Além da importância em si mesmas, as eleições
municipais possuem a capacidade de desenhar o cenário político partidário
visando as eleições seguintes, onde escolhemos os governadores e o presidente
da República. Quando estas eleições terminarem, uma das análises que faremos é
ver quais partidos saíram vitoriosos do processo, por terem ganhado mais
prefeituras, e quais o que saíram derrotados.
Esse cálculo importa na
medida em que quantos mais municípios um partido tiver, mais poder de barganha
ele terá nas composições visando às eleições estaduais e a grande eleição
federal. Com dados coletados no Blog do
Jornalista da Folha/UOL, Fernando Rodrigues, podemos ver que a bipolarização
entre o PT e o PSDB continua pelo Brasil afora.
Vamos considerar o G66,
que é grupo formado pelas 27 capitais, mais as 39 maiores cidades eleitorais do
Brasil. São as cidades que possuem mais de 200 mil eleitores e onde pode vir a
ser realizado o 2º turno. Campina Grande, como se sabe, está neste grupo.
Nesse universo de 66
municípios relevantes, o PT tem candidato em condições de ganhar a eleição em
26 cidades e o PSDB tem em 25 cidades. Nos outros 15 municípios candidatos de
partidos como o PMDB, PSB e PDT é que reúnem maiores chances de ganhar.
A compilação feita por Fernando Rodrigues não deixa
dúvidas que petistas e tucanos aumentam a hegemonia deles nos grandes e médios centros
urbanos. Isso reforça a tendência que veio sendo registrada a partir do começo
da década de 90. Para efeito desse cálculo, candidatos competitivos são os que
estão colocados em 1º lugar nas pesquisas atuais ou os que estão em 2º lugar,
mas com chances reais de ir ao segundo turno.
O PT e o PSDB são, desde 2000, os partidos que mais
têm prefeitos no G66. E, para ter sucesso nas eleições de 2014, estar bem
posicionado nessas cidades é fundamental. Dai a importância que os partidos em
nível nacional dão as eleições municipais. Não
é a toa que a direção nacional do PT tem tentado interferir diretamente nos
processo eleitoral de Campina Grande. Assim como, e se for preciso, lideranças
nacionais do PSDB entram na campanha local.
Vejamos a evolução dos números. Nas eleições
municipais de 1996, o PT conquistou oito prefeituras contra 15 do PSDB. Em 2000,
houve a virada, e o PT ficou com 15 contra 13 cidades do PSDB. Em 2004, o PSDB
revidou e ficou com 16 cidades contra 13 do PT. Em 2008, mais uma virada, o PT
conquistou 15 cidades contra 10 do PSDB. Atualmente, o PT possui 16 cidades e o
PSDB tem 07 cidades. Notem que a rivalidade é grande. Os dois se alternam nos
números e sem permitir que outros partidos entrem na disputa.
Inclusive, os petistas gostam de dizer que o PSDB e
seus agregados (DEM e PPS) estam em extinção. Mas, não é isso que se vê. PSDB e
DEM, juntos, têm 32 candidatos competitivos. O PPS é que está mal das pernas,
pois não consegue ter um único candidato competitivo no G66.
O PMDB segue tendo o papel de sempre. Coloca-se
como uma espécie de 3ª via de luxo. Além de ser o partido do vice-presidente da
República, ocupa papel importante no G66 e segue com seu apurado extinto de
sobrevivência. Onde houver governo, pode-se saber que lá estará o PMDB.
No G66, o PMDB tem 11 prefeitos e disputa com 14
nomes competitivos. E é o partido que sempre conta com generosos minutos no
guia eleitoral. Não será novidade que consiga manter ou ampliar seu espaço
dentro do G66. O PSB, do governador Ricardo Coutinho, tem estratégia clara e
definida nestas eleições. Quer dar seu grande salto. Entre 1996 e 2008
manteve-se com uma média de seis prefeituras no G66.
Mas neste ano, o PSB têm 14 candidatos competitivos
no G66. Se as urnas forem generosas com o partido de Eduardo Campos, ele poderá
“passar de fase”, como dizem os jogadores de videogames, e entrar decidido no
grande jogo de 2014. Não é segredo que Eduardo Campos quer ser candidato a
presidente em 2014 ou 2018. O sucesso (ou fracasso) do PSB dentro do G66 será
um fator decisivo nos rumos do governador pernambucano e, claro, do seu colega
daqui da Paraíba.
Já o DEM enfrenta seu ocaso. O
antigo PFL não possui um único prefeito e só tem sete candidatos competitivos no
G66. O DEM continua sem saber fazer o papel de oposicionista, acostumado que
foi a ser situação. Deve encolher ainda mais nessas eleições e seguir sendo um
apêndice tucano.
Eu desenhei o cenário atual, apontando para o de
2014. Na verdade, busquei analisar a ambiência político-partidária do momento.
Vou continuar observando e em breve volto a analisar estas questões.