terça-feira, 3 de junho de 2014

SOBRE REJEIÇÕES E APROVAÇÕES.


O governador Ricardo Coutinho e o Senador Cássio Cunha Lima estam reduzindo o processo eleitoral a uma sucessão infindável de troca de acusações e em uma disputa para ver quem produz a frase mais provocativa em relação ao adversário. Na verdade, ambos precisam mesmo fazer isso. Numa eleição tão acirrada como esta, a estratégia central das candidaturas, que ocupam os primeiro e segundo lugares, é buscarem a bipolarização visando o inevitável 2º turno. As duas principais candidaturas tentam se isolar, numa disputada “teti-a-teti”, até para que a outras candidaturas não possam produzir efeitos negativos e positivos sobre uma ou outra. Ricardo e Cássio vão se ofendendo pela imprensa apontando para o 2º turno.

A ideia é convencer o eleitor de que este é o inevitável embate do 2º turno. Mas, essa é uma estratégia de momento. O jogo não é estático. Ele é mutável a partir da capacidade que os jogadores têm de produzir efeitos sobre a disputa. O guia eleitoral no rádio e na TV, que só começará na metade de agosto, servirá para isso. Aliás, existem políticos que apostam suas fichas na capacidade que têm de influir no jogo eleitoral a partir do domínio que possuem dos meios midiáticos. Por enquanto, vejamos como anda a disputa através das pesquisas eleitorais. O Instituto Souza Lopes trouxe uma consulta reveladora bem mais pelas contradições que expôs do que pela possibilidade de mostrar um cenário revelador da situação.

A pesquisa trouxe a evolução dos números num espaço de 30 dias. Na rodada feita entre 21 e 24 de abril, Cássio pontuava 42.9%, Ricardo 27.4%, Veneziano 10.7%, Nadja 1.5%, Major Fábio 0.8% e Leonardo Gadelha 0.7%. Os brancos e nulos somavam 16 pontos. Essa rodada foi prejudicada pelas impurezas que trouxe. É que em abril já sabíamos que Nadja Palitot não seria candidata ao governo. É que o PT nacional já havia decidido que o PT estadual iria mesmo apoiar Veneziano Vital do PMDB. As candidaturas do Major Fábio, do PROS, e de Leonardo Gadelha, do PSC, estam dispostas nas mesas de negociação. O PROS já fechou apoio à candidatura Cássio e o PSC deve alocar Leonardo como vice de uma das grandes candidaturas.

Na rodada feita entre 20 e 23 de maio as coisas mudaram. Cássio subiu para 45.9%, Ricardo caiu um ponto percentual e aparece com 26.6%. Já Veneziano se mantém na faixa dos 10 pontos, com 10.3% de intenção de votos. Os números apontam cenário positivo para Cássio, que aumentou 3 pontos percentuais em apenas um mês, e ainda viu Ricardo cair um ponto e Veneziano estacionar num patamar nada animador para quem pretende chegar ao 2º turno. Esse cenário se torna mais animador para Cássio quando se olha os números da rejeição. Quando se perguntou em qual desses candidatos você não votaria de jeito nenhum, Ricardo apareceu com 27.9%, Veneziano com 19.5% e Cássio com 16.7%.


Os três apontam índices altos de rejeição se considerarmos que um candidato não poderia ultrapassar os 10 pontos de rejeição, já que ela elimina pretensões eleitorais. O problema é que quem rejeita não pretende mudar de opinião. Nas campanhas eleitorais não se trabalha para reverter rejeições, mas sim para isolá-la. Os marqueteiros atuam para congelar a rejeição e para que ela não cresça. Nessa eleição quem tiver a menor rejeição já larga com meio corpo à frente. Em se tratando de rejeição, a situação de Ricardo é drástica, pois ele já ultrapassou os 27 pontos percentuais de rejeição. Ele tem um ponto a mais do que é tido como o pico da rejeição. Apesar de que as rejeições sobre Cássio e Veneziano também subiram.

Considera-se que o candidato que, em algum momento da campanha eleitoral, ultrapassar os 27 pontos percentuais de rejeição está praticamente fora da disputa. Mas, numa eleição nada pode ser simples. Ainda temos variáveis a serem resolvidas. Uma delas é que a aprovação em torno do governo de Ricardo Coutinho só aumenta. O governador está sendo aprovado por 56% dos paraibanos. Quando se soma os que consideram a administração ótima, boa e regular Ricardo atinge 73.7% de aprovação. A contradição que favorece Ricardo é que o eleitor pode votar no governo que aprova, mesmo que rejeite o candidato. É que muitos eleitores deixam de lado seus maus humores, em relação ao politico, se acharem que ele pode ser um bom governante.

Ricardo é rejeitado principalmente pela forma como lida com o mundo da política e com setores da sociedade, mas é bem avaliado pela maneira como administra. I.e., Ricardo pode vir a contrariar a regra da rejeição se conseguir lidar com seus próprios demônios. É bom não esquecer que Ricardo tem a máquina governamental em suas mãos. Ainda temos que ver como Cássio resolverá seus dilemas em torno da inelegibilidade e do fato de ter perdido ancestrais aliados como Rômulo Gouveia. O dilema de Veneziano é sair dessa situação de imobilismo, pois do contrário o PMDB terá que lançar mão de um plano B. Na verdade, o problema dos candidatos neste momento é definirem suas coligações. A nós resta aguardar o momento das convenções partidárias.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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