É sempre a mesma coisa. Acontece sempre do mesmo jeito. Nos
anos ímpares, quando não temos eleições, o Partido dos Trabalhadores (PT)
organiza seu Processo de Eleições Diretas (PED), que é para não perder o
costume. É por esse processo que o PT elege seus diretórios municipais e
estaduais. É um processo simples. Todos os filiados escolhem, em uma eleição de
turno único, aqueles que vão dirigir o partido por um mandato de dois anos.
Dito dessa forma, o
processo aparente ser democrático. Mas, é só a aparência mesmo. Na essência, o
processo é bem autoritário e, a cada nova rodada, as denúncias de
irregularidades e até de crimes eleitorais aumentam exponencialmente. É que o
PT só funciona quando mescla procedimentos democráticos com elementos
autoritários. Agora mesmo, os petistas abriram a caixa de pandora para usar um modus operandis pouco republicano, pois
o que importa mesmo é estar no comandar do diretório partidário nas próximas
eleições. No próximo domingo, 19 mil
filiadas ao PT, em toda a Paraíba, vão escolher a presidência do Diretório
Estadual. Esta é uma supereleição, se considerarmos que dos 223 municípios da
Paraíba, apenas 34 possuem mais de 19 mil habitantes.
Como das outras vezes a discussão no
PT gira em torno de lançar ou não candidatura própria ao governador do estado.
Como das outras vezes, os petistas se batem para ver se ficam na base aliado ou
na oposição ao governo do estado. É sempre a mesma ladainha. Um grupo que ficar
na oposição, pois defende lançar uma candidatura própria, coisa que nunca
acontece, e o outro quer seguir apoiando o governante de plantão, pois os
petistas bem sabem o quanto é bom ser da situação.
Agora temos três chapas concorrendo. Uma é comandada pelo
professor Charliton Machado e é apoiada pelo prefeito de João Pessoa, o também petista
Luciano Cartaxo. Essa chapa defende que o PT fique na oposição ao governo do
Estado. Esse grupo quer manter a aliança do PT com o Blocão, da Assembleia
Legislativa, para lançar uma candidatura ao governo do Estado que possa armar
um bem estruturado palanque para a presidente Dilma buscar votos para sua
reeleição na Paraíba.
Outra chapa é encabeçada pelo deputado federal Luiz Couto e
defende a manutenção da aliança com o governador Ricardo Coutinho. Mas, essa
não é uma situação razoável, pois o PT e o PSB vão estar, claro, em palanques
opostos em 2014. Aliás, depois que o PSB de Eduardo Campos deixou o governo
Dilma, o PT nacional emitiu ordem para que, em represália, os petistas
deixassem os governos estaduais chefiados por socialistas e este é o caso na
Paraíba, assim como em Pernambuco.
O fato é que na Paraíba existem sempre dois Partidos dos
Trabalhadores: um governista e outro oposicionista. Quem não lembra o tempo em
que tínhamos o PT de Cássio Cunha Lima e o PT de José Maranhão? Agora, temos o
PT de Ricardo Coutinho e o PT do Blocão, ou melhor, o PT do Ministro Aguinaldo
Ribeiro. Ou seria, o PT do PMDB? Talvez, pudéssemos dizer “o PT que se alia com
qualquer um, desde que isso seja do pragmático agrado de Lula e Dilma”.
Ainda surgiu uma terceira chapa que tem o vice-prefeito de
Patos, Lenildo Morais, como candidato a presidente do diretório. Esta chapa é
apoiada pelo deputado estadual Frei Anastácio e não se sabe bem de que lado ela
está. O que se sabe é que ela surgiu para jogar aquela substância mal cheirosa
no ventilador. Foi Lenildo Morais que denunciou que o grupo do professor Charliton
teria negociado apoios em troca de mandatos na Assembleia Legislativa.
Funcionaria assim: o deputado estadual Anísio Maia tiraria
uma licença (por um motivo qualquer, não importa) de seu mandato na Assembleia.
O suplente de deputado, Perón Japiassú, assumiria o mandato por um tempo só
para sentir o gostinho de ser deputado. Em troca, os petistas campinenses,
aqueles que eram do PT de Daniella Ribeiro, votariam na chapa de Charliton
Machado. Os petistas do Blocão acusam Lenildo de fazer um pacto com Luiz Couto
para mandar entregar o PT lá no Palácio da Redenção.
E, como não poderia deixar de ser, temos denuncias
de que o tal Processo está sendo fraudado. Pessoas falecidas teriam assinado
listas de eleitores; o mesmo eleitor teria assinado mais de uma lista; sem
contar que os mercadores de votos estariam na ativa. Durante essa semana os
petistas vão se bater em prol de seus interesses. Chegarão ao domingo
estressados e não será novidade se deixarem as urnas de lado para resolverem
suas diferenças por meio da força bruta, como de hábito. Isso tudo não seria
problema se o PT fosse um daqueles partidos de vida fácil que bem conhecemos. A
questão é que o PT é o segundo maior partido do país e, não por acaso, é o
partido que nos governa.
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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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