Daqui a uma semana vai entrar no ar um dos maiores
campeões de audiência da televisão e do rádio brasileiro. Eu falo do Guia
Eleitoral. Não, eu não estou brincando. A propaganda eleitoral tem sim boa
audiência. Para o bem e para o mal, por mera curiosidade ou para conhecer os
candidatos e suas propostas, o fato é que nós acompanhamos o guia eleitoral,
nem que seja para falar mal ou dar algumas boas gargalhadas.
Algumas pessoas acompanham o guia como se assistissem
uma corrida de Fórmula 1. Ficam na frente da TV esperando que um piloto sobre
na curva e role para fora da pista e até torcem para ver acidentes mais sérios.
Já ouvi pessoas dizerem que assistem o guia eleitoral esperando a baixaria. Elas
torcem para ver o pior dos candidatos, os erros cometidos e as acusações. Já me
foi dito que o guia só tem graça se tiver baixaria.
O IBOPE divulgou uma pesquisa, feita na metade do
mês de julho na cidade de Ribeirão Preto (SP), que se lida corretamente pode
nos oferecer uma luz sobre nossa relação passional com o guia eleitoral.
Foi perguntado aos entrevistados qual a influência dos programas eleitorais na decisão de em quem votar. 12% deles afirmaram que tem muita influência, 23% disseram pouca influência e 64% nenhuma influência. Mas não se perguntou se elas assistem ao guia. A questão era saber se a propaganda influencia na decisão do eleitor. Eu vou considerar que os entrevistados assistem ao guia, se não como responderiam a pergunta?
Existe boa possibilidade desses 12% que aceitam a
influência do guia terem capacidade de contaminar os que estam em sua volta.
Assim a propaganda eleitoral teria uma capacidade multiplicadora. Já os 64% que disseram que o guia não os
influencia, podem ser aquelas pessoas que simplesmente desligam a TV todas as
vezes que a “galera medonha”, como diz o Macaco Simão da Folha UOL, entra no
ar.
Se o guia eleitoral não tem audiência ou mesmo
influência, porque os partidos e atores políticos se batem em buscas daqueles preciosos
minutos? Se o guia fosse inútil, os políticos já tinham acabado com ele.
Vejamos que o PT foi (e é) alvo de disputa em
Campina Grande principalmente pelos minutos que traz para o guia eleitoral
daquela coligação que estiver compondo. Para quem não sabe o
tempo de cada partido no guia eleitoral é determinado por um cálculo que considera
o número de parlamentares que cada agremiação tem no Congresso Nacional.
É por isso que Alexandre Almeida, do PT, ficou com
4 minutos e 58 segundos, pois a bancada do PT em Brasília é a maior de todas.
Se o cálculo considerasse apenas o tamanho da bancada de cada partido na Câmara
dos Vereadores, Alexandre mal teria tempo para dar um espirro. É por isso que a
Coligação “Pra Campina Crescer em Paz”, de Daniella Ribeiro, ficou com 3 minutos
e 30 segundos. Um tempo curto se considerarmos suas pretensões eleitorais. Esse
foi um golpe que ela parece não ter assimilado.
Tivesse Daniella mantido o PT consigo teria longos 7 minutos e 88 segundos no guia eleitoral.
Alexandre pode não ter maiores pretensões eleitorais, mas tem tempo suficiente
para desempenhar o papel que bem quiser. Arthur Almeida, com 2 minutos e 14 segundos,
e Guilherme Almeida, com 2 minutos e 34 segundos, ficaram com um tempo que não permite
que se abuse das perfumarias. Mas, é um tempo que se usado com sabedoria pode
leva-los a outros patamares.
Guilherme depende da boa utilização de seu tempo
para sair do patamar de um dígito nas pesquisas. Não é incomum um candidato
sair do 3º ou 4º lugar e ir para o 2º turno por ter explorou bem seu tempo no
guia. Vejam o caso do prefeito Gilberto Kassab nas eleições de 2008 em São
Paulo.
Sizenando Leal ficou com 1 minuto e 33 segundos. É
um tempo escasso, mas para os fins que ele pretende pode ser suficiente. Com
esse tempo dá para dizer muita coisa. Quem se esqueceu do famoso caso “meu nome
é Enéas”? Tatiana Medeiros e sua “Coligação Campina Segue em Frente” obteve 6 minutos
e 42 segundos. Não é um tempo pequeno, se considerarmos que Tatiana deverá
utilizá-lo bem mais para falar dos feitos do governo Veneziano do que
propriamente de suas propostas de governo.
Já a Coligação Por Amor a
Campina, de Romero Rodrigues, obteve o maior tempo. São longuíssimos 9 minutos
e 3 segundos. Isso pode ser pouco e pode ser muito. Depende do candidato, da
produção do programa e de algumas outras condições de temperatura e pressão.
Se o caro ouvinte quer saber se é
melhor sobrar ou faltar tempo, eu não saberia dizer. Mas, não esqueçamos que o
cidadão/eleitor/espectador tem ao alcance da mão o poder de fazer o candidato
se calar, pelo menos até o próximo programa.