sexta-feira, 6 de junho de 2014

O SÃO JOÃO DO B DE RICARDO COUTINHO


Têm coisas que só uma campanha eleitoral é capaz de fazer. Pois, não é que os interesses político-eleitorais fizeram o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, se meterem numa peleja junina? De antemão, eu quero dizer que a peleja vai ser muito boa para nós, campinenses, que nessa época do ano só pensamos em dançar forró e comer comida de milho. É que eles vão disputar para ver quem faz o melhor São João. Assim, nós teremos mais opções para nos divertirmos. Claro, essa diversão não vai sair de graça para nós, pois em outubro não vai faltar quem queira nos cobrar a fatura da diversão. A forma de pagamento será, claro, o nosso voto.

Mas, como foi que a peleja iniciou? Tudo começou quando o governador Ricardo Coutinho anunciou que o Circuito do Forró chegaria a Campina Grande. Circuito do Forró é uma programação itinerante que leva os festejos juninos a vários locais. Mas, o governador não descobriu a roda, ou melhor, a fogueira. Promover festa junina nos bairros mais afastados do centro da cidade, onde fica o Parque do Povo e onde ocorre a festa do “Maior São João do Mundo”, é tão antigo quanto à própria festa. Outros governos já fizeram isso como forma de revitalizar uma festa que precisa ser reinventada, de vez em quando, para que não caia na mesmice de barracas, shows e quadrilhas. A ação do governo é bem vinda. Mas, porque só agora?

É bom lembrar que o governo Ricardo Coutinho não via com bons olhos investir em nossa festa maior. Argumentava, com razão, diga-se de passagem, que o poder público não deveria investir naqueles shows pavorosos das bandas de forró de plástico. Este ano, com as demandas eleitorais batendo à porta, o governador achou que era hora de promover uma espécie de “São João do B” em Campina Grande. A questão é que o São João do Parque do Povo tem as cores do partido de Cássio Cunha Lima. Era preciso, então, fazer um São João socialista em Campina Grande. O governo tem urgência em marcar sua presença na principal festa da cidade que costuma decidir os embates eleitorais da Paraíba.


Se o São João do Parque do Povo carrega o amarelo e azul do PSDB de Romero e Cássio, o São João descentralizado, que circulará por vários bairros de Campina Grande, terá que ter as cores alaranjadas do girassol do PSB. Ruim para nós, Campineses? Não, claro que não, pois nesta época seguimos o lema do Quinteto Violado que diz que “Onde tiver forró, eu tô, com xodó, ou sem xodó, eu tô, e se me derem um goró, ainda tô”. É isso que os governantes não entendem. O que queremos é o forró, independente de quem os promova. Quando o governador anunciou que faria seu São João em Campina Grande, o prefeito Romero Rodrigues não gostou nem um pouco, pois a prerrogativa de promover a feste é, sim, da administração municipal.

O prefeito deu a entender que considera a ação do governo estadual uma estratégia de campanha eleitoral. Romero disse não entender porque o gestor estadual decidiu realizar essa programação paralela. Romero chegou mesmo a questionar que: “Se não houve nos três primeiros anos de governo, porque está sendo realizado agora?”. O fato é que o prefeito receia ter que dividir, com Ricardo Coutinho, os dividendos eleitorais que o São João sempre rende. Tanto é que vereador do PSDB, Tovar Correia Lima, chegou a afirmar que “Campina Grande não está precisando de um São João Paralelo”. Ele lembrou que a população não vê com bons olhos esse negócio de um São João do governo e outro da prefeitura.

A prefeitura quer o governador do Estado bem longe do São João de Campina Grande, mas quer que o poder público estadual invista na festa. O próprio Romero afirmou que a prefeitura havia solicitado apoio financeiro do governo na ordem de R$ 3 milhões. Apesar de que Romero afirmou que contrapartida da prefeitura, para essa ajuda de custo, seria o governo ter espaços, na festa, com camarotes, propaganda televisiva e autdoors no próprio Parque do Povo, principalmente no palco central. O fato é que Romero solicitou apoio ao governo do Estado, e ele respondeu com uma programação, em faixa própria, com festa junina pelos bairros da cidade.

O secretário estadual de Comunicação, Luis Torres, tentou colocar panos quentes na peleja. Ele disse que o intuito não era conflitar com a prefeitura de Campina Grande. Disse ainda, que a ideia era “complementar o que já se festeja e que não se queria fazer frente ao Maior São João do Mundo, tanto que o circuito só acontece durante o dia”. Certo. O governo não queria esvaziar o São João do Parque do Povo. A prefeitura não queria negar a participação do governo em seu São João. Mas, ninguém se entendeu, pois a preocupação de todos não é a festa, e sim a eleição. Os governantes não entendem o que nós tão bem sabemos e que, no final das contas, é o que importa de fato. É como diz o Quinteto Violado: “Mais se tiver uma sanfoninha tocando / Candeeiro queimando, poeira voando / Negrada suando, subindo o calor /Pode contar que estou cantando e é assim que eu sou”.

Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com

AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

Nenhum comentário: