qual se
inicia o processo que leva a impugnação de uma candidatura, ao impedimento da
diplomação de um eleito ou de sua posse. No limite, é por meio de uma AIJE que
aquele candidato que ficou em segundo lugar na eleição saca o eleito empossado
do cargo e o ocupa até o final do mandato. Assim,
caro ouvinte, fique atento, pois a despretensiosa AIJE de hoje, pode vir a ser
tornar naquele complexo processo judicial que leva um chefe de governo
executivo a ser cassado.
Confirmando o cenário judicializado de nossa
eleição, acabo de ver no DIVULGACAND do TSE que a candidatura de Daniella
Ribeiro continua com o nada cômodo status de “indeferida com recurso”. A justiça
eleitoral não concedeu o registro de candidatura a Daniella, por causa da
confusão que envolve o PT, e ela recorreu como lhe é de direito. Não deixa de
ser um risco tocar uma campanha eleitoral com tantas incertezas jurídicas.
A candidatura de Tatiana Medeiros recebe o rótulo
de “deferida com recurso”. O caso é o seguinte: a justiça eleitoral lhe
concedeu o registro de candidatura, mas houve quem recorresse da decisão. São questões complexas do ponto de vista do direito
eleitoral, mas que no plano real da política são bem simples de explicar. Os
atores políticos seguem querendo antecipar e/ou rejeitar resultados que só as
urnas é que deveriam promulgar. São as coisas de nossa frágil democracia de
procedimentos.
E continua a celeuma sobre o uso eleitoral das
redes sociais. O motorista de Perón Japiassú (que é, ou era, o vice de Daniella
Ribeiro) levou uma multa de R$ 5 mil reais por propaganda eleitoral negativa e
ofensiva ao candidato Alexandre Almeida. E de fato houve a ofensa escrachada.
Quando será que os assessores e outros tantos vão
entender que a Internet e as redes sociais podem vir a ser um instrumento
eficaz nas campanhas eleitorais, e não um simples instrumento para mostrarem-se
úteis ao político que lhes dá emprego.
Outra celeuma é a da propaganda eleitoral de rua.
Primeiro foram às nefastas carreatas. A maioria dos envolvidos na eleição não
as queria, mais uma pequena minoria disse que queria realizá-las e elas já
estam acontecendo. Essa nossa democracia é mesmo estranha, é a minora quem
determina a vontade da maioria.
Agora veio a questão dos cavaletes. A moda entre os
candidatos é a utilização daqueles enormes cavaletes que impedem a visão de
motoristas e transeuntes. Mas, o mais interessante, ou engraçado, é que os
candidatos a prefeito de Campina Grande parecem ter sósias virtuais. Eu
explico. O candidato (ou candidata) que aparece nos cavaletes e carros
adesivados é sempre bem diferente daquele que nós vemos pessoalmente. De perto
ninguém é normal, já dizia Caetano Veloso.
Mas na política é diferente. De perto todo
candidato tem um rosto normal, com imperfeições e tudo mais. Já de longe, nos
cavaletes, os candidatos têm rostos perfeitos. Estam todos, literalmente, de
caras lisas. Das duas uma, ou a política faz rejuvenescer (o que
definitivamente eu não acredito que seja possível) ou os programas de photoshop
estam cada vez mais evoluídos.
Mas, nada como dois líderes políticos
da Paraíba, aliados que são, a se baterem pelas redes sociais pela paternidade
de obras feitas com o dinheiro público e, claro, para o benefício da população.
Chega a ser hilária essa briga de egos e “super-egos” para ver quem fez mas e
melhor pelo povo. O que não tem graça é ver um governador e um senador da
República trocando farpas via Twitter.
Não tem graça e é para ser levado a sério, pois o
que Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima estam a fazer é preparando o terreno
para o, inevitável e mais que anunciado, rompimento político.
Eis a ambiência político-eleitoral. Aguardemos os
próximos lances lembrando que vamos ter apenas uma eleição. Não haverá a “festa
da democracia” como querem os otimistas ou uma “luta de vida e morte” como
anseiam os pessimistas. A vida e as instituições continuarão a existir após a
proclamação dos resultados.