O Instituto de
Pesquisas norte-americano Pew Research Center descobriu que os brasileiros
estam tão insatisfeitos com a vida que levam quanto os povos de países que
enfrentam as consequências da chamada “primavera árabe”. O instituto americano
aferiu que o humor do brasileiro anda péssimo por causa dos problemas na
economia, com inflação em alta e PIB em baixa, das frustrações com os políticos
e governantes, além de uma série de problemas sociais. A brasileira Juliana
Horowitz, uma das responsáveis pela pesquisa, afirmou que a percepção do
brasileiro em relação à situação do País, à conjuntura econômica e ao governo
Dilma se deteriorou de maneira acentuada em apenas um ano.
Horowitz diz que desde que as pessoas tomaram as ruas, para
protestar contra a corrupção e a má-qualidade dos serviços públicos, que a
insatisfação só aumentou. Diz ela que “é
muito raro uma mudança de humor em um espaço de tempo tão curto”. A
pesquisa do Instituto Pew Research é inédita. É que ele fez um levantamento em
82 países, entre 2010 e 2014, para aferir exatamente os humores das populações
em relação a coisas como economia e política. A pesquisa viu oscilações
acentuadas em lugares, como o Egito, que enfrentam crises ou rupturas
institucionais. O levantamento mostra que os brasileiros estam com um elevado
nível de frustração em relação ao seu governo e a sua economia.
Na apresentação da pesquisa pode-se ler que o descrédito dos
brasileiros para com seus líderes é algo que não tem paralelo em nossa história
republicana. O aumento da inflação é o que mais influenciou o descrédito do
brasileiro. Pudera. Inflação corrói salários e, como se sabe, mais da metade da
população brasileira é assalariada. Nada mais tem o poder de acabar com o humor
do brasileiro do que aquela sensação de que o salário encolheu e os preços
dispararam. Claro, toda sorte de insatisfações com a realização da Copa da FIFA,
no Brasil, também contribuem para esse estado de coisas. 61% dos entrevistados disseram
que a Copa prejudica o País, pois retira recursos que poderiam ser usados em
serviços públicos.
A situação é grave. Em 2010 esse percentual era de 49%. Em 2013,
55% dos brasileiros concordavam que é ruim ser país sede da Copa. O fato é que
nosso cidadão despertou de uma vez para o quanto estamos sendo prejudicado com
essa Copa dos Horrores. Sobre a situação econômica, 67% dos entrevistados a classificaram como
ruim. A inflação foi apontada como o principal problema brasileiro por 85% dos
entrevistados. Ao se cruzar os dados se vê que os que criticam a Copa são os
mesmos que se preocupam com a inflação. 72% dos brasileiros disseram que a falta de oportunidades de
trabalho é o maior problema do Brasil, mesmo que estejamos apresentando índices
historicamente baixos neste quesito. O fato é que não temos oportunidades por
que não nos desenvolvemos.
A frustração com a situação econômica e com os baixos índices de
desenvolvimento que apresentamos fez a avaliação da gestão Dilma cair. A
maioria dos entrevistados afirmou que o governo não enfrenta os problemas-chave
da nação. Para 86%, o governo é inepto
no combate à corrupção. Já para 85% o governo tem péssima performance no
tocante à assistência médica. A administração da economia, i.e., o trabalho do
Ministro Guido Mantega, é reprovada por 63% dos entrevistados. Sobre o tipo de influência que Dilma tem
sobre o país, os brasileiros estam divididos. 52% afirmaram que essa influência
é negativa e 48% que ela é positiva. Em 2010, essa avaliação sobre Lula era bem
diferente. 84% diziam que Lula tinha influência positiva sobre o Brasil.
Mas, é bom lembrar que Lula não administrava sob o signo das
manifestações, dos desmandos da Copa e do agravamento da crise econômica. Pelo
contrário, Lula era tido como o presidente dos programas sociais, em que pese o
mensalão, claro. O Pew Research não se negou a buscar informações eleitorais.
Foi aqui que Dilma conseguiu os resultados mais positivos, mesmo que apenas em
comparação aos seus adversários. 51% disseram ter uma opinião favorável da
presidente e 49% optaram pelo desfavorável. No caso de Aécio Neves, a visão desfavorável
alcançou 53% e a favorável 27%. Sobre Eduardo Campos 47% foi desfavorável e 24%
favorável. Em que pese os problemas
elencados e a relação deles com o governo, Dilma segue na frente nas pesquisas
eleitorais.
Essa é a contradição que o Pew Research não quis ou não pode explorar. O brasileiro avaliou o
governo de forma negativa e disse que ele é inepto. Em alguns setores da vida
brasileira, os entrevistados disseram que o governo tem péssima performance. No entanto, todas as
pesquisas eleitorais trazem Dilma sempre em primeiro lugar. A última rodada
feita pelo Datafolha mostrou, inclusive, um crescimento de Dilma numa
perspectiva até de apontar para não haver o 2º turno. Reparem o gritante
paradoxo. O governo não é bem avaliado, mas Dilma segue em primeiro lugar. O brasileiro
quer mudanças, mas não está convencido que a oposição é capaz de implementá-las.
Esse é o dilema a ser enfrentados nas eleições. O fato é que o brasileiro até
identifica o que lhe desagrada, o problema é que ele não sabe bem o quer.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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