quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A COPA QUE NÃO É NOSSA.






Saiu a 5ª edição da pesquisa Termômetro Trevisan/Copa 2014 e eu vou logo avisando que os resultados dessa aferição não são bons. Definitivamente, só nos resta torcer para que a Seleção Brasileira ganhe pela 6ª vez a Copa do Mundo. Nada mais do que isso. Em relação aos tais legados sociais, de que tanto já se falou, sugiro não mais esperar por eles. Esqueçamos de uma vez por todas as promessas de que a Copa do Mundo nos traria vantagens sociais e econômicas.




Já que somos a “pátria de chuteiras”, como dizia Nelson Rodrigues, nos contentemos com as majestosas arenas “megafaturadas”. Já que pensamos pelos pés e nos achamos os reis do futebol, então nada de reclamar, agora, só nos resta cantar e sambar. A ideia de ceder nosso território para a FIFA fazer o show dela foi de uma burrice atroz. Ela virá aqui em nossa casa, fará uma grande festa e depois voltará para sua casa, em Zurique, na Suíça. Já nós, vamos ficar aqui com a conta para pagar e a casa para limpar.




A pesquisa “Termômetro Trevisan” é realizada trimestralmente pela Trevisan Gestão do Esporte. A partir da opinião de especialistas na realização de eventos esportivos de grande porte se afere o andamento dos preparativos para a Copa. Os pesquisadores criaram o ÍNDICE GERAL DE PERCEPÇÃO DE ESPECIALISTAS DO FUTEBOL que tem uma escala de 1 a 5. Com este índice se avalia os trabalhos do Comitê de Organização Local e dos chamados empreendedores urbanos das 12 cidades-sede.





Os pontos mais baixos dessa 5ª avaliação se relacionam às obras de mobilidade urbana e às reformas na estrutura aeroportuária do país. Lamentavelmente, ainda não atingimos um índice geral acima dos 3 pontos. Nas 1ª e 2ª edições da pesquisa a nota para os preparativos foi de 2.2. Na 3ª edição caiu para 2.1. Na 4ª edição subiu para 2.4 e nesta última edição ficou em 2.3. Enfim, não se atingiu ainda nem a metade da escala de avaliação.





Contando com hoje, faltam 196 dias para a Copa do Mundo e nós estamos sendo avaliados como se estivéssemos começando os trabalhos. Se a Copa fosse começar hoje estaríamos desgraçadamente reprovados. Mas, afinal o que tudo isso significa? Este índice avalia como áreas estratégicas, para o bom termo da Copa, estam sendo preparadas para o evento. São 6 grandes áreas: estádios, telecomunicações, hospedagens, qualificação de mão-de-obra, segurança pública e transportes. À exceção dos estádios que obtiveram nota acima dos 3 pontos nas três últimas edições da pesquisa, todas as outras áreas receberam nota abaixo dos 3 pontos e em todas as cinco edições da pesquisa.





Faltando cinco meses para a Copa do Mundo e os gargalos nas áreas de telecomunicação, transporte, segurança e mão-de-obra não foram alargados. Nos transportes, por exemplo, a maior pontuação foi 1.7 na 2ª edição. É bom não esquecer que a grande solução que o governo encontrou para evitar engarrafamentos, nos dias de jogos da seleção brasileira, foi decretar feriado. Como se nós precisássemos de um decreto presidencial para decidir nossos feriadões.


 



Os auditores da “Termômetro Trevisan” afirmam que os trabalhos seguem abaixo do aceitável, sobretudo nos arredores dos estádios. É que o Comitê Local entendeu que as imagens que vão viajar o mundo sairão de dentro dos estádios, não de fora deles. O consultor da pesquisa, Fernando Trevisan, disse que "todos os itens avaliados nesta 5ª edição involuíram em relação à última verificação, a não ser as obras dos estádios que cresceram em 0.2%". Ou seja, cresceram a espessura de um fio de cabelo.





Esta pesquisa reforçou em mim a percepção de que os benefícios da Copa do Mundo ficarão restritos às colossais arenas que se manterão, após o evento, graças ao sem número de jogos que temos e aos preços exorbitantes dos ingressos que serão cobrados. Depois da Copa do Mundo, ir a uma dessas arenas será algo para poucos. A massa, o povão, vai ter que se contentar em assistir aos campeonatos estaduais e nacionais pela televisão. A FIFA, a CBF e o governo nos prestaram mais este desserviço.





Eu confesso que esperava, ao menos, ver melhorias na capacidade hoteleira e na mão de obra turística pelo Brasil afora. Mas, os índices são pífios. Nestas duas áreas a maior pontuação foi da hospedagem que tirou 2.6 na 4ª edição. Claro, não me iludi quando o assunto foi mobilidade urbana e aeroportos. Inclusive, o governo já jogou a toalha.  Pelo Brasil afora as grandes obras, que seriam o tal legado da Copa, estam sendo deixadas de lado, não sem antes terem sido gastos rios de dinheiro.  Eu vejo os valores em milhões de reais que estam sendo gastos nessas arenas e fico pensando o quanto irracional é erguer uma suntuosa arena em meio a pobreza. Literalmente, estamos comprando gaiolas de ouro, para passarinhos morrerem de fome.



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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.






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