Têm coisas que
só uma campanha eleitoral é capaz de fazer. Pois, não é que os interesses
político-eleitorais fizeram o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, e o
governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, se meterem numa peleja junina? De
antemão, eu quero dizer que a peleja vai ser muito boa para nós, campinenses,
que nessa época do ano só pensamos em dançar forró e comer comida de milho. É
que eles vão disputar para ver quem faz o melhor São João. Assim, nós teremos
mais opções para nos divertirmos. Claro, essa diversão não vai sair de graça
para nós, pois em outubro não vai faltar quem queira nos cobrar a fatura da
diversão. A forma de pagamento será, claro, o nosso voto.
Mas, como foi que a peleja iniciou? Tudo começou quando o governador
Ricardo Coutinho anunciou que o Circuito do Forró chegaria a Campina Grande.
Circuito do Forró é uma programação itinerante que leva os festejos juninos a
vários locais. Mas, o governador não descobriu a roda, ou melhor, a fogueira.
Promover festa junina nos bairros mais afastados do centro da cidade, onde fica
o Parque do Povo e onde ocorre a festa do “Maior São João do Mundo”, é tão
antigo quanto à própria festa. Outros governos já fizeram isso como forma de
revitalizar uma festa que precisa ser reinventada, de vez em quando, para que
não caia na mesmice de barracas, shows e quadrilhas. A ação do governo é bem
vinda. Mas, porque só agora?
É bom lembrar que o governo Ricardo Coutinho não via com bons olhos
investir em nossa festa maior. Argumentava, com razão, diga-se de passagem, que
o poder público não deveria investir naqueles shows pavorosos das bandas de
forró de plástico. Este ano, com as demandas eleitorais batendo à porta, o
governador achou que era hora de promover uma espécie de “São João do B” em
Campina Grande. A questão é que o São João do Parque do Povo tem as cores do
partido de Cássio Cunha Lima. Era preciso, então, fazer um São João socialista
em Campina Grande. O governo tem urgência em marcar sua presença na principal
festa da cidade que costuma decidir os embates eleitorais da Paraíba.
Se o São João do Parque do Povo carrega o amarelo e azul do PSDB de Romero
e Cássio, o São João descentralizado, que circulará por vários bairros de
Campina Grande, terá que ter as cores alaranjadas do girassol do PSB. Ruim para
nós, Campineses? Não, claro que não, pois nesta época seguimos o lema do
Quinteto Violado que diz que “Onde tiver
forró, eu tô, com xodó, ou sem xodó, eu tô, e se me derem um goró, ainda tô”.
É isso que os governantes não entendem. O que queremos é o forró, independente
de quem os promova. Quando o governador anunciou que faria seu São João em
Campina Grande, o prefeito Romero Rodrigues não gostou nem um pouco, pois a
prerrogativa de promover a feste é, sim, da administração municipal.
O prefeito deu a entender que considera a ação do governo estadual uma
estratégia de campanha eleitoral. Romero disse não entender porque o gestor
estadual decidiu realizar essa programação paralela. Romero chegou mesmo a
questionar que: “Se não houve nos três primeiros anos de governo, porque está
sendo realizado agora?”. O fato é que o prefeito receia ter que dividir, com
Ricardo Coutinho, os dividendos eleitorais que o São João sempre rende. Tanto é
que vereador do PSDB, Tovar Correia Lima, chegou a afirmar que “Campina Grande
não está precisando de um São João Paralelo”. Ele lembrou que a população não
vê com bons olhos esse negócio de um São João do governo e outro da prefeitura.
A prefeitura quer o governador do Estado bem longe do São João de Campina
Grande, mas quer que o poder público estadual invista na festa. O próprio
Romero afirmou que a prefeitura havia solicitado apoio financeiro do governo na
ordem de R$ 3 milhões. Apesar de que Romero afirmou que contrapartida da
prefeitura, para essa ajuda de custo, seria o governo ter espaços, na festa,
com camarotes, propaganda televisiva e autdoors no próprio Parque do Povo,
principalmente no palco central. O fato é que Romero solicitou apoio ao governo
do Estado, e ele respondeu com uma programação, em faixa própria, com festa
junina pelos bairros da cidade.
O secretário estadual de Comunicação, Luis Torres, tentou colocar panos
quentes na peleja. Ele disse que o intuito não era conflitar com a prefeitura
de Campina Grande. Disse ainda, que a ideia era “complementar o que já se
festeja e que não se queria fazer frente ao Maior São João do Mundo, tanto que
o circuito só acontece durante o dia”. Certo. O governo não queria esvaziar o
São João do Parque do Povo. A prefeitura não queria negar a participação do
governo em seu São João. Mas, ninguém se entendeu, pois a preocupação de todos
não é a festa, e sim a eleição. Os governantes não entendem o que nós tão bem
sabemos e que, no final das contas, é o que importa de fato. É como diz o
Quinteto Violado: “Mais se tiver uma
sanfoninha tocando / Candeeiro queimando, poeira voando / Negrada suando,
subindo o calor /Pode contar que estou cantando e é assim que eu sou”.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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