Em se tratando
de eleições majoritárias e proporcionais, onde se luta pela hegemonia nos
poderes executivo e legislativo, nada pode ser simples. Tudo é muito delicado,
ainda mais quando temos uma eleição com tantos dilemas e variáveis a se
resolverem. Se eu não estivesse acostumado com as coisas da política partidária
eleitoral, da pequena e heroica Paraíba, diria que nossos políticos
desaprenderam a fazer politica. Às vezes, eles agem como se estivessem perdidos,
como se não soubessem o que fazer. Mas, isso é só impressão. Na política de
nossos dias tudo, ou quase tudo, pode e deve ser explicado. Afinal, é em função
disso que se orienta a atividade do analista político. A ele cabe clarear
aquilo que está nebuloso ou explicar o que não se consegue entender.
Agora mesmo vemos um fenômeno que parece contrariar uma das regras
informais dos processos eleitorais, que os políticos dizem seguir a risca. Eu
falo do fato de que José Maranhão e Cícero Lucena lideram as pesquisas para a
eleição ao Senado Federal. Lideram, mas não devem ser candidatos. Como assim?
Eu explico, pois todo fenômeno pode ser observado, portanto, explicado. Antes,
é bom lembrar que os políticos gostam de justificar suas candidaturas a partir
daquelas pesquisas onde aparecem liderando. Quantas vezes já não vimos àquela
história de que “eu não estou impondo minha candidatura, é que o partido
encomendou uma pesquisa e eu apareci liderando, então minha postulação é uma
vontade do povo e das minhas bases”.
Tem político que é capaz até de dar um “jeitinho” nas pesquisas para que
elas lhe favoreçam ao ponto do seu partido se convencer de sua viabilidade
eleitoral. A questão é que numa eleição como essa, para o Senado Federal,
sobram nomes e faltam vagas. Na pesquisa do Instituto Souza Lopes o
ex-governador José Maranhão aparece em primeiro lugar com 23.6% das intenções
de voto. O senador Cícero Lucena vem em 2º lugar com 12.5%, o vice-governador
Rômulo Gouveia está em 3º com 10.6%. Depois aparecem Wilson Santiago (7.5%),
Ruy Carneiro (5.8%) e Aguinaldo Ribeiro (2.9%). Estes seis políticos possuem
capital eleitoral e uma estrutura partidária que lhes permite reivindicar uma
cadeira na Câmara Alta do Congresso Nacional.
Ainda aparecem os que, sob certas condições de temperatura e pressão,
podem até chegar no dia da eleição com alguma chance. São eles Lucélio Cartaxo,
Ney Suassuna e Walter Brito. Apesar de que sem apoios certos estes nomes não
passam de nomes. Chama atenção o fato de José Maranhão estar bem nas pesquisas,
sempre liderando, e não ser candidato ao senado. É ele quem diz o tempo todo
que será candidato a Câmara dos Deputados para ajudar seu partido, PMDB, a
eleger uma bancada de peso. Ora, se Maranhão lidera as pesquisas para o Senado,
porque o PMDB, do alto do seu pragmatismo fisiológico, não o coloca de uma vez
para ser candidato? Se as pesquisa não estiverem todas erradas, este páreo
seria uma barbada.
A mesma coisa é o caso do Senador Cícero Lucena, que aparece em segundo
lugar nas pesquisas, ou seja, com chances reais de continuar por mais oito anos
no Senado. Porque seu partido, o PSDB, não o quer como candidato a sua
reeleição? O que aconteceu com PMDB e PSDB? Desaprenderam a fazer política ou
não sabem mais como ler uma pesquisa eleitoral? Não, não é nada disso. Os
partidos continuam montando suas estratégias a partir da leitura dos números.
Um partido não contrariaria a regra informal, de que quem lidera as pesquisas
deve ser o candidato, apenas por um capricho. O fato é que descartar um campeão
de votos, de um processo eleitoral acirrado, se explica exatamente pelo
exacerbado pragmatismo.
É claro que José Maranhão e Cícero Lucena querem ser candidatos ao senado.
Aliás, nove entre dez políticos sonham com esse cargo pelos seus atrativos. O
Senador trabalho muitos menos do que o deputado e, em compensação, ganha mais.
Para os partidos a vaga de candidato ao senado, numa coligação, se torna moeda
de troca. O caso do PMDB exemplifica a questão. É que como ele indica o
candidato ao governo tem que ceder a vaga de senador para seu principal aliado,
o PT. Por essa lógica, pouco importa que seja Maranhão o primeiro colocado e
pouco importa as manifestações em defesa de seu nome. O que determinar quem se
candidata, e a quê, são os cálculos eleitorais em torno do tempo no Guia
Eleitoral.
Apesar de que, isso pode terminar se tornando um jogo de soma zero. Pois,
ao dar a vaga de candidato a senador para um aliado inexpressivo, o partido
corre o risco de ficar, literalmente, sem o mel e sem a cabaça. Sabemos que uma
chapa puro-sangue pouco amplia e não atrai apoios. Mas, o que é melhor? Uma
coligação com vários partidos de capital eleitoral baixo ou uma chapa com 2
nomes, de um mesmo partido, com encorpados capitais eleitorais? O fato é que
todo mundo procura se orientar pelas pesquisas, mas a bússola dos atores e
partidos políticos é o pragmatismo que orienta negociações no sentido de se
maximizar interesses e minimizar perdas. É essa lógica que nos faz pensar que a
política partidária não tem lógica.
Você tem algo a dizer
sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário