Em 1995, o então
prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, deu uma entrevista onde confessou, sem
maiores pudores, que: “fatos que tenham
conteúdo não têm a menor importância. O que eu faço é lançar factoides no
realismo delirante”. Cesar Maia chegou mesmo a dizer que “estava careca de inventar factoides”,
pois esta seria uma ótima maneira de sempre sair, com destaque, nos jornais.
Por fim, Maia ainda lançou uma espécie de conceitualização do factoide. Disse
ele que factoides são “ideias que você
arremessa, com certa base de realidade, embora sem grandes possibilidades de
serem realizadas, diferente do simples delírio, que é pura fantasia”. O
factoide pode ser uma meia verdade ou uma meia mentira.
O que ele não pode é ser uma verdade completa ou uma mentira
deslavada, já que sua função é testar algo que ainda poderá acontecer. O
factoide é como uma caricatura que mesmo representando o real, se mostra com
algumas distorções e exageros. Na política, o factoide deve funcionar como um
balão de ensaio. Neste caso se antecipa a divulgação de um fato, com o objetivo
de verificar reações diante daquele dado novo. É quando se quer ter alguma
certeza sobre a aceitação do que se pensar em fazer. Claro, se a reação ao
factoide não for favorável, não se lança o fato. Divulgar algo em forma de
factoide serve para preparar o espírito dos que vão receber a notícia. Um bom
exemplo disso foi no acidente que vitimou Juscelino Kubitschek. Uma semana
antes da morte do ex-presidente se fez circular o boato de que ele havia falecido.
A ideia era aferir como a população reagiria à notícia. Fernando
Collor abusava dos factoides. Quem não lembra o patético presidente andando em
tanques de guerra, voando em jatos ou se embrenhando na floresta amazônica com
roupa camuflada? Na semana passada, um site, aparentemente dedicado ao jornalismo,
divulgou um desses factoides. Chegava eu aos estúdios da Campina FM, para
gravar mais uma COLUNA POLITICANDO, quando me deparei com a notícia tipo arrasa
quarteirão. A manchete era: “PMDB e PSB se unem contra Cássio e chapa terá
Coutinho, Veneziano e Maranhão”. A notícia dava conta que uma radio de João
Pessoa já havia divulgado tudo. O “furo” jornalístico teria sido revelado por
um assessor do ex-prefeito Veneziano.
Claro, não precisou muito para que eu entendesse que aquilo era,
sim, um factoide. Era uma dessas notícias plantadas para se verificar a
sensibilidade da audiência. A tentativa foi até divertida, mas o autor do
factoide exagerou na dose e ninguém acreditou. Este foi um factoide
tradicional. Sua meia mentira, é que o governador Ricardo Coutinho jamais
aceitaria ter Veneziano como vice e José Maranhão como candidato a senador.
Ricardo sabe bem que num cenário desse ele seria anulado em dois tempos. Sem contar
que este cenário é falso por não envolver o PT que, como sabemos, está atado ao
PMDB, principalmente agora que sua convenção nacional cerrou de vez a aliança
que vem se mantendo desde os tempos do governo Lula.
Mas, a meia verdade desse factoide é que, sim, o PMDB tem
conversado bastante com o PSB de Ricardo Coutinho. Aliás, o PMDB paraibano vem
sendo cortejado por todos aqueles que pretendem chegar ao 2º turno das
eleições. O PSDB de Cássio Cunha Lima já
ofereceu tudo que pode ao PMDB vislumbrando uma chapa que colocaria lado a lado
os maiores capitais eleitorais da Paraíba. Mas, o PMDB leva consigo o PT que,
pelo menos na Paraíba, pouco ajuda e muito atrapalha. O fato é que estamos
dentro do período das convenções partidárias. Da terça-feira, dia 10, até o
próximo dia 30 é o prazo para que os partidos políticos decidam suas
candidaturas majoritárias e proporcionais.
Serão longuíssimos 20 dias onde tudo pode acontecer, tudo mesmo.
PSDB, PMDB, PT, PTB, PP, enfim, quase todos os partidos deixaram para fazer
suas convenções ao apagar das luzes do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral.
É que ninguém quer perder oportunidades de fazer suas articulações e barganhas.
Sem contar que ninguém vai querer revelar suas estratégias prematuramente. Os
dias 29 e 30 de Junho prometem ser agitados no eixo João Pessoa/Campina Grande.
A questão é que os partidos precisam definir seus aliados para montarem suas
coligações, mas precisam, também, aparar suas arestas internas. Cássio tem que
convencer Cícero Lucena a desistir de sua postulação ao Senado Federal.
Ricardo Coutinho precisa convencer Rômulo Gouveia a ficar onde
está. É que o governador sabe que sem um vice de Campina Grande suas chances caem
assustadoramente. Mas, Rômulo quer deixar de ser vice, quer ser senador da
República. Veneziano tem que convencer os petistas de que a vaga de candidato a
senador, em sua coligação, deve ser dada a um partido que venha a somar tempo.
Na verdade, Veneziano tem a árdua tarefa de pacificar o PT em torno de sua
candidatura. Como se vê, sobram variáveis a se resolverem. As mesas de negociação
estam funcionando 24 horas por dia. Nesses 20 dias tudo pode acontecer. Sugiro
ficarmos de olho nos factoides que podem ainda surgir, principalmente em suas
meias verdades
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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