Estamos iniciando o penúltimo mês do ano e contabilizando 154
homicídios em Campina Grande. Em 2011 tivemos 182 pessoas assassinadas em nossa
cidade e em 2012 foram 176 homicídios. Se até o dia 31 de dezembro mais 22
pessoas forem assassinadas igualaremos a marca de 2012. Se tivermos mais 28
homicídios vamos empatar com 2011. Apesar de que, nada impede que 2013 seja o campeão
neste macabro ranking.
Pela evolução dos
números e pela notável ausência de políticas públicas na área de segurança da
Paraíba nada impede que cheguemos ao final de 2013 bem próximos dos 200 casos
de homicídios em nossa cidade. Não que eu esteja torcendo por isso, pelo contrário,
esta COLUNA POLITICANDO é mais uma forma de protesto contra este estado de
coisas do que um simples levantamento de números. Mas, vamos analisar a questão
de perto.
Primeiro é preciso que se
diga que esses números não são absolutos, pois existem os casos de homicídios
que não chegam ao conhecimento das autoridades policiais e muito menos ao
conhecimento da imprensa para que possam ser divulgados. E existe a chamada
subnotificação. São os casos em que o indivíduo morre das consequências
causadas pela tentativa de assassinato. É quando a pessoa é atingida por um
tiro e vem a falecer no hospital devido a uma hemorragia ou uma infecção.
Em relação aos dados, a Secretaria de Segurança Pública do Estado
da Paraíba nos revela algo pelo qual devemos nos preocupar. Delegados da
Polícia Civil e promotores públicos detectaram que o número de homicídios por
motivos fúteis aumentou. Numa entrevista a equipe de Jornalismo da Campina FM a
delegada Cassandra Duarte afirmou que se percebeu um aumento significativo nos homicídios
motivados por motivos fúteis e banais. A delegada disse que entre 2010 e 2012 quase
60% dos casos de homicídios foram motivados por questões relacionadas ao
tráfico de drogas e que neste ano de 2013 se verificou um aumento nos casos de
homicídios por motivos banais. Também, se verificou uma diminuição nos casos de
homicídios causados pelo tráfico de drogas.
Essa informação não quer dizer que os traficantes ficaram bonzinhos
e resolveram matar menos. Ela parece nos dizer que nossas instituições
coercitivas tem conseguido mais sucesso no combate ao tráfico de drogas e aos
crimes relacionados a ele. Mas, essa informação revela um dado alarmante e
preocupante. É que se o número de homicídios motivados por causas banais ou
fúteis aumentou é porque nós, sociedade civil, ficamos mais violentos, mais
intolerantes, menos pacíficos e menos pacientes para com os problemas do
dia-a-dia.
A delegada Cassandra Duarte
afirmou que nos dias de hoje, em Campina Grande, se mata por qualquer coisa.
Por causa de R$ 10,00, por uma pedra de crack, por uma discussão no trânsito ou
por uma briga qualquer num bar ou numa festa. Sabemos que a maioria das brigas,
que redundam em homicídios, ocorre em festas e bares e que a maioria dos crimes
são cometidos contra jovens entre 18 e 25 anos. Sabemos, ainda, que a maior
ocorrência desses crimes se dá nos muitos feriados prolongados que temos.
Outro dado para nos tirar o
sono é que a cada ano que passa mais mulheres jovens são assassinadas em
Campina Grande. Em 2012 tivemos mais mulheres assassinadas por crimes
passionais do que por crimes relacionados ao tráfico. Mas, que não se pense que Campina Grande é a
exceção em relação ao Brasil. Nossa cidade não contraria a regra nacional. O Anuário
Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública nos informa que tivemos em
2012 50 mil mortes por assassinato.
Foi um aumento de 7.6% em relação a 2011. Nos
10 anos em que os EUA estiveram em guerra contra o Vietnã morreram 52 mil
soldados norte-americanos. Perdemos por ano o que os EUA perderam em uma década
e mesmo assim porque estavam em guerra. As projeções da Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP) dão conta que devemos superar em algo em torno de
8.5% os números de 2012. Ou seja, é possível que cheguemos a quase 55 mil
mortos por homicídios no Brasil em 2013.
Mas, a questão
não é se vamos ter (em 2013) 20, 30 ou 40 assassinatos a mais ou a menos do que
em 2012. A questão não é se a meta estipulada pela Secretaria de Segurança
Pública da Paraíba, para que se diminuam os homicídios, vai ser cumprida. A
questão é: qual a política pública relevante do governo do Estado para que se
mate e se morra bem menos na Paraíba? Enquanto os governantes estiverem mais
preocupados com as estatísticas do que com o bem estar do cidadão vamos
continuar matando como se estivéssemos numa guerra civil.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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