O ex-prefeito de
Campina Grande e pré-candidato ao governo do Estado pelo PMDB, Veneziano Vital,
deu uma declaração no mínimo curiosa. Quando se esperava que ele falasse sobre
sua postulação ao governo, veio uma fala sobre as eleições de 2016. Se
referindo as próximas eleições municipais, Veneziano afirmou que: “terei um candidato a prefeito para ganhar
em Campina Grande”. Depois, ele disse que: “vamos ganhar sem maiores esforços, pois o que existe é uma nova
arrumação”. Mas, que “nova
arrumação” seria essa? Porque Veneziano já está falando em 2016? Ele não
deveria estar focado nas eleições deste ano? Ou será que ele intuiu que sua
postulação, ao governo, é inviável e, por isso mesmo, já estaria (re)planejando
sua ação?
A resposta para essas questões é sim e não. Sim, Veneziano não está
pensando exclusivamente nas eleições de agora. É que para os atores e partidos
políticos eleição é um meio de vida, eles vivem em função disso. Eles tratam as
eleições como tratamos os serviços domésticos. É aquela história de mal acabar
o almoço e já estar pensando no jantar. Os políticos pensam as eleições em
bloco, pois os acordos são feitos para contemplarem interesses presentes e
futuros. É muito comum um partido aceitar um cargo menor, numa eleição, para
poder ter um cargo maior em outra. É a história de dar dois pequenos passos
atrás, num momento, para dar um grande passo depois, em outro momento.
Vejam a complexidade da escolha do candidato a vice na chapa de Ricardo
Coutinho. É que se ele for reeleito terá que renunciar, em abril de 2018, se
quiser se candidatar a outro cargo. O vice de hoje, poderá ser o governador de
amanhã e disputar sua reeleição. O vice-governador Rômulo Gouveia pleiteia sua
candidatura ao senado baseado no argumento de que já deu muitos pequenos passos
para trás e que agora é a sua vez de dar aquele grande passo para frente. Dessa
maneira, Veneziano parece estar costurando um grande acordo que envolve as
eleições atuais e as eleições municipais de 2016. Talvez, ele tenha intuído que
suas chances, nesta eleição, estão bem abaixo das expectativas geradas.
Dessa forma, se estaria fazendo um acordo em que Veneziano, e o PMDB,
dariam seu apoio a uma das candidaturas ao governo (eu falo de Ricardo Coutinho
ou Cássio Cunha Lima) e em troca receberiam total apoio em 2016 nas eleições
municipais. Assim, Veneziano teria uma saída honrosa, para os dilemas de sua
atual postulação, e ainda iria para as eleições de 2016 com chances acima de
tudo e de todos. A “nova arrumação”, a que Veneziano se refere, deve ser a
reorganização das forças políticas. O fato é que a prefeitura do segundo maior
colégio eleitoral da Paraíba, Campina Grande, está sim disposta pelas mesas de
negociação política. Campina poderia, por exemplo, servir como uma espécie de
prêmio de consolação de luxo.
Não deixa de ser atrativo, para uma força política como o PMDB, a retirada
estratégica de uma candidatura fadada ao fracasso, em troca da formação de uma
vitaminada coligação visando a prefeitura da cidade que resolve os dilemas
eleitorais da Paraíba. Mas, ao contrário de Veneziano, eu não tenho porque me
preocupar, não agora, com as eleições de 2016. As variáveis eleitorais de agora
já são complexas demais para o analista político. Convém, momentaneamente,
separar os processos eleitorais. Por ora, o que mais chama atenção do analista
é a aparente contradição de uma candidatura que, mesmo não reunindo capital
eleitoral suficiente para ir ao 2º turno, exerce alto poder de atração sobre as
postulações que estam nos dois primeiros lugares.
Faltam apenas 12 dias para que se encerre o prazo, que os partidos
políticos tem, para definirem suas candidaturas majoritárias e proporcionais.
Faltam menos de duas semanas para que saibamos como ficaram as composições
eleitorais. Neste momento, a mãe de todas as decisões gira em torno do PMDB. Se
Veneziano Vital for mesmo candidato, ao governo, a eleição vai inevitavelmente
para o 2º turno. Lá, o cacife eleitoral do PMDB será tão alto que só se poderá
cobri-lo nas eleições de 2016. Se, do contrário, o PMDB resolve compor já neste
1º turno o jogo vira totalmente. Se a tal “nova arrumação”, que Veneziano se
referiu, for uma composição ou com o grupo de Ricardo Coutinho ou com o de
Cássio Cunha Lima o caminho da disputa será refeito.
Hoje, a postulação de Veneziano é cobiçada tal qual a noiva virginal a
espera do nobre varão que a levará ao altar. Ricardo e Cássio estam disputando
o apoio do PMDB como dois gladiadores que sabem que a diferença entre ganhar ou
perder é a própria vida. Hoje, Veneziano, e seu PMDB, exercem na política
eleitoral paraibana o papel do pêndulo – para onde ele pender deve ir, também,
a solução do dilema eleitoral 2014. Veneziano já conquistou significativa
vitória ao conseguir se colocar neste patamar. Mas, nada é tão simples. Lidamos
com variáveis e interesses difusos que podem impedir uma solução do tipo duas
grandes candidaturas servindo de polo de atração para tantas outras. Pelo andar
da carruagem, só teremos fortes emoções no distante 2º turno.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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