sábado, 23 de novembro de 2013

PAI AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE!





Em março de 2012, a Companhia de Trânsito da Polícia Militar (CPTRAN) e o ministério público declararam guerra às chamadas “boates de otário” na cidade de Campina Grande. Hoje, eu vou constatar, além de lamentar, que essas instituições perderam a guerra. Pois, as “boates de otário”  seguem por aí azucrinando nossas vidas. E eu continuo tendo que ocupar esse espaço com um assunto literalmente perturbador.




As “boates de otário” são aqueles carros equipados com os tais paredões de som e estam por toda parte e em todo tipo de evento público ou privado.  Elas abusam do direito de transitar e poluem o meio ambiente. Há quase dois anos as instituições resolveram agir. Partiram para uma ofensiva que parecia promissora. Hoje é sexta-feira, vai começar mais um final de semana, se o caro ouvinte andar por alguns bairros da cidade saberá que a ofensiva fracassou.




Na época, tramitava na Câmara dos Deputados um projeto de lei para proibir o funcionamento em espaços públicos desses atentados a nossa saúde mental. Eu torcia para que o projeto se tornasse lei e, claro, que ela tivesse efetividade.  Como se percebe, não aconteceu nem uma coisa nem outra. Os paredões seguem se exibindo nos locais de livre acesso ao público. Meu desejo de que eles fossem finalmente banidos de nossa sociedade continua sendo tão somente uma vontade.





Eu sugiro pensarmos sobre a questão política de tão sério problema, já que o espaço público é definido como aquele que é de uso comum e posse coletiva. O fato é que persiste entre nós a confusão entre o que é público e o que é privado. Alguns lidam com o bem comum como se fosse sua propriedade, ao bel prazer de seus interesses. Ao estacionar um paredão daqueles em plena praça público e acionar suas turbinas sonoras, o cidadão está se valendo do espaço de todos para algo particular.





Certa vez, indaguei comerciantes e transeuntes de ruas centrais de Campina Grande sobre a poluição sonora, muitos disseram que sempre foi assim e que nunca vai mudar. Todos se mostraram indignados com esse estado de coisas. Mas, eu não aceito como normal o absurdo de ver o espaço público invadido por uma gente que faz na rua aquilo que só se faz em casa e assim mesmo em baixo volume para não incomodar a vizinhança.





Energúmenos e insensatos de todas as classes sociais danificam nossos ouvidos com o excremento que a indústria musical produz e as malas de carros depositam nas ruas. E fazem isso sem nenhum pudor, sem culpas, tudo em nome da diversão. Qual o direito que um idiota qualquer tem de estacionar na Praça da Bandeira ou no Parque do Povo, em qualquer hora do dia ou da noite, abrir a mala de seu carro e colocar em alto volume um desses “forrós de plástico” escatológico? O tosco dirá que o carro é seu e o espaço é público. Na verdade, age assim por contar com a impunidade. Tivesse certeza da punição não o faria. Soubesse que a instituição coercitiva de plantão viria tomar-lhe o carro não abusaria de seu direito.




Sob o argumento, por certo justo, da necessidade de se divertir jovens deseducados transitam por onde bem querem com seus execráveis paredões e “boates de otário”. Na verdade, eles estam cumprindo outra necessidade, a da exibição. E, por favor, não me falem de zona de exclusão ou de silêncio, pois as ondas sonoras se propagam e desconhecem as limitações espaciais impostas pelo poder público. A poluição sonora é uma praga que fere a individualidade do cidadão educado.




Se ele resolve reclamar, logo é destratado por aqueles que foram deseducados compulsivamente. Se resolve ligar e denunciar ou a Polícia Militar ou a SUDEMA fica sendo jogado de uma instituição a outra, tal qual uma bola de pingue –pongue. O fato é que o poder público não é eficaz na fiscalização da forma como os espaços públicos são utilizados, pois o mesmo Estado que regulamenta é o que tem que fiscalizar. E nosso Estado não consegue assoviar e chupar cana ao mesmo tempo.





Pior, gestores temem tomar medidas por recearem perder votos dos que se sintam prejudicados e porque, quando candidatos, são também poluidores do meio ambiente com suas propagandas eleitorais. Quem esqueceu o barulho intenso das últimas três eleições em Campina Grande? Candidatos falavam, em seus guias eleitorais, em defender o meio ambiente, mas poluíam as ruas com seus carros de som e suas pavorosas carreatas. A iniciativa da CPTRAN e do Ministério Público foi louvável. Mas, é uma pena que essas instituições não se saíram vitoriosas na guerra que declararam contra toda essa idiotice sem fim dos paredões e boates de otário.




Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com


AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.






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