No Brasil, eleição
majoritária que se prese tem que ter candidatos nanicos. Sem eles a eleição
fica monótona. Quem não lembra do histriônico Enéas que em apenas 16 segundos
dizia o que muitos não dizem em 10 minutos. Nas eleições presidenciais desse
ano deveremos ter algo em torno de oito candidatos nanicos. Com essa COLUNA,
inauguro uma série onde analisarei algumas dessas postulações considerando que
o papel delas não é chegar ao 2º turno. Um dos nanicos é Levy Fidelix, do PRTB.
Como a maioria dos nanicos, Fidelix só tem uma proposta. Seu mote é o
"aerotrem", um veiculo de superfície que resolveria todos os problemas
de mobilidade urbana do País.
Ter uma única proposta descompromete quem não pensa em vencer de
muitas responsabilidades. Fidelix é um otimista. Esta será a 13ª vez que ele
enfrentará as urnas. Em 2010 ele foi candidato a presidente e teve exatos 57.960
votos, ficando em 7º lugar. Fidelix parece gostar de ser nanico. Ele já foi
candidato a todos os cargos que temos - de vereador a senador da República e de
prefeito a presidente. Em todas as eleições majoritárias que disputou ele nunca
teve mais do que 1% dos votos válidos. Levy Fidelix é adepto das teorias
conspiratórias. Ele diz que seus fracos desempenhos se devem a um complô que
faz com ele seja roubado nas urnas e nas pesquisas. Ele se vê perseguido pela
imprensa e acha que muitos políticos se apropriam de suas ideias.
É por isso que ele personaliza suas propostas no “aerotrem”. Tendo
uma única proposta, fica mais fácil de comprovar que ela é exclusiva de sua
candidatura, mesmo que saibamos que a questão da mobilidade urbana será tema
central nas eleições. Fidelix deve ser um dos poucos candidatos desta eleição
com um perfil ideológico bem definido. Ele é um homem de direita. Inclusive, ele
deve contar com o apoio do Partido Militar Brasileiro (PMB), que ainda não tem
o registro junto ao TSE. Em entrevistas, ele tem dito que vai encampar
bandeiras "da direita". Fidelix repete sempre que será, nas eleições,
o verdadeiro e único candidato da direita. Uma de suas frases de efeito é: “Eu vou endireitar o Brasil e combater a
presidente Dilma Rousseff".
Para que não restem dúvidas sobre seu posicionamento
político-ideológico, Fidelix promete defender, no seu guia eleitoral, o
movimento civil-militar de 1964, que instalou uma ditadura no Brasil por longos
21 anos. O candidato do PRTB nem acha que tivemos um golpe e uma ditadura. Para
ele, o movimento de 1964 foi uma revolução e o período, dos governos militares,
foi o melhor momento que tivemos em termos de desenvolvimento econômico. Se apresentar
como o único candidato de e da direita, defendendo coisas como a “revolução de
1964” é, também, uma estratégia de campanha. Fidelix deve ter percebido o
crescimento das ideias conservadoras em vários setores da sociedade.
Ele assistiu as manifestações, em março desse ano, a favor do golpe
civil-militar e deve ter percebido que ali haveria um filão de votos a serem
explorados. Ao dizer que vai endireitar o Brasil, Fidelix está falando para
esse perfil do eleitorado brasileiro. Quando Fidelix diz que vai combater Dilma
Rousseff está mirando aquela raivosa faixa do eleitorado de São Paulo que acha
que xingar a presidente, num evento como a abertura da Copa da FIFA, é solução
para alguma coisa. Mas, Fidelix e seu partido também têm aquele lado pragmático
e fisiológico da política brasileira. Eles acham que o discurso conservador contribuirá
para que elejam pelo menos dez deputados federais. Atualmente, o PRTB conta com
apenas dois deputados.
Fidelix diz que, com ao menos 10 deputados, será possível barganhar
um ministério no próximo governo, seja qual for o presidente. Ele apenas não
explica como fará para conduzir essa barganha caso Dilma Rousseff, que ele
tanto combate, seja reeleita. Levy não foge a vala comum de afirmar que o
principal problema na política é a corrupção dos grandes partidos. Inclusive,
ele participou do movimento “cansei”, em julho de 2007, que a classe média alta
de São Paulo (a mesma que xingou a presidente Dilma) organizou contra a
corrupção. Fidelix já se cansou da corrupção, mas não vê problema alguma que
corruptos contumazes pertençam ao seu partido. Fichas-sujas de grande porte
como o ex-senador Luiz Estêvão e o ex-governador do Distrito Federal Joaquim
Roriz são filiados ao PRTB.
Fidelix tem muito amor próprio. Como Pelé, ele se refere a si mesmo
como se fosse alguém superior. Ele diz coisas como: “O anel viário em São Paulo
foi ideia do Levy Fidelix em 1994” ou “O Levy Fidelix é quem mais contribui com
ideias para este país”. Uma expressão que revela a megalomania de Fidelix é: “Marco
Polo não inventou a pólvora, ele a trouxe da China para o mundo ocidental. Eu não
inventei o aerotrem, eu apenas trouxe a ideia do exterior para o Brasil”.
Fidelix se diz afinado as ideias de centro-direita, inclusive ele acredita
bastante no lema ordem e progresso. Assim, caro ouvinte, se prepare, pois se
ele for eleito presidente da República, em outubro, teremos uma nova
proclamação da República.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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