segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O SHOW ACABOU E A VIDA SEGUE!





Finalmente, acabou o show. Depois de oito anos a quadrilha que montou um esquema para desviar dinheiro público e subornar parlamentares está atrás das grades. Eu não vou chorar pelo leite derramado e nem reclamar que as penas foram brandas. Eu não quero fazer justiça com as próprias mãos e me recuso a participar de um lixamento público. Também, não vou defender que os mensaleiros deveriam ser condenados a pena de morte como vi fazerem em algumas análises emocionais.



Mas, nem por isso, concordo com a presidente Dilma que disse que nossa democracia é cada vez mais sólida, pois não estou vendo acontecer uma revolução. O que temos, apenas, é uma quadrilha que assaltou o Estado sendo punida na forma da lei. Cada país tem as leis que merece, legadas pela sua história. Nosso sistema político-jurídica foi, e é, leniente para com uma elite que sempre se colocou acima das leis e do próprio Estado. Essa elite formatou o sistema político para atender seus interesses.



Não é a toa que temos o “foro privilegiado”, que se dá aos que tem amplas vantagens político-econômicas para não serem responsabilizados por crimes cometidos. Temos, também, o expediente da “prisão especial” para quem tem curso superior. E como esquecer a “Lei Fleury”, feita para proteger um torturador assassino a serviço do regime militar? Esta lei que permite que o réu primário, com residência fixa, responda em liberdade a um processo foi feita para privilegiar o delegado Sergio Paranhos Fleury quando se tentou processá-lo.



Os mensaleiros que foram recolhidos a unidades prisionais em Brasília estam, sim, tendo uma série de privilégios. Eles deveriam ter penas mais severas? Sim, mas não esqueçamos que não temos tradição em punir membros de nossa elite. Foi muito difícil chegarmos até aqui por causa de nosso complexo de vira-latas. Somos colonizados, temos pena de julgar e condenar àqueles que nos exploram. Por isso que o show midiático em torno da prisão dos mensaleiros nos parece tão chocante. Somos complexados, gostamos mesmo é de ver o pobre, negro, favelado, sendo algemado e jogado no fundo de um camburão. Quando se trata de prender o branco, rico, morador do Morumbi, ficamos, assim, perplexos!



O presidente do STF, Joaquim Barbosa, parece nos dizer: “acabou, circulando, vão cuidar de suas vidas”. A pergunta, agora, é: o que vamos fazer sem as modorrentas sessões do STF julgando os mensaleiros pela tarde afora? Nada, não vamos fazer nada. Se somos uma democracia de verdade, como quer crer a presidente Dilma, aceitemos o resultado do jogo. Os mensaleiros que cumpram suas penas e nós cuidemos de nossas vidas. Simples assim! Chega de firulas e confusões jurídicas. Chega de embargos infringentes e de declaração. Que essa gente vá de uma vez cumprir suas sentenças. Pouco importa se passarão um, dez ou cem anos presos, o que interessa é que a impunidade não venceu mais uma vez.






Claro. O chefe maior que deu as coordenadas para a formação da quadrilha, o ex-presidente Lula, foi blindado e ficou de fora. É que ricos e pobres desse país de mãe preta e pai João não aceitam que seu líder maior seja punido. Ainda tem o show midiático das prisões, mas isso, também, vai passar. E pouco importa que petistas aloprados se manifestem em frente a Polícia Federal em Brasília cantando, pateticamente, o hino da 3ª internacional socialista.



Mesmo com ressalvas que faço ao nosso “Dark Man”, Joaquim Barbosa, reconheço que se não fosse ele ficaríamos indefinidamente com os condenados apresentando recursos, impetrando embargos de declaração sobre os embargos de declaração. A depender de Ricardo Lewandowski, e de sua turma, Zé Dirceu e et caterva não só seriam inocentados como indenizados por danos morais e materiais. O final do julgamento virou um “FLA X FLU” onde venceu que bateu com mais força na mesa.



O presidente do STF foi preciso ao bradar que os recursos que não atendam a requisitos básicos são meramente protelatórios e devem ser liminarmente desconsiderados. Não tem jeito mesmo, até para cumpri a lei temos que ser autoritários. O fato é que a condenação dessa gente é, infelizmente, um ato de destaque, uma espécie de evento "excepcional". A imprensa internacional tem dito que finalmente nós, brasileiros, tivemos coragem de punir um político que foi Ministro de Estado.



O mensaleiro Delúbio Soares postou em uma rede social que estava se entregando a polícia para cumprir a pena imposta por um tribunal de exceção. Não tem nada de exceção, pelo contrário, cumpriu-se a regra óbvia: que rouba tem que ser preso. Não há nada de exceção neste julgamento, muito de menos de ilegítimo. O cientista político Marcos Nobre afirmou que “O que vai tornar ilegítimo é se no futuro, em casos semelhantes, aplicarem penas diferentes". Eu espero que o que vimos sirva para alguma coisa. Torço para que o desfecho da novela mensalão nos eduque politicamente. Daqui a um ano vamos ter a oportunidade de mostrar o que aprendemos nas eleições. Espero sermos aprovados no teste das urnas.




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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.






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